Veto a moto na marginal Pinheiros é 'punitivo' e 'precipitado', diz sindicato
Entidade que representa motoboys diz que SP não gasta verba de fundo com educação de trânsito
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O SindimotoSP (sindicato dos motoboys de São Paulo) classificou como "precipitada" e "punitiva" a regra da gestão Bruno Covas (PSDB) que restringe o acesso de motociclistas à pista expressa da marginal Pinheiros, no sentido Castello Branco.
A mudança deve ocorrer até maio. O veto às motos na pista expressa da marginal Pinheiros no sentido Interlagos ainda não é possível, pois em alguns pontos dela não há divisão entre pista local e expressa. A CET estuda uma forma de criar uma espécie de pista local neste trajeto. A meta é que essa separação ocorra até 2020.
O presidente da entidade, Gilberto Almeida dos Santos, o Gil, afirmou que a decisão anunciada na quarta-feira (17) pegou a categoria de surpresa. "Participamos de várias comissões na prefeitura e não fomos comunicados sobre essa medida restritiva", afirmou.
O sindicalista diz que a entidade tentará conversar com secretários para rever a decisão. Para Gil, a a medida não resolve a situação dos motociclistas, que morrem em acidentes em toda a cidade, não apenas na marginal Pinheiros.
"A prefeitura está arrecadando com fundo municipal uma média de R$ 2 bilhões por ano. Esse dinheiro deveria ser gasto em ações para prevenir acidentes", diz. Ele diz ser favoráveis a campanhas que mostrem aos motociclistas que uma atitude defensiva no trânsito pode salvar suas vidas.
O veto já estava vigente nas pistas expressas da marginal Tietê. Na pista central da Tietê também é proibido o acesso de motos entre as 22h e as 5h.
Gil afirma haver diferença entre as vias. Para ele, a marginal Pinheiros tem características diferentes da Tietê. "Na marginal Tietê, proibiram em várias faixas mas é permitido em outras. Além disso, lá tem muitos caminhões, o que não acontece na Pinheiros, onde tem mais carros pequenos."
O Sedersp (Sindicato das Empresas de Distribuição das Entregas Rápidas do Estado de SP) também emitiu nota criticando a medida. "O Sedersp é favorável e apoia toda ação de combate a acidentes envolvendo motociclistas, porém, a entidade defende que antes de qualquer medida proibitiva deve haver planejamento, informação e principalmente uma discussão com todo o setor", diz a nota.
De acordo com a entidade, "esse tipo de mudança não surte o efeito esperado, as ocorrências simplesmente migram de lugar. O que falta é um trabalho intenso de educação no trânsito".
As medidas estão no Plano de Segurança Viária 2019-2028 e tentam diminuir o alto número de mortos no trânsito na cidade de São Paulo.
O plano está sendo desenvolvido há mais de um ano, mas seu anúncio surge após a divulgação de dados do Infosiga, do governo do estado, de que em 2018 a cidade não conseguiu reduzir o número de mortes em relação a 2017.
A ampliação da restrição às motos tenta frear o aumento do número de mortes nessa categoria nos últimos anos na cidade. Em média, morre um motociclista por dia em São Paulo. Nas marginais, eles são as principais vítimas.
A meta da gestão João Doria/Bruno Covas (PSDB) é chegar a 2020 com o índice de 6 mortes do tipo a cada cem mil habitantes. Pelos dados do Infosiga, a taxa atual é de 7,26. Nova York tem taxa de 2,3. Com o novo plano, Covas mantém essa meta e projeta uma redução para 3 mortes a cada cem mil habitantes até 2028.
O plano é o primeiro grande movimento de Bruno Covas para a segurança no trânsito. Seu antecessor, João Doria (PSDB), chegou a instituir programas como o Vias Seguras, que visam melhorar as condições de acesso e sinalização em vias violentas da cidade, como a M'Boi Mirim, na zona sul.
Por outro lado, Doria aumentou o limite de velocidade nas pistas das marginais, contrariando estudos e especialistas que diziam que a medida levaria risco à população. Após a alteração, as vias tiveram mais mortes.
ÁREAS CALMAS
Outra novidade do Plano de Segurança Viária é a criação de áreas calmas, regiões da cidade em que os veículos deverão ter velocidade mais baixa. Dentro desses perímetros, os motoristas não poderão trafegar a mais de 30 km/h.
A escolha dos locais foi feita após audiências públicas nas 32 subprefeituras e com o apoio da Iniciativa Bloomberg para a Segurança Global no Trânsito, da WRI e do Banco Mundial.
A redução da velocidade dos carros deverá se dar não só pela imposição de novos limites mas também com a redução da área destinada aos veículos em alguns pontos de ruas e avenidas, como algumas curvas e cruzamentos.
Nas áreas calmas, há ainda ampliação de calçadas, estreitamento de pista, reforço da sinalização e instalação de faixas de pedestres elevadas.
As primeiras regiões a receber áreas calmas serão São Miguel, na zona leste, Santana, na zona norte, Lapa, na zona oeste, e o centro da cidade.
Licitações deverão ser feitas para a intervenção nessas áreas. Cada um desses processos deve durar 120 dias, e a gestão Covas já admite que parte das mudanças fique para a próxima administração.
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