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Novos projetos de petróleo, gás e carvão são desnecessários, mostra estudo

Plataforma de petróleo no Golfo do México Imagem: Henry Romero/Reuters

de Ecoa

03/06/2024 15h23

Projetos de combustíveis fósseis já existentes são suficientes para atender à demanda de energia projetada em uma transição global para zerar as emissões líquidas de carbono, o net zero, de acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores da University College London e do IISD (Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável).

O artigo, publicado na revista Science, argumenta que impedir novos projetos de combustíveis fósseis é um passo crucial para que os países alcancem suas metas climáticas. A recomendação é que os governos legislem para banir novos projetos de combustíveis fósseis, pois isso é politicamente, economicamente e legalmente mais fácil do que encerrar projetos em operação prematuramente.

Os pesquisadores analisaram a demanda futura projetada globalmente para a produção de petróleo e gás, e para a geração de energia a carvão e gás, sob uma variedade de cenários modelados que limitam as mudanças climáticas a 1,5 º C acima dos níveis pré-industriais.

A equipe descobriu que a capacidade de combustíveis fósseis existente é suficiente para atender às demandas de energia nesses cenários enquanto o planeta transita para energias limpas e renováveis - e que novos projetos de combustíveis fósseis não são necessários.

A pesquisa amplia o trabalho da IEA (Agência Internacional de Energia) que concluiu, em um relatório de 2021 (atualizado em 2023) que nenhum novo projeto de extração de combustíveis fósseis é necessário na transição para emissões líquidas zero até 2050.

O novo trabalho vai além ao analisar uma ampla variedade de cenários compilados para o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU) que limitam as mudanças climáticas a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. A análise mostra que, além de não serem necessárias novas extrações de combustíveis fósseis, também não são necessárias novas gerações de energia a carvão e gás.

A pesquisa chega em um momento de crescentes contradições entre discurso e prática em relação à transição energética. Em dezembro de 2023, na COP28, as nações membros da ONU anunciaram que concordaram, em princípio, em trabalhar para "transitar para longe dos combustíveis fósseis nos sistemas de energia." No entanto, desde então, a produção e o uso global de combustíveis fósseis continuaram a expandir, com muitos governos e atores da indústria de combustíveis fósseis alegando que novos projetos de combustíveis fósseis serão necessários durante a transição para o net zero. A nova pesquisa da UCL-IISD contradiz essa afirmação.

Os pesquisadores recomendam uma política de "nenhum novo combustível fóssil", que significaria evitar novos projetos para a exploração e extração de quaisquer reservas de carvão, petróleo ou gás natural. Isso impediria também a construção de novas usinas de energia a combustíveis fósseis.

Sintetizando evidências da economia, ciência política e direito, os autores encontram benefícios dessa abordagem para a viabilidade da transição: parar novos projetos é menos custoso, enfrenta menos obstáculos legais e é politicamente mais fácil do que tentar eliminar a capacidade existente antecipadamente.

Aprendendo com processos históricos de mudança de normas sociais e morais, os pesquisadores descobrem que governos, ao proibir novos projetos de combustíveis fósseis, e a sociedade civil, ao advogar por tais proibições, podem ajudar a construir uma norma global contra novos projetos de combustíveis fósseis.

"Nossa pesquisa tira lições de mudanças passadas em normas éticas globais, como a escravidão e os testes de armas nucleares. Esses casos mostram que as normas ressoam quando trazem demandas simples às quais atores poderosos podem ser responsabilizados imediatamente. Objetivos complexos e de longo prazo, como 'emissões líquidas zero até 2050', não têm essas características, mas 'nenhum novo projeto de combustível fóssil' é uma demanda clara e imediata, contra a qual todos os governos atuais e a indústria de combustíveis fósseis podem ser julgados com justiça. Isso deve servir como um teste decisivo para verificar se um governo está sério em relação ao combate às mudanças climáticas: se eles estão permitindo novos projetos de combustíveis fósseis, então não estão sérios", diz o autor principal do trabalho, Fergus Green, do Departamento de Ciência Política da UCL.

O coautor Dr. Steve Pye (Instituto de Energia da UCL) disse: "Importante, nossa pesquisa estabelece que há uma base científica rigorosa para a norma proposta ao mostrar que não há necessidade de novos projetos de combustíveis fósseis. A clareza que essa norma traz deve ajudar a focar políticas no direcionamento do aumento ambicioso de investimentos em energias renováveis e limpas, enquanto gerencia o declínio da infraestrutura de combustíveis fósseis de maneira equitativa e justa."


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