Tem todo aquele papo de que São Paulo é cosmopolita, recebe gente de todas as partes do Brasil e do mundo, abraça vanguardas, novos pontos de vista, modas e tendências com mais velocidade do que qualquer outra cidade brasileira.

Bairrismos e orgulhos à parte, a música sempre teve morada segura em São Paulo — e em toda sua diversidade, apesar de o poeta Vinicius de Moraes definir a capital como "o túmulo do samba".

Espaços dedicados ao som ao vivo, íntimos ou mastodônticos, sempre brotaram na cidade. Mas o conceito de sair para ouvir música tem sofrido algumas transformações nos últimos tempos.

Os listening bars (ou hi-fi bars) aparecem como grande novidade. Têm inspiração nos jazz kissa japoneses, cafés que, desde os tempos da Segunda Guerra Mundial, reúnem aficcionados em jazz (e outros estilos) para a audição cuidadosa de discos de vinil.

A tendência, é claro, não apaga do nosso mapa musical os bares de música ao vivo de rock, MPB, samba, blues, jazz e outras vertentes. Continuam fervilhando. Mas a opção do público por lugares com acústica e som impecáveis tem sido uma constante na busca pela boa música — e os campões do Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes podem provar. Alta fidelidade é a pedida da vez.

Quase não há artista na cena musical paulistana que não queira tocar no Bona Casa de Música. O lugar é confortável, não muito grande, tampouco minúsculo. O público fica à vontade, a acústica é perfeita e fica estabelecida uma relação íntima entre palco e plateia.

A dama Alaíde Costa comemorou seu aniversário ali. Zeca Veloso apresentou-se no Bona, com direito a uma canja do pai. Filipe Catto, Ná Ozetti, Odair José, Jonathan Ferr, Zé Ibarra, Alice Caymmi, Curumim, Fabiana Cozza são alguns nomes que batem ponto no lugar.

A sócia Manuela Fagundes explica que a programação é montada privilegiando o impacto cultural dos artistas, nossa diversidade musical e também fazendo apostas em novos nomes que prometem brilhar na cena.

O Bona tem 8 anos e surgiu, ingenuamente, como diz Manuela, num restaurante de Pinheiros, em que ela, o marido e o cunhado eram sócios. Como o lugar só servia almoço, deciciram aproveitar o espaço para apresentar alguns shows à noite, sem muito compromisso.

O ponto pegou, virou referência musical, mas foi abaixo em 2022, com a casa cedendo lugar a um empreendimento imobiliário. Reaberto em abril de 2023, hoje ocupa três imóveis no bairro do Sumaré. Em versão mais ampla e bem mais confortável.

Bona Casa de Música
Rua Dr. Paulo Vieira, 101, Sumaré
@bona_casa_de_musica

É um sonzão de qualidade excepcional. As caixas acústicas foram construídas sob medida por um engenheiro de som para o aconchegante espaço na Vila Buarque. E todo o projeto do bar foi pensado em torno das caixonas possantes, mas que não ferem ouvidos.

DJs, colecionadores de vinil e demais amantes da música adoram tocar no Domo Bar, não apenas por seu conforto e brilho auditivo. Tocam o que quiser.

A casa pode receber uma seleção de reggae brasileiro obscuro, uma noite de psicodelia, o melhor do be-bop, do jazz etíope, do carimbó raiz, raridades latinas ou rap old school.

Além da música, há o cardápio sazonal elaborado pelo chef Pedro Pineda, os drinques elegantes da mixologista Mari Mesquita e uma carta de vinhos naturais montada por Bruno Bertoli, do wine bar Beverino.

Ali não se dança. O sócio Rodolfo Herrera explica que o lugar segue o conceito de listening bar japonês, onde se vai para ouvir. O fino tratamento acústico permite que conversa e som não se transformem em barafunda.

Instalado no imóvel que abrigou por cinco décadas o ateliê Calçados Busso, o Domo funciona em dois turnos por noite e recomenda-se fazer reserva. Basta eleger, na programação divulgada no Instagram, o estilo musical que mais lhe aprouver.

Domo Bar
Rua Maj. Sertório, 452, Vila Buarque
@domobarsp

O Matiz é mais uma casa paulistana que colou na onda dos listening bars japoneses ou europeus, só que com espaço e liberdade de movimentos.

O coração do lugar são as caixas acústicas artesanais e a mesa de som do DJ, mas você pode dar uma dançadinha, escolher um sofá para seu momento lounge ou curtir a vista do centro de São Paulo do terração. Oh yeah, temos rooftop.

"Não é balada, não é clube, mas tem um sistema de som à altura", diz Yuri Mendonça, sócio de Lucas Góngora e Caio Maddalena na empreitada.

Também não é restaurante, mas da cozinha saem delicadezas do chef Danilo Cocci, no estilo finger food, para compartilhar.

O bar está a cargo do mixologista Allan Suarez, importado pelos sócios do México, onde trabalhou no premiado Hanky Panky. Sua coquetelaria tem sólida base clássica e se vale de processos laboriosos de preparo. Para quem não bebe álcool, há saborosos mocktails.

O trio teve a sorte de encontrar vago o topo de um prédio comercial (antes residencial) na rua Martins Fontes e, com espaço sobrando, prevê a construção de mais um lounge, um jardim suspenso e um bar de coquetéis íntimo, para quem gosta do papo com os bartenders.

Para conhecer o Matiz, melhor fazer reserva, chegar cedo e não amargar espera na fila que costuma se formar.

Matiz Bar
Rua Martins Fontes, 91, República
@matizbarsp

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