Streaming
Publicidade
Por , para o TechTudo

O filme a Sociedade da Neve é o mais novo longa da Netflix baseado em uma história real. A produção do diretor espanhol Juan Antonia Bayona tem Enzo Vogrincic (Iosi, O Espião Arrependido) e Agustín Pardella (Tudo Pelo Jogo) no elenco principal e retrata a queda do voo uruguaio 571 na Cordilheira dos Andes em 1972. A tragédia resultou na morte de 29 pessoas, entre jogadores do time de rugby Old Christians, familiares e tripulação. O filme tem sido considerado a melhor produção audiovisual já feita sobre o acidente, tanto pela crítica e usuários, quanto pelas famílias dos envolvidos.

Com aprovação de 90% no Rotten Tomatoes e nota 7,9 no IMDb, a obra já foi nomeada ao Globo de Ouro e é uma das cinco mais populares da Netflix no Brasil. Mas, apesar de A Sociedade da Neve adaptar bem a história real, alguns detalhes não foram abordados ou sofreram mudanças. Veja, a seguir, mais detalhes sobre o assunto. Cuidado com os spoilers!

Drama espanhol mostra a sobrevivência de um grupo de uruguaios na Cordilheira dos Andes — Foto: Divulgação/Netflix
Drama espanhol mostra a sobrevivência de um grupo de uruguaios na Cordilheira dos Andes — Foto: Divulgação/Netflix

📝 Como rodar serviços de streaming em um PC antigo? Saiba no Fórum do TechTudo

O que foi a tragédia dos Andes?

A tragédia dos Andes é o acidente em que o filme é baseado. Nela, o voo que transportava 45 pessoas de Montevidéu, no Uruguai, até a capital chilena de Santiago caiu em 13 de outubro de 1972. A intenção dos passageiros era de participar de um jogo de rugby que aconteceria na capital chilena, mas, durante a descida, o piloto Julio César e co-piloto Dante Lagurara se confundiram com a localização da pista de pouso do aeroporto de Santiago. A soma do erro de pilotagem e as condições extremas da Cordilheira dos Andes, resultaram na queda do avião em uma área de difícil acesso.

Diversas pessoas morreram pelo impacto, mas outras conseguiram sair dos destroços. As vítimas precisaram enfrentar temperaturas abaixo de zero, a fome e uma avalanche com a falta de vestimentas ou alimentos adequados. No total, os sobreviventes passaram 72 dias em uma das áreas mais hostis do planeta, sem nenhum sinal de civilização por perto. Veja, a seguir, o que o filme manteve e o que ele mudou em relação ao ocorrido.

Coisas da história real que o filme manteve

O acidente

A Sociedade da Neve aborda o acidente em si de maneira muito similar ao o que aconteceu na vida real. O diretor Bayona disse que passou por mais de 100 horas de entrevistas com os sobreviventes e leu o livro de mesmo nome do autor uruguaio Pablo Vierci. Todos os atores conviveram com os sobreviventes e as famílias daqueles já falecidos, algo que teve efeito direto na atuação e no resultado do filme entregue ao público.

Na queda, a aeronave perdeu ambas as asas e a parte traseira, cenas mostradas no filme. As condições inóspitas da Cordilheira também foram retratadas corretamente na produção, que mostrou a falta de comida, suprimentos médicos e, claro, de calor durante o período. Os sobreviventes tiveram que usar partes dos destroços do avião como cobertas e transformar as malas em paredes para se proteger do frio.

Avião da Força Aérea Uruguaia caiu na Cordilheira dos Andes em outubro de 1972 — Foto: Divulgação/Netflix
Avião da Força Aérea Uruguaia caiu na Cordilheira dos Andes em outubro de 1972 — Foto: Divulgação/Netflix

O número de vítimas e resgatados

O filme da Netflix também manteve a contagem oficial de vítimas da tragédia. A queda tirou a vida de 12 pessoas, entre jogadores, tripulação e familiares, deixando várias feridas. As condições absurdas da Cordilheira, junto aos ferimentos, causaram a morte de outros passageiros. Os sobreviventes também enfrentaram uma avalanche enquanto estavam reunidos nos destroços, evento que também resultou em várias mortes. Por fim, A Sociedade da Neve mostra o resgate de 16 homens pelas equipes de busca, a quantidade real de resgatados.

Vítimas se refugiaram em meio aos destroços do voo 571 — Foto: Divulgação/Netflix
Vítimas se refugiaram em meio aos destroços do voo 571 — Foto: Divulgação/Netflix

O canibalismo

Para muitos, a história real chama a atenção pela única maneira que eles encontraram de driblar a fome. Sem comida depois de diversos dias, as vítimas precisaram se alimentar dos corpos de seus amigos, tripulantes e familiares que faleceram pela queda ou pelo clima do local. A produção da Netflix não focou exclusivamente nesse fator, gerando críticas positivas de telespectadores, especialistas e dos próprios sobreviventes.

Nos momentos quando aborda o canibalismo, o filme mostra a luta interna dos passageiros entre tomar a decisão radical ou colapsar com fome, principalmente por serem religiosos. Na vida real, os sobreviventes católicos foram absolvidos pela Igreja, que considerou as circunstâncias da tragédia e a falta de outras fontes de nutrientes.

Queda do avião vitimou 29 pessoas, restando apenas 16 sobreviventes — Foto: Divulgação/Netflix
Queda do avião vitimou 29 pessoas, restando apenas 16 sobreviventes — Foto: Divulgação/Netflix

A avalanche

Os passageiros foram afetados pelo clima intenso dos Andes além das temperaturas abaixo de zero. Cerca de duas semanas após a queda, as vítimas se reuniam nos destroços da aeronave quando foram soterrados por uma avalanche. O avião e todos ficaram embaixo de metros de neve, o que ocasionou na morte de mais oito pessoas e em ferimentos nos sobreviventes, que continuaram ali por dias.

Vítimas utilizavam estofados do avião como cobertores em meio aos destroços — Foto: Divulgação/Netflix
Vítimas utilizavam estofados do avião como cobertores em meio aos destroços — Foto: Divulgação/Netflix

A caminhada para o resgate

Com todas as buscas suspensas e o aumento de temperaturas, três dos sobreviventes se voluntariaram para atravessar as montanhas até os vales civilizados do Chile. Fernando Parrado, Antonio Vizintín e Roberto Canessa notaram, dias depois da escalada, que estavam mais longe da civilização do que imaginavam inicialmente. Tanto no filme quanto na vida real, um Vizintín decide voltar sozinho para o grupo que restava no local da queda para deixar mais comida a Parrado e Canessa.

A dupla decide continuar a caminhada por 10 dias até que encontram um fazendeiro a cavalo. Então, no dia 20 de dezembro, ambos amarram um bilhete a uma pedra e jogam-no ao chileno Sergio Catalán, fato retratado no filme. O papel continha o pedido de ajuda dos dois sobreviventes, que se identificaram e pediram pelo resgate do grupo que ficou na Cordilheira.

A Sociedade da Neve é um dos primeiros filmes lançados pela Netflix em 2024 — Foto: Divulgação/Netflix
A Sociedade da Neve é um dos primeiros filmes lançados pela Netflix em 2024 — Foto: Divulgação/Netflix

Coisas que foram mudadas no filme:

Os sobreviventes hesitaram em falar sobre o que comiam

A maioria dos eventos que se levaram após o resgate dos sobreviventes não é abordada amplamente no filme disponível na Netflix. A relação dos resgatados com o público, por exemplo, não foi retratada como aconteceu na história real. As vítimas hesitaram muito em contar para a mídia os métodos usados para sobreviver nos Andes. Inicialmente, todos disseram que sobreviveram de comida enlatada e queijo, disponíveis nas bagagens da aeronave. A prática do canibalismo foi contada, em detalhes, dias depois do resgate dos garotos em uma conferência de imprensa feita no hospital.

A Sociedade da Neve é mais uma produção a retratar o incidente ocorrido na Cordilheira dos Andes em 1972 — Foto: Divulgação/Netflix
A Sociedade da Neve é mais uma produção a retratar o incidente ocorrido na Cordilheira dos Andes em 1972 — Foto: Divulgação/Netflix

O co-piloto pediu para ser executado

O filme mostra a morte do piloto, interrogado pelos passageiros em desespero, em uma das primeiras cenas depois da queda da aeronave. Nele, a figura do co-piloto e do piloto foram combinadas em uma para facilitar o entendimento do público. Contudo, no acontecimento real conta com maior drama. O piloto real acabou morrendo pelo impacto da queda, mas o co-piloto sobreviveu e acabou por ficar preso entre as engrenagens do avião.

O homem, que conseguiu ficar vivo por cerca de um dia, implorou para os passageiros pegarem sua arma e executarem-no. Os sobreviventes recusaram o pedido do co-piloto, que morreu horas depois. Todo esse desenrolar não foi representado em A Sociedade da Neve.

Drama espanhol foi indicado ao Globo de Ouro por contar tragédia dos Andes — Foto: Divulgação/Netflix
Drama espanhol foi indicado ao Globo de Ouro por contar tragédia dos Andes — Foto: Divulgação/Netflix

O resgate durou dois dias

Um detalhe do resgate dos sobreviventes foi alterado por J. A. Bayona na produção da Netflix. O filme mostra que todos os resgatados foram colocados em helicópteros militares do Chile em um único dia. Na verdade, porém, a operação para retirá-los da Cordilheira ocorreu em dois dias devido ao limite de peso dos helicópteros.

A primeira viagem resgatou metade dos sobreviventes, enquanto uma equipe médica passou a noite com o restante e tirou-os do local no dia seguinte. É possível que a trama tenha tirado essa parte da história real para dar um toque maior de drama à cena do resgate, com as comemorações e a comoção geral das vítimas.

Erros de pilotagem e condições extremas causaram acidente retratado em Sociedade da Neve — Foto: Divulgação/Netflix
Erros de pilotagem e condições extremas causaram acidente retratado em Sociedade da Neve — Foto: Divulgação/Netflix

Roberto e Nando só tinham comida para três dias

Você já viu que o trio responsável por buscar ajuda nos vales chilenos foi formado por Roberto Canessa, Antonio Vizintín e Fernando Parrado. Depois de alguns dias, Vizintín retorna ao grupo deixado nos destroços e conta aos companheiros que a dupla restante tem recursos para toda a jornada de dez dias. No entanto, diferente do que é apontado no filme, os sobreviventes reais não tinham, nem de longe, a quantidade necessária para a jornada. Canessa e Parrado foram deixados com alimento suficiente para só três dias de escalada e caminhada nos Andes.

Avião que transportou 45 passageiros de Montevidéu para Santiago caiu no meio da Cordilheira dos Andes — Foto: Divulgação/Netflix
Avião que transportou 45 passageiros de Montevidéu para Santiago caiu no meio da Cordilheira dos Andes — Foto: Divulgação/Netflix

A imprensa massacrou os sobreviventes por conta do canibalismo

A Sociedade da Neve também não aborda os dois lados da resposta do público ao ocorrido na Cordilheira dos Andes. Ao voltarem para a casa, os sobreviventes passaram por uma grande cobertura de imprensa, que não foi tão respeitosa quanto a retratada no filme, que os chamavam de “milagre”. A escolha da produção da Netflix pode ter sido por abordar somente os fatos comprovados e não as acusações promovidas pela mídia.

As vítimas foram obrigadas a irem a uma conferência de imprensa dias depois do resgate quando contaram sobre o canibalismo praticado nas montanhas para sobreviver. A mídia massacrou os jovens pela suposta falta de explicações sobre o canibalismo e chegou a duvidar de todas as declarações dadas pelos garotos. Certos veículos chamaram os atos praticados de desagradáveis e antagônicos até mesmo os acusaram de matar outros passageiros durante o acidente.

A Sociedade da Neve é o filme mais aclamado que já retratou tragédia nos Andes — Foto: Divulgação/Netflix
A Sociedade da Neve é o filme mais aclamado que já retratou tragédia nos Andes — Foto: Divulgação/Netflix

Com informações de Rotten Tomatoes, IMDb, ScreenRant, Times e Forbes

Veja também: Melhores filmes da Netflix em 2023: 6 títulos que valem a pena

Melhores filmes da Netflix em 2023: 6 títulos que valem a pena

Melhores filmes da Netflix em 2023: 6 títulos que valem a pena

Mais recente Próxima Onde assistir ao Emmy 2023? Veja como acompanhar os vencedores
Mais do TechTudo