Um Só Planeta
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Um grupo de engenheiros de software resolveu utilizar a tecnologia para ajudar a aplacar a angústia de pessoas que acabaram separadas de seus animais de estimação durante as enchentes no Rio Grande do Sul, causadas pelas fortes chuvas que assolaram o estado entre o final de abril e início de maio: a plataforma PetsRS utiliza ferramentas avançadas de processamento de imagem para reunir pets resgatados por voluntários a seus tutores novamente.

De acordo com Zeno Sbardellotto Junior, um dos desenvolvedores, o site foi criado em setembro do ano passado para ajudar na localização de animais perdidos após uma enchente na região do Vale do Taquari, no interior do estado. No entanto, após as chuvas chegarem até a região metropolitana e atingirem a capital, Porto Alegre, no início deste mês, a equipe foi procurada pela prefeitura da cidade para expandir a ferramenta: "escolhemos o nome "Pets RS" porque a plataforma foi projetada para suportar milhares de acessos simultâneos, e sentimos que era necessário estender a ajuda para todo o estado", conta.

Página inicial da plataforma PetsRS: é possível cadastrar o pet perdido ou encontrado ou navegar entre os já catalogados por voluntários ou seus tutores — Foto: Reprodução/Yasmin Caminha
Página inicial da plataforma PetsRS: é possível cadastrar o pet perdido ou encontrado ou navegar entre os já catalogados por voluntários ou seus tutores — Foto: Reprodução/Yasmin Caminha

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O layout da plataforma é simples. Logo na topo da página inicial, já há um banner que leva à um formulário para cadastrar um pet no sistema. O formulário pode ser preenchido tanto por tutores que desejam encontrar um animalzinho perdido, quanto por alguém que tenha resgatado um pet e queira disponibilizar suas informações no site. Também é possível utilizar diversos filtros de busca, que refinam os resultados por cidade, espécie, sexo e cor do animal ou até pelos abrigos oficiais. Na mesma tela, o usuário ainda pode navegar pelos "perfis" dos animais que já constam no sistema, organizados pelo mais recentemente cadastrado.

Formulário do site PetRS: sistema orienta que o usuário envie fotos do animal sem textos e com o mínimo de outros detalhes, para que a busca seja mais eficaz — Foto: Reprodução/Yasmin Caminha
Formulário do site PetRS: sistema orienta que o usuário envie fotos do animal sem textos e com o mínimo de outros detalhes, para que a busca seja mais eficaz — Foto: Reprodução/Yasmin Caminha

No formulário, após preencher o campo de "origem" do animal (se está desaparecido ou se foi resgatado e aguarda o tutor), é hora de cadastrar as fotos do pet. O sistema orienta que não sejam colocados vídeos e que as fotos sejam de melhor qualidade possíveis, sem textos ou muitos detalhes, para que a inteligência artificial funcione de maneira mais refinada. Após as fotos, ainda é preciso preencher outras informações como espécie, sexo, cor predominante, porte e idade aproximada do animal, além de um campo para características que o diferenciem, como manchas, cicatrizes, etc.

Como funciona

Quando um tutor faz o cadastro de seu pet desaparecido, a inteligência artificial da plataforma analisa as fotos utilizando descritores de imagens baseados em Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLM) e ferramentas avançadas de processamento de imagem, que envolvem segmentação e análise de similaridade, em busca de características em comum com as outras fotos já disponíveis no banco de dados. Ao encontrar uma imagem semelhante, o sistema notifica o tutor e o leva até o "perfil" do pet já cadastrado, onde é possível conferir fotos e demais informações sobre o animal, o local onde ele está abrigado e um botão para entrar em contato com a pessoa responsável pelo resgate.

"Perfil" do pet resgatado: fotos, informações sobre o porte físico e local onde está abrigado, além de uma breve descrição das características gerada por IA — Foto: Reprodução/Yasmin Caminha
"Perfil" do pet resgatado: fotos, informações sobre o porte físico e local onde está abrigado, além de uma breve descrição das características gerada por IA — Foto: Reprodução/Yasmin Caminha

Na mesma página, abaixo da foto principal do animal, ainda é possível ver uma descrição das características físicas do pet, de acordo com a imagem. Esta descrição, uma espécie de "retrato falado" do bichinho, é gerada pelo Chat GPT-4, da OpenAI. Segundo Sbardellotto, graças a esta ferramenta, em breve será possível realizar na plataforma uma busca via texto, em que o tutor poderá descrever as características do pet: "O sistema interpretará a descrição textual e buscará no banco de dados pets que correspondam às características descritas. Isso permitirá uma busca ainda mais eficiente e acessível para os tutores que possam não ter uma foto recente do seu pet", completa.

Resultados

Ainda de acordo com Zeno Junior, até o dia 30 de maio, cerca de 100 animais já haviam reencontrado seus tutores através da plataforma. Os desenvolvedores acreditam, no entanto, que este número pode ser bem maior, já que nem sempre os tutores informam à equipe quando encontram seus pets.

A plataforma é mantida no ar desde o início com recursos próprios, e conta, além dos desenvolvedores, com uma equipe de voluntários atuando em diversas frentes, como cadastro de pets e abrigos, desenvolvimento de software e inteligência artificial, além de design, mídias sociais, pessoas e integrações. O time é composto por engenheiros, cientistas, gestores, professores, estudantes e pessoas alinhadas à causa animal, sendo a maioria da região da grande Porto Alegre, mas também há voluntários de outros estados e até de outros países, ajudando remotamente.

A intenção, segundo os desenvolvedores, é manter a plataforma ativa de maneira permanente, considerando a frequente ocorrência de enchentes no Rio Grande do Sul, e, futuramente, expandir o uso da tecnologia: "nosso objetivo principal é minimizar os danos aos animais nessas situações. Com a experiência adquirida, queremos tornar a tecnologia pública para que outros estados ou cidades ao redor do mundo possam se beneficiar", finaliza Zeno Junior.

Com informações de PetRS

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Um Só Planeta atualizado — Foto: Divulgação/Um Só Planeta
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