Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Projeto destina dinheiro da loteria para 'esportistas' da internet
Senador decide ajudar categoria, que o governo resiste em classificar como esporte; caso seja aprovado, setor dividirá recursos com modalidades tradicionais
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Os jogos disputados em games pela internet (os chamados Esports) não conseguiram quebrar a resistência do Ministério dos Esportes para que sejam declarados esportes como são o futebol, o vôlei e o atletismo, mas ganharam um aliado importante no Congresso.
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) protocolou um projeto no Senado para incluir a CBGE (Confederação Brasileira de Games e Esports), que representa esse setor, no Sistema Nacional do Desporto. Caso ele seja aprovado, as entidades terão direito a receber recursos oriundos da arrecadação com a loteria.
Em 2023, o valor destinado pela loteria ao esporte tradicional foi de R$ 538,7 milhões. Desse total, somente R$ 162 milhões foram liberados. O restante (R$ 376 milhões) ficou bloqueado como reserva de contingência.
Atualmente, quatro comitês esportivos repartem esse dinheiro, que serve para aplicação em projetos de fomento, formação, preparação técnica, locomoção de atletas, entre outros.
Estão na lista o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), CBC (Comitê Brasileiro de Clubes) e o CBCP (Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos).
No total, os comitês esportivos recebem 4,4% da arrecadação com a loteria, sendo o COB o principal beneficiário do dinheiro, com 1,7% dos recursos —todos os outros recebem menos de 1%.
O projeto do senador Izalci prevê que o CBGE ficará com 0,04% da arrecadação.
O reconhecimento dos eSports como modalidade esportiva formal virou um problema em janeiro, quando a então ministra do Esporte, Ana Moser, disse que considerava os jogos eletrônicos como entretenimento. A questão ainda não foi pacificada no governo.
Consultado, Ministério do Esporte disse que o eSports é um "tema ainda em avaliação".
Para o senador, no entanto, o papel dos eSports é relevante tanto pelo papel educacional, com foco no lazer, no aprendizado e na colaboração, quanto no esporte de alto rendimento.
No projeto, o tucano cita legislações em outros países, como EUA, Alemanha e França, em que o governo criou um visto especial para atletas de esportes eletrônicos.
No Brasil, segundo pesquisa da PwC Brasil, a receita total de videogames e esportes eletrônicos deve chegar a US$ 2,8 bilhões (R$ 13 bilhões) até 2026. Atualmente, o setor gera pouco mais de US$ 1,4 bilhão em receita por ano.
Dados da CBGE indicam que, atualmente, 7 milhões de brasileiros disputam jogos esportivos pela internet, o equivalente à população da cidade do Rio de Janeiro.
Com Diego Felix
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