Entre os dez estados mais armados dos EUA, Arkansas quer ampliar acesso a armas
Estado no sul do país tem uma das legislações mais permissivas sobre o tema
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
Em 7 e 8 de março, pouco antes de a pandemia praticamente fechar os EUA, o clube de tiro Twin Lakes, numa área montanhosa do norte de Arkansas, organizou seu banquete anual, lotado como sempre.
Um dos participantes, Robert Elam, elogiou a comida e a animação do evento e fez uma espécie de chamado às armas ao grupo –metaforicamente.
“Nós estamos no comando dessa nação. O governo existe para nos servir. Não vai adiantar, porém, se não tivermos papel ativo nesse processo”, pediu ele, membro da Associação dos Rifles e Pistolas de Arkansas (Arpa).
Principal lobby pró-armas do estado, a Arpa é ferrenha defensora de uma das legislações mais permissivas dos EUA.
No Arkansas, não há lei exigindo o armazenamento de registros de checagem de antecedentes de compradores de armas, nem obrigação de reportar a venda para autoridades locais.
É um dos locais onde o acesso a pistolas, revólveres e congêneres é mais fácil no país, segundo o Giffords Law Center, instituto que atua pelo controle de armas. “O Arkansas tem algumas das leis de armas mais frágeis do país, e um dos maiores índices de mortes causadas por elas”, diz.
A Constituição local vai direto ao ponto, sem ressalvas que outros estados fazem: “Os cidadãos terão o direito de ter e portar armas, para sua defesa comum”, diz secamente, reduzindo qualquer margem para contestação.
Como resultado, o Arkansas figura entre os estados com mais armas per capita nos EUA. Os índices variam de 25 a 30 por 1.000 habitantes a depender do ano, o que o coloca entre os dez mais armados do país.
Mesmo assim, o lobby da Arpa quer mais. Defende a aprovação de uma lei estadual oficializando o que já é uma prática corrente, o direito de portar armas de forma oculta.
O Arkansas é um estado solidamente republicano. Os candidatos do partido venceram no estado em 8 das 10 últimas eleições presidenciais. As exceções foram 1992 e 1996, em que triunfou o democrata Bill Clinton, filho da terra.
Trump conta com mais uma vitória fácil no Arkansas, e o discurso pró-armas deve ajudar. Em sua plataforma de reeleição, ele não promete muito mais do que defender a Segunda Emenda da Constituição, que garante o direito de portar armamentos.
O presidente se vangloria por terem sido aprovadas em seu governo duas leis sobre o tema. Uma torna mais rígida a comunicação de dados de compradores ao sistema nacional de checagem de antecedentes.
A outra prevê financiamento para escolas estabelecerem sistemas online e de celular para denunciarem ameaças e tiroteios, além de implantarem detectores de metal e programas de treinamento para professores e alunos.
Já o democrata Joe Biden tem agenda bem mais ambiciosa para reduzir o número anual de 40 mil mortos por armas de fogo no país.
Entre suas propostas, estão banir a venda de armas de assalto, restringir a compra a uma arma por mês por pessoa, exigir checagem de antecedentes e saúde mental em todas as vendas e proibir o comércio online. Nada que agrade à turma que se refestelou no banquete do Twin Lakes Gun Club.
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