No top 5 de tiroteios em escolas, Alabama alimenta estatística que assombra EUA
Em 50 anos, 566 pessoas morreram e 1.557 ficaram feridas em casos de violência com armas de fogo em ambiente escolar
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
Os tiros começaram numa noite de sexta-feira, em agosto de 2019, quando centenas de jovens assistiam a um jogo de futebol americano entre dois times universitários em uma escola de Mobile, no Alabama. Um adolescente de 17 anos disparou e feriu ao menos nove pessoas, com idades entre 15 e 18 anos.
Embora tenha uma legislação específica que proíbe o porte de armas de fogo em escolas públicas —mas não em universidades—, o estado do Alabama contabiliza 47 casos de tiroteios em colégios e contribui para um conjunto de estatísticas que assombra os Estados Unidos.
De acordo com levantamento do Centro de Defesa e Segurança Interna (CHDS), ligado ao governo americano, 566 pessoas morreram e 1.557 ficaram feridas nos mais de 1.500 casos de violência envolvendo armas de fogo em escolas desde 1970.
Os estados com o maior número de incidentes nesse período são também os mais populosos, como a Califórnia, que registra 173 casos, e o Texas, com 146. Mas na comparação proporcional ao tamanho da população, o Alabama aparece na quarta posição entre os cinco estados com maior ocorrência de episódios de violência em ambiente escolar.
São 9,8 casos de tiroteio a cada milhão de habitantes, número que supera a taxa em Maryland (8,3) e fica atrás de Delaware (10,3) e Louisiana (11). No topo da lista, está o Distrito de Columbia (38,3), onde fica a capital dos EUA, Washington.
Na disputa pelo cargo na Casa Branca, o candidato à reeleição, Donald Trump, e seu principal adversário, Joe Biden, ocupam posições distintas em relação às práticas para prevenção de tiroteios em escolas.
Em seu programa de campanha, o democrata menciona um conjunto de propostas legislativas coordenadas por ele enquanto ocupava a vice-presidência no governo de Barack Obama.
Impulsionados, segundo Biden, pela tragédia na escola Sandy Hook, em 2012, os projetos incluíam medidas para aumentar a rigidez da regulamentação das armas de fogo.
Se for eleito presidente, o democrata promete criar uma força-tarefa com o objetivo de identificar a "conexão entre tiroteios em massa, assédio online, extremismo e violência contra mulheres".
A campanha de Biden também menciona um estudo da Associação Americana de Psicologia, segundo o qual 72% dos americanos com menos de 30 anos consideram tiroteios em escolas uma significativa fonte de estresse. Para mudar essa realidade, o plano, de acordo com o site oficial do candidato, é investir na ampliação de serviços de saúde mental ainda nos primeiros cem dias de um eventual novo governo.
Num discurso em Santa Clarita, na Califórnia, já como pré-candidato à Presidência e poucas horas depois de um ataque em que um adolescente de 16 anos matou dois colegas antes de se suicidar, em novembro do ano passado, Biden subiu o tom e disse estar "cansado de ouvir as pessoas falando sobre orações" em nome de vítimas de tiroteios.
"Agora estamos garantindo que oferecemos às crianças a capacidade de evitar serem baleadas na escola”, disse o democrata, em referência a instituições que estavam construindo esconderijos para situações de emergência. “O que isso diz sobre a nossa alma? Droga, temos que proteger essas crianças. Temos que fazer isso agora.”
Do outro lado, Trump, como presidente, relacionou tiroteios em escolas a eventuais problemas de saúde mental dos atiradores e evitou falar em mais rigidez no controle do acesso às armas.
Em 2018, quando um jovem de 19 anos matou 17 pessoas em uma escola de Parkland, na Flórida, o republicano chegou a sugerir que a solução seria armar os professores, embora haja diversos registros de incidentes cujos autores dos disparos foram os educadores.
O site da campanha de Trump não menciona casos de violência nas escolas e propostas específicas sobre o tema, mas lista como "promessas cumpridas" o reforço no sistema de checagem de antecedentes de proprietários de armas e a criação de uma comissão para discutir soluções a longo prazo sobre o armamento da população.
Críticos de seu governo apontam que a inação do presidente é resultado do lobby pró-armas de grupos e instituições como a Associação Nacional do Rifle (NRA), responsáveis por doações milionárias à campanha do republicano e formadoras de um dos pilares de sua base de apoiadores.
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