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Saldo da travessia do Flamengo é bom, mas final foi melancólico

Se antes do início da série de nove jogos que o Flamengo faria sem poder usar seus jogadores que estavam disputando a Copa América fosse oferecido à comissão técnica, aos jogadores e aos torcedores um saldo de cinco vitórias, dois empates e duas derrotas duvido que alguém recusasse tal desempenho.

O saldo da "travessia do deserto" (iniciada na oitava rodada e encerrada na décima sexta), portanto, foi muito bom. Seu final, entretanto, acabou sendo melancólico. Nos dois últimos jogos, ambos no Maracanã, contra adversários tecnicamente inferiores, houve enorme decepção. Empate contra o Cuiabá e derrota para o Fortaleza provocaram a perda da liderança e a queda para o terceiro lugar na tabela.

Mais que os resultados em si, irritaram a torcida teimosias e escolhas equivocadas de Tite. A entrada improvisada de Léo Ortiz na cabeça-de-área equilibrara o meio-campo e melhorara consideravelmente a saída de bola da defesa para o ataque.

E o que fez o treinador? Sacou Ortiz da equipe titular e escalou, nas duas partidas, Allan e Pulgar, ambos em péssima forma. Repetir, contra o Fortaleza, a dupla, que já fora mal diante do Cuiabá, agravou ainda mais a revolta dos torcedores, pela teimosia e incapacidade de ver o que "o campo falava", expressão que Tite tanto gosta de usar.

Da mesma forma, o técnico foi incoerente em usar, improvisado na ponta-esquerda, o jovem Matheus Gonçalves, que desprezara durante os noves meses em que dirige o rubro-negro. Tal invenção já não dera certo com Victor Hugo e fracassou novamente.

Tudo porque Tite faz questão de voltar ao seu malfadado 4-3-3 posicional com pontinhas, embora a equipe, repetidas vezes, já tenha dado provas de que rende mais no 4-4-2, com apenas dois atacantes à frente.

Some-se a isso as péssimas atuações individuais de praticamente todos os rubro-negros (como já acontecera diante do Cuiabá), não dá nem pra dizer que a derrota para o time de Vojvoda (que engoliu Tite) foi injusta.

Com mais de uma semana para o próximo compromisso (contra o Criciúma), a volta dos quatro uruguaios (Varela, Viña, De La Cruz e Arrascaeta) e, possivelmente, dos dois pontas-esquerdas contundidos (Cebolinha e Bruno Henrique), o mínimo que se espera é que o Flamengo passe a jogar um futebol à altura de seu elenco milionário e siga disputando cabeça a cabeça com Botafogo e Palmeiras o título brasileiro.

Tite queria terminar a travessia no G-4. Conseguiu. Mas poderia ter terminado líder. Daí a irritação de boa parte da torcida. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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