Três das aranhas mais perigosas fazem 60 vítimas em SP; como saber e tratar

Segundo o Ministério da Saúde, ao menos 149 acidentes com aranhas foram registrados em 2024 somente na região da Baixada Santista e no Vale do Ribeira, no estado de São Paulo. Deste total, 60 foram ocasionados por três dos aracnídeos mais perigosos do mundo.

Aranha-marrom (Loxosceles): 22 casos no litoral e 13 no interior, é mais abundante no Sul e Sudeste, especialmente no Paraná.

Aranha-armadeira (Phoneutria): quatro casos no litoral e 20 no interior, é conhecida ainda como "das bananeiras" e encontrada nas regiões Sul e Sudeste.

Viúva-negra (Latrodectus): um caso no litoral. Conhecida ainda como flamenguinha, é predominante no Nordeste, principalmente na Bahia.

O trio está entre os mais perigosos do mundo. Os dados são do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica).

A picada dessas aranhas pode causar em humanos: necrose da pele, amputação de membros e morte. Até o momento, nenhum óbito foi constatado no Brasil.

Como identificar picada?

As aranhas armadeira e a viúva-negra possuem venenos semelhantes, portanto os sinais e sintomas são parecidos e imediatos à picada. Você poderá notar as seguintes manifestações locais:

  • Dor (pode ser intensa)
  • Marca dos orifícios onde se deu a picada
  • Inchaço (edema) discreto
  • Vermelhidão (eritema)
  • Sudorese no local
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Se o quadro evoluir é possível ter:

  • Náuseas e vômitos
  • Hipertensão arterial
  • Aumento dos batimentos cardíacos
  • Sudorese

Já a aranha-marrom não deixa rastro após o seu ataque. Isso significa que você não vai sentir dor, nem notará alterações na pele. Na maioria das vezes, as pessoas não sentem a picada e não avistam o aracnídeo. No entanto, é só uma questão de tempo: as manifestações acima aparecerão no prazo de 6 a 12 horas.

As complicações da picada da aranha-marrom apresentam dois tipos de evolução: a forma cutânea e a cutânea-visceral:

Ferimento causado pela picada da aranha-marrom
Ferimento causado pela picada da aranha-marrom Imagem: Arquivo Pessoal

Cutânea: a lesão parece de forma lenta e progressiva; tem como característica a dor tardia; inchaço endurecido e no local da picada; presença de áreas hemorrágicas que se mesclam com áreas esbranquiçadas; dor e queimação aumentam nas primeiras 12 a 36 horas; febre; erupções e possível necrose.

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Cutânea-visceral: além das manifestações acima descritas, a elas se somam: anemia aguda (hemólise); icterícia (pele e olhos amarelados); urina avermelhada devido à hemólise (pode evoluir para dano renal).

Fui picado, e agora?

Vá ao pronto-socorro. No entanto, antes de buscar ajuda, você pode lavar o local, usar compressas mornas para controlar a dor, e elevar o local atingido pela aranha.

A dermatologista Cláudia Ferraz, do HC-UFPE, sugere a captura da aranha para que ela possa ser identificada (quando isso for possível). Ela também aconselha a não fazer torniquete ou garrote, furar, cortar ou espremer o local, nem aplicar qualquer remédio caseiro como chás, folhas etc.

"O objetivo é não provocar infecções. Caso se observem os sintomas de envenenamento, busque por assistência hospitalar imediatamente", diz a médica.

Picadas de aranhas comuns, sem risco de intoxicação, são tratadas com analgésicos e antialérgicos locais. Quando há suspeita de gravidade, o uso de soro antiaracnídeo específico é indicado e deve ser administrado o quanto antes.

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*Com informações de reportagem publicada em 28/01/2022

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • O número de 149 acidentes com aranhas registrados em 2024 se refere apenas aos casos nas regiões da Baixada Santista e Vale do Ribeira e não de todo o estado de São Paulo. Neste período, o estado registrou no total 3.364 acidentes, segundo dados do CVE - Centro de Vigilância Epidemiológica. O texto foi corrigido.

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