Cinco documentários políticos para ver sem sair de casa no Dia da Mentira
Indicações são do diretor do festival É Tudo Verdade, Amir Labaki; filmes estão na internet
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Para ajudar a combater a desinformação e as fakes news, nesta quarta-feira (1º) —o Dia da Mentira—, o diretor do festival É Tudo Verdade, Amir Labaki, faz uma seleção de documentários políticos. Todos podem ser vistos de casa, cumprindo a quarentena necessária para barrar a disseminação do novo coronavírus.
Labaki é o fundador do festival, que completa 25 anos em 2020. O evento estava marcado para começar na semana passada em São Paulo e nesta terça (31) no Rio, mas as exibições nos cinemas foram adiadas para setembro por causa da pandemia.
Há uma versão digital da programação que pode ser vista em www.etudoverdade.com.br.
A pedido da Folha, Labaki fez uma seleção de outras obras disponíveis na internet.
Cinco documentários políticos, por Amir Labaki
Jango (Idem. Brasil, 1984. Direção: Silvio Tendler)
Feito ainda durante o processo de abertura durante o último governo da ditadura militar iniciada em 1964, Sílvio Tendler reconstitui a vida e a trajetória política de João Goulart (1919-1976), o líder trabalhista apeado da Presidência da República pelo golpe de Estado. Articulados a partir da narração lida por José Wilker, materiais de arquivo até então desconhecidos e entrevistas exclusivas com protagonistas como Celso Furtado, Leonel Brizola e o general Antonio Carlos Muricy radiografam a ascensão do herdeiro político de Getúlio Vargas, sua conturbada chegada ao poder a partir da renúncia de Jânio Quadros e a radicalização social durante seu breve governo. Um dos clássicos incontornáveis do documentário brasileiro, uma razão extra para assisti-lo ou revê-lo é a dupla efeméride dos 70 anos de idade e de 50 anos de cinema de Tendler.
1930 – Tempo de Revolução (Idem. Brasil, 1990. Direção: Eduardo Escorel)
O primeiro filme da série dedicada por um dos principais realizadores nacionais à era Vargas. Especialistas como Antonio Candido, Boris Fausto, Edgar De Decca e Paulo Sérgio Pinheiro guiam-nos, alternando-se com a narração lida por Edwin Luisi, pelo colapso dos conchavos e restrições antidemocráticas da República Velha (1889-1930) e pela vitória do movimento militar liderado pelo político gaúcho Getúlio Vargas e por líderes do tenentismo que pôs fim ao antigo sistema. A estrutura formalmente didática, escorada por materiais de arquivo, se tornaria mais complexa com os novos capítulos, dedicados ao levante constitucionalista de 1932, à revolta comunista de 1935 e ao Estado Novo.
Assaltar os Céus (Asaltar los Cielos. Espanha, 1996. Direção: José Luis López-Linares e Javier Rioyo)
Um thriller documental sobre o assassinato do líder socialista Leon Trótski em abril de 1940, em seu exílio na Cidade do México, por um sicário espanhol enviado pelo ditador soviético Josef Stálin. Ramón Mercader era o nome do assassino, e seus passos são reconstituídos de maneira pioneira e minuciosa, da Europa à URSS e ao México, até seus últimos dias sob nova identidade em Cuba. Entre os entrevistados, sua filha adotiva, Laura Mercader, e a escritora mexicana Elena Poniatowska. O filme foi a maior inspiração para a narrativa romanceada do mesmo episódio pelo escritor cubano Leonardo Padura em “O Homem que Amava os Cachorros”, lançado em 2009 (Boitempo).
Nosso Nixon (Our Nixon. EUA, 2013. Direção: Penny Lane)
Uma radiografia do período presidencial de Richard Nixon nos EUA (1969-1974), a partir principalmente de “home movies” rodados em super-8 por seus assessores durante os anos na Casa Branca e até então inéditos. Complementados por gravações orais, filmes e fotos de arquivo, devassam as idiossincrasias e abusos de poder do presidente que foi levado à renúncia pelo caso Watergate. Entre sorrisos e esgares, Nixon surge por inteiro: paranoico e autoritário, inescrupuloso e calculista, visionário e desastrado.
Bobby Kennedy para Presidente (Bobby Kennedy for President. EUA, 2018. Direção: Dawn Porter)
No cinquentenário do assassinato do ex-senador democrata Robert Kennedy (1925-1968), Porter relembra uma das mais extraordinárias metamorfoses políticas da história dos EUA. Bobby surgiu na cena pública americana como um dos assistentes do nefasto senador republicano Joseph McCarthy (1908-1957), responsável por um demagógica caça às bruxas contra a pretensa infiltração comunista nos EUA da aurora da Guerra Fria no início dos anos 1950. Tornou-se a seguir o principal coordenador da campanha eleitoral que levaria em 1960 seu irmão John Fitzgerald Kennedy à Casa Branca, acompanhando-o no poder como secretário de Justiça. Após o trauma do assassinato do irmão em 1963, Bobby elegeu-se em 1965 ao Senado pelo Estado de Nova York como um dos mais inspiradores e eficazes defensores dos direitos humanos e da legislação de proteção social. Como grande líder progressista, tornara-se o favorito à candidatura do Partido Democrático às eleições presidenciais de 1968 quando foi também assassinado num hotel de Los Angeles, em junho daquele ano. O irresistível material de arquivo quase se eclipsa frente ao frescor dos depoimentos de seus contemporâneos, como o deputado John Lewis e o cantor, ator e ativista Harry Belafonte.
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