A primeira coisa que a liberdade me deu

Aquilo que era impensável no Estado Novo tornou-se possível depois da revolução. Doze personalidades contam à SÁBADO aquilo que puderam fazer depois de derrubada a ditadura. Usar minissaias, ver a família, apoiar os presos políticos ou simplesmente regressar a Portugal.
Por Susana Lúcio, Lucília Galha, Sónia Bento, Raquel Lito e Ana Sofia Pinto (vídeo)

Aquilo que era impensável no Estado Novo tornou-se possível depois da revolução. Doze personalidades contam à SÁBADO aquilo que puderam fazer depois de derrubada a ditadura. Usar minissaias, ver a família, apoiar os presos políticos ou simplesmente regressar a Portugal.

Por Susana Lúcio, Lucília Galha, Sónia Bento, Raquel Lito e Ana Sofia Pinto (vídeo)
Dias após o 25 de Abril, a historiadora Irene Pimentel foi jantar fora com um grupo de amigos que tinham viajado da Suíça para testemunhar a revolução portuguesa. "Quando comecei a falar de política baixei o tom de voz", conta à SÁBADO. Foram os amigos que lhe chamaram a atenção: já era livre para falar sobre o que entendesse.

Nos primeiros dias após a revolução, alguns dos hábitos impostos pelo regime foram difíceis de quebrar. Sobretudo pelas pessoas que integravam organizações políticas proibidas. "A desconfiança de falar ao pé de pessoas novas levou algum tempo a passar", diz a historiadora, que militou numa organização da esquerda radical.

Nas primeiras horas, imperou a precaução. "Eu não fui para a rua no dia 25 porque recebi diretrizes para ir para uma casa segura", conta a historiadora. "Havia a suspeita de que as movimentações se tratassem de um golpe do Kaúlza de Arriaga [comandante militar fiel à política de António Oliveira Salazar]."

Quem não tomou as mesmas precauções acabou por correr risco de vida. "Não foi por acaso que os quatro mortos da revolução não foram pessoas ligadas a organizações políticas, mas populares", explica Irene Pimentel. Depois da rendição no Quartel do Carmo, muitos dirigiram-se à sede da PIDE, na R. António Maria Cardoso, considerando-se ser seguro manifestarem-se contra a polícia política. "Entre as 20h e as 20h30, já o regime tinha caído, os pides abriram fogo."

Nos dias seguintes, o Rossio encheu-se de gente e todos queriam ser protagonistas. "Toda a gente tinha sido presa e contavam como tinham sido torturados, com água até ao pescoço. Coisas que o regime nem fazia."
A manifestação do 1º de Maio foi a apoteose da nova liberdade, mas ainda com algum receio. "Nós não sabíamos que ia ser como foi", diz a historiadora. "Eu ainda fui de lenço na cabeça, para não ser reconhecida", confessa. "É claro que depois tirei-o."

As vidas dos portugueses mudaram nesses dias. Uns mais do que outros. Militantes a viver na clandestinidade puderam abraçar a família e gestos tão simples como vestir uma minissaia deixou de ser tão desafiador. Doze figuras que viveram o momento contam a primeira coisa que fizeram.
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