Rodrigo Mattos

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ReportagemEsporte

Imagem da seleção brasileira se desvalorizou desde 7x1? Números respondem

A cada fracasso da seleção brasileira volta a discussão sobre o desgaste da imagem do time junto ao público. Uma corrente defende que ninguém se importa com a equipe, nem torce. Outra desdenha do argumento e lembra que os jogos da canarinho continuam a atrair todas as atenções quando na televisão.

Mas, afinal, a seleção brasileira teve a imagem desvalorizada depois da goleada sofrida por 7x1 para a Alemanha na semifinal da Copa-2014? As seguidas eliminações precoces em Copas do Mundo afetaram o seu valor para a população?
(Lembremos que o time foi campeão da Copa América em 2019)

Pois bem, há uma métrica para tentar dar uma resposta: o dinheiro. Na economia da atenção, como vivemos hoje, é possível quantificar quanto vale uma imagem pelo dinheiro gerado pela sua exploração.

A principal fonte de renda da CBF são os patrocínios da seleção brasileira. Vamos aos dados. Em 2013, ano anterior ao 7x1, a CBF arrecadou R$ 584 milhões com patrocínios - valor atualizado pela inflação.

No ano passado, 2023, a CBF teve uma arrecadação com patrocínios de R$ 528 milhões. Ou seja, o valor é menor. E lembremos que, neste período, houve um salto no montante ganho com patrocínios pelos clubes brasileiros, principalmente por casas de apostas. A confederação não tem nenhuma delas entre seus parceiros.

Então, sim, o valor arrecadado com patrocínios da CBF caiu após os fracasso e os escândalos que atingiram a entidade com os ex-presidentes José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo. Houve patrocinadores que saíram, outros que ameaçaram.

Mas é preciso fazer uma ressalva: a CBF tem um contrato com a Nike de fornecedor de material esportivo que está defasado no mercado mundial. E está em discussão porque acaba em 2026. Há interesse e ofertas da Puma e Adidas. O quadro pode ser revertido pois trata-se do principal contrato.

A receita de televisão em compensação teve um crescimento considerável. O valor era de R$ 238 milhões em 2013. Agora, saltou para R$ 538 milhões.

Mas aí há uma explicação que passa menos pela seleção. O contrato da Copa do Brasil teve um belo salto de valor, com reajustes constantes nas renegociações, e a competição se valorizou muito. E aí trata-se do futebol de clubes, embora seja vendido pela CBF.

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Os contratos de jogos da seleção tiveram, sim, um reajuste, mas bem mais modestos, nas renovações com a Globo. Neste ponto, a seleção estagnou. E, lembremos, foi um período de explosão dos direitos de TV.

Mas o time continua a dar índices altos de audiência. A Globo informou que, na primeira fase da Copa América, foram 26 pontos em média nos jogos, mais do que o dobro da última competição em 2019.

E o valor ganho pela CBF por realização de partidas? Em 2023, esse valor era de R$ 56 milhões (atualizado pela inflação). E incluía bilheterias e também cotas de amistosos. O Brasil vendia a realização de seus jogos a uma empresa.

Em 2023, o valor ficou em R$ 46 milhões, um valor mais baixo. Mas, para não haver distorção, é preciso ressaltar que, em 2022, o montante foi de R$ 104 milhões.

Certo é que a arrecadação com jogos não evoluiu muito, mas a CBF passou a ter maior independência para marcar as partidas. Não por acaso enfrentou europeus em vez das inúteis excursões pela Ásia.

No geral, a receita da CBF evoluiu no período: ficou em R$ 1,095 bilhão no ano passado, contra R$ 781 milhões em 2013 (valor reajustado). A receita que mais cresceu, no entanto, foi ligada a clubes.

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Feitas todas as contas, dá para dizer, sim, que a marca da seleção ficou no mínimo estagnada, com algum recuo em algumas áreas. O time continua a despertar atenção em larga escala no público, gera discussões. Mas o seu preço no mercado já não é de ativo imprescindível para as empresas como antes.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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