Evo Morales chega ao México e diz que o país salvou sua vida
Ex-presidente da Bolívia renunciou após pressão dos militares
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Evo Morales chegou por volta das 11h no horário local (14h em Brasília) ao México, país que concedeu asilo político ao ex-presidente da Bolívia.
"O governo mexicano salvou minha vida", disse ele, em um breve pronunciamento ao chegar à Cidade do México. Ele estava ao lado do ex-vice-presidente Álvaro García Linera, que também renunciou.
Evo voltou a dizer que seu erro é ser indígena e ter implementado programas para os mais pobres. Também reafirmou que só haverá paz quando houver justiça social e que seguirá na política enquanto estiver vivo.
No discurso, ainda disse que um agente de sua equipe de segurança mostrou a ele, no sábado (9), uma mensagem que oferecia US$ 50 mil por sua captura.
Evo deixou Cochabamba, na Bolívia, perto das 23h de segunda-feira (24h em Brasília), e seguiu para Assunção, onde chegou à 1h35 na hora local (mesma de Brasília).
O ex-presidente havia decolado às 5h de Assunção, no Paraguai. A rota teve de desviar de países como Peru e Equador, que não autorizaram a passagem da aeronave.
O avião que o buscou pertence à Força Aérea Mexicana. Segundo o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, a tripulação trabalhou mais de 24 horas seguidas para resgatar Evo, que partiu da Bolívia na madrugada de terça.
Segundo Ebrard relatou em uma entrevista coletiva, o governo do Peru não autorizou uma parada para reabastecimento logo ao sair da Bolívia, como estava previsto. Da mesma forma, o Equador negou receber o avião. Com isso, foi preciso buscar uma alternativa, que envolveu Alberto Fernández.
O presidente eleito da Argentina, ainda segundo Ebrard, negociou com o Paraguai para que recebesse o avião com Evo.
Havia, porém, ainda mais um problema a resolver: a Bolívia não autorizou que a aeronave voltasse a usar o espaço aéreo do país para seguir rumo ao México. A saída, então, foi passar pelo Brasil.
As autoridades mexicanas entraram em contato com o Itamaraty na noite desta segunda-feira (11), informaram a situação e pediram permissão para que o avião com Evo sobrevoasse o espaço aéreo brasileiro.
Foram feitas as consultas de praxe, e o Brasil deu luz verde para que a aeronave sobrevoasse uma rota que segue mais ou menos a linha de fronteira com a Bolívia.
Na percepção das autoridades mexicanas, a permissão do Brasil foi concedida de forma bastante célere e na madrugada de terça eles já contavam com o aval de Brasília.
Depois da negativa inicial, Peru e Equador mudaram de ideia e autorizaram o uso de seus espaços aéreos. Assim, a aeronave passou pelo Peru e seguiu pelo Oceano Pacífico até o México, sem ter de cruzar nenhum outro país sul-americano.
Evo renunciou no domingo (10), após pressão das Forças Armadas e de protestos nas ruas, que o acusam de ter cometido fraude eleitoral.
Evo disputou um quarto mandato nas eleições de 20 de outubro, e foi apontado vencedor após uma apuração marcada por idas e vindas. Um relatório da OEA (Organização dos Estados Americanos), divulgado no domingo (10), apontou problemas na votação.
Após a divulgação do relatório, Evo disse que convocaria novas eleições, mas mesmo assim não conseguiu obter o apoio dos militares, que sugeriram publicamente que ele renunciasse.
Horas depois, Evo anunciou sua renúncia e foi seguido por diversos outros líderes do país, como os presidentes da Câmara e do Senado. Com isso, a Bolívia está oficialmente sem comando.
Após a renúncia, houve protestos, confrontos e depredação em La Paz e em outras cidades. Casas do ex-presidente e de ministros foram atacadas por manifestantes. Durante a noite de segunda (11) e a madrugada de terça (12), moradores de La Paz fizeram barricadas nas ruas para se proteger de possíveis ataques.
Colaborou Ricardo Della Coletta, de Brasília
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