Caio Palma

Estratégia de gestão: Top down vs Bottom up, qual a melhor para você?

Dentro da análise de fundamentos, existem duas vertentes básicas que funcionam como lógicas de análises antagonistas

Imagine um cenário em que uma pessoa que desde o nascimento está inserida em ambiente urbano e passa a considerar a ideia de morar na floresta. Em um primeiro momento se deparará com um mundo bem diferente de sua realidade atual. Através de pesquisas na internet e livros, terá que aprender a filtrar a imensidão de informações que mesmo nos critérios mais rígidos, ainda teria que dedicar uma relevante quantidade do seu dia em tempo de estudo.

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O cenário acima é muito semelhante a uma pessoa comum que deseja se aventurar no mercado financeiro, se deparando agora com inúmeras informações, especialistas e opiniões nas mais diversas plataformas digitais.

Ao se aprofundar no mundo dos investimentos, em algum momento esse cidadão se encontrará estudando, especificamente no mercado de renda variável, sobre a diferença entre a análise Fundamentalista e Análise Técnica. Vamos focar na análise de fundamentos, por ser o princípio básico da filosofia de investimentos que a Suno trabalha.

A análise fundamentalista parte do princípio de que para determinarmos o preço justo de um ativo é preciso ser avaliado sua situação financeira, econômica e operacional. E, com base em projeções futuras, discernir se é um ativo que gerará valor no longo prazo para o investidor.

Dentro da análise de fundamentos, existem duas vertentes básicas que funcionam como lógicas de análises antagonistas.

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Top down e bottom up

Ambas as vertentes possuem o mesmo objetivo final: avaliar um ativo através de seus fundamentos e o contexto em que está inserido. Sua característica antagonista está no que é mais valorizado e consequentemente o ponto de partida. Enquanto para um o princípio de partida precisa ser o contexto macroeconômico ao qual aquele ativo está inserido, para o outro é mais importante o micro, ou seja, o ativo e suas qualidades individuais.

Na estratégia Top down, no geral, o investidor começa sua análise a buscar características de uma economia e/ou setor ao qual esteja em um bom momento de mercado, em uma espécie de filtro (cada um com seus critérios).

Com isso, uma ampla quantidade de ativos/empresas passa por um funil, até que o investidor chegue a um número “ótimo” de ativos que passaram por todos os critérios. Passada essa primeira etapa, chega a hora de analisar mais a fundo os fundamentos daquele grupo de ativos e, portanto, decidir qual realmente estará alinhado com sua estratégia de investimento pessoal.

Resumindo, a vertente top down foca em identificar quais setores, dentro do mercado acionário por exemplo, terão um ambiente de negócio favorável, mediante fatores macroeconômicos, como os próximos passos da política monetária, a condução da política fiscal pelo país, o crescimento econômico, variação de câmbio, e a taxa de desemprego, entre outros.

Para o investidor que adota essa estratégia, por mais que um ativo tenha bons números e uma gestão muito promissora, se ele estiver em um contexto econômico de perspectiva pessimista, esse investidor acredita que o ativo em questão tenderá a ter dificuldades futuras e por isso não valerá o investimento.

Por outro lado, na análise bottom up o investidor possui a preferência por pensar numa lógica contrária.

Neste caso, como em um cálculo de média ponderada, o peso maior está na análise individual do ativo. Por exemplo, puxando para o lado das ações, o analista irá procurar empresas com uma excelente saúde financeira, bem gerida, vantagens competitivas duráveis, ou seja, uma série de características que falam sobre a empresa/ativo em si, para ser avaliado se aquele ativo vale o investimento.

Em uma segunda etapa da análise, também serão considerados os fatores primordiais para a análise Top down, porém, como citado acima, com menor peso sobre a avaliação. A atribuição do peso, não significa que o investidor que optar pela estratégia Bottom up, irá fazer “pouco caso” para os fatores em que aquela empresa estará inserida, mas o seu racional gira em torno de acreditar que uma empresa com uma boa gestão e que teve um crescimento relevante ao longo do tempo estará mais bem posicionada para “surfar” um momento de baixa da economia ou algum momento de disrupção dentro de seu setor, por exemplo.

Portanto, top down significa foco em fazer uma boa leitura dos ciclos de mercado e capturar ganhos em ativos que poderão se beneficiar desses contextos macroeconômicos, Já o Bottom up prioriza fundamentos econômicos e financeiros de ativos, imparcial a conjuntura econômica.

Ter consciência básica dessas lógicas de alocação pode economizar tempo e dinheiro. Pois se você já tem uma ideia de como melhor pode ser gerido seu patrimônio, procurará os serviços de consultoria/assessoria, research ou fundos de investimentos que estejam alinhados com aquilo que você acredita ser o adequado ao seu modo de pensar.

No mais, não precisa ter pressa e ser inflexível ao longo do tempo. Dificilmente nos primeiros anos, se aventurando nos investimentos, o investidor terá todo o arcabouço de conhecimento necessário para definir aquilo que mais funciona para ele. A experiência conta muito. Precisamos estar sempre abertos às mudanças e visões diferentes.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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