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'Deixe comigo': como Hamilton voltou a vencer em prova tensa em Silverstone

"Deixe comigo, cara", disse Lewis Hamilton quando seu engenheiro Bono Bonnington lhe instruiu a economizar os pneus macios que ele tinha acabado de colocar na volta 40 de 52 do GP da Grã-Bretanha. Quando cruzou a linha de chegada 1s4 à frente de Max Verstappen, a confiança tinha dado lugar às lágrimas enquanto o heptacampeão comemorava sua primeira vitória desde o GP da Arábia Saudita desde 2021.

"É difícil para qualquer um, mas o importante é como você continua se levantando e como você responde quando está por baixo. Houve momentos desde 2021 em que eu duvidei que eu fosse bom o bastante ou que eu voltaria a estar em um nível alto", reconheceu o piloto de 39 anos.

Hamilton tinha emergido na liderança depois de trocar os pneus intermediários pelos pneus de pista seca na hora certa, uma volta antes de Lando Norris, que vinha liderando uma prova bastante tensa até então.

A diferença entre os britânicos era de 2s. Ambos estavam com os pneus macios, que seriam mais rápidos naquele momento, mas teriam maior risco de sofrer granulamento. Isso daria vantagem para Max Verstappen, que vinha em terceiro, 2s atrás de Norris, mas com o composto duro.

A pressão só aumentou quando, com quatro voltas para o final, Verstappen passou Norris por fora e foi à caça de Hamilton. De uma hora para a outra, parecia que estávamos em 2021 novamente. Mas, desta vez, Verstappen não conseguiu chegar, e Hamilton venceu com 1s4 de vantagem.

O final foi apenas um dos momentos tensos de uma corrida que testou os pilotos e as decisões das equipes em um típico britânico no GP da Grã-Bretanha. Choveu quando os carros estavam indo para o grid, parou, choveu de novo, parou, choveu mais uma vez, parou.

Houve momentos em que os pilotos lutaram pela liderança na pista com pneus de pista seca na chuva, houve momentos em que eles tiveram que ir buscar água em uma pista que estava secando com pneus intermediários.

Como Hamilton voltou a vencer na F1

Hamilton largou em segundo, chegou a ultrapassar o pole position George Russell - que depois acabou abandonando com um vazamento de água em sua Mercedes - mas foi passado por Norris na primeira vez em que a chuva deu as caras durante a corrida, só voltando à liderança nas voltas finais.

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Quando Norris passou Hamilton, na volta 20, as McLaren estavam voando, e Oscar Piastri também veio fazendo fila, passando Verstappen, Russell e Lewis. Mas quando a chuva apertou, a corrida foi escapando das mãos da McLaren.

Primeiro, Piastri saiu da disputa quando a equipe preferiu deixá-lo na pista mais uma volta para que ele não esperasse a parada de Norris para trocar os pneus de pista seca pelos de chuva. Na segunda parada, Hamilton e Verstappen se anteciparam e trocaram os pneus antes, e Norris ainda parou fora de posição nos pits, gerando uma parada lenta, perdendo a liderança. "Não estou tomando as decisões certas e me culpo por não tomar as decisões certas. Há muitos pontos positivos, mas não gosto de estar aqui novamente dizendo que não tomei as melhores decisões. Vou voltar mais forte ano que vem", reconheceu Norris, sabendo que, pela terceira corrida seguida, tinha ritmo para vencer e chegou apenas em terceiro.

A McLaren ainda tinha a opção de colocar os pneus médios em Norris, o que poderia deixá-lo em condições melhores nas voltas finais, mas optou pelos macios. É mais uma corrida em que a equipe não tem uma execução das melhores, indicando um fator em que precisa melhorar.

Na Mercedes, a execução foi perfeita, o ritmo foi muito forte em todos os tipos de condições, e Hamilton voltou a vencer. Em segundo, Verstappen também tomou boas decisões, sendo o primeiro dos ponteiros a trocar os pneus de pista seca pelos intermediários e depois colocando os duros no final, o que lhe deu a possibilidade de passar Norris e ir à caça de Hamilton. Porém, ao contrário de outras provas, Verstappen não teve um bom ritmo o tempo todo, principalmente nas duas fases da corrida em que a pista estava mais molhada.

Se havia qualquer dúvida ainda de que a Mercedes melhorou significativamente nas curvas de alta velocidade, além de ter conseguido diminuir o arrasto com as novidades introduzidas em Silverstone, a segunda vitória seguida do time - desta vez, sem contar com a batida dos líderes, ao contrário do que aconteceu semana passada - é a prova de que não temos mais duas e, sim, três equipes podendo vencer na F1. É a prova, também, de que Lewis Hamilton ainda tem lenha para queimar.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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