Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Presidente do Santander fala em deserção em conversa com funcionários sobre home office
Banco afirma que contexto da declaração foi o 'cuidado necessário que cada um deve ter com absenteísmo'
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Em uma conversa com funcionários na sexta-feita (20), o presidente do Santander, Sérgio Rial, falou em deserção para se referir a quem quis trocar o trabalho presencial no banco pelo home office na crise do coronavírus.
O termo assustou os funcionários que assistiam as declarações do executivo por meio de uma vídeo conferência.
Procurada pela coluna neste domingo (22), a assessoria de imprensa do Santander, a princípio, negou que Rial tivesse falado em deserção.
Nesta segunda (23), porém, o banco enviou comunicado com uma lista de ações que vem tomando para mitigar o impacto da doença e diz que "dentro desse contexto, discutiu-se o cuidado necessário que cada um deve ter com absenteísmo, dadas as diferentes e compreensíveis reações humanas".
O comunicado do Santander lista antecipação de 13º salário, fechamento de agências, redução de horas de atendimento ao público, trabalho remoto em centrais de atendimento, estímulo ao uso do internet banking e outros. Diz também que hoje, dois terços dos 47 mil funcionários estão em home office e funcionários com mais de 60 anos ou de alto risco foram colocados em férias.
Funcionários do banco dizem que estão inseguros com a eficácia do sistema de home office no Santander, que está fazendo rodízio das equipes, ou seja, uma parte dos profissionais fica em casa, mas retorna ao escritório dias depois, enquanto quem ficou no banco passa a trabalhar de casa, segundo eles.
"A instituição lamenta ver o uso do espaço da mídia, neste momento crítico, para comentários desta natureza", afirma o comunicado enviado pelo Santander.
com Filipe Oliveira e Mariana Grazini
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