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Teatro Variedades, em Lisboa, reabre a 5 de outubro

O espaço vai receber "companhias independentes que não têm 'casa' e não têm nada a ver umas com as outras", explicou Carlos Moedas. O presidente da câmara de Lisboa revelou ainda que o novo Pavilhão Julião Sarmento inaugura em novembro.

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Lusa 11 de julho
O espaço, situado no Parque Mayer, em Lisboa, foi alvo de obras de requalificação
O espaço, situado no Parque Mayer, em Lisboa, foi alvo de obras de requalificação Carlos Carvalho

O Teatro Variedades, no Parque Mayer, em Lisboa, vai reabrir a 5 de outubro, após obras de reabilitação, anunciou esta quinta-feira o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

Carlos Moedas falava aos jornalistas nos Paços do Concelho, onde fez um balanço dos projetos e das atividades culturais da cidade de Lisboa, dois meses depois de ter assumido a pasta da Cultura na autarquia.

"A reabertura do Teatro Variedades vai juntar companhias independentes que não têm 'casa' e não têm nada a ver umas com as outras. Vamos lá ter os Artistas Unidos, a Marina Mota, o teatro de revista", disse Carlos Moedas, escusando-se, para já, a mais detalhes sobre a programação do espaço.

O Variedades foi cedido à empresa municipal Lisboa Cultura, anteriormente designada EGEAC -- Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, de forma à "criação de um equipamento cultural de acolhimento de espetáculos inclusivos, diversos e acessíveis, promovendo a criação e fruição de cultura, ao serviço dos vários públicos da cidade, a formalizar pela Direção Municipal de Gestão Patrimonial, no termos do Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa (RPIML)".

De acordo com Carlos Moedas, a programação do Teatro Variedades vai ser feita em articulação com os espaços culturais da zona, nomeadamente o Capitólio e o Cinema São Jorge, "fomentando um núcleo muito ativo para o universo do teatro, cinema, música e espetáculos".

Em relação à nova casa para a companhia Artistas Unidos, que tem de abandonar este mês o Teatro da Politécnica, onde estavam instalados desde 2011 por não renovação do contrato com a Universidade de Lisboa, Carlos Moedas adiantou não haver ainda "solução definitiva", sublinhando que está a "trabalhar muito no sentido de encontrar uma solução definitiva".

"Temos andado a ver mil espaços", disse Carlos Moedas, lembrando ainda que o ideal era voltar ao espaço inicial da companhia no Bairro Alto, o antigo edifício d'A Capital, que necessita de obras, e que esteve também a tentar negociar com o reitor da universidade para prolongar um pouco mais a utilização do espaço.


Carlos Moedas lembrou igualmente o festival de cinema Tribeca, de Nova Iorque, de que Robert De Niro foi um dos fundadores, que vai ter a edição em Portugal em outubro, como foi anunciado no passado mês de abril, e que irá realizar-se no recém-inaugurado espaço cultural no Hub Criativo do Beato, na antiga central elétrica da Manutenção Militar.

O autarca confirmou ainda a realização de obras de ampliação e renovação do Museu do Fado para a ala poente do edifício, aumentando o espaço de exposição em cerca de 60 por cento, além da reconversão/requalificação do Teatro Aberto, na Praça de Espanha, que tem o Novo Grupo de Teatro -- Teatro Aberto, como companhia residente.

"O Teatro Aberto tem mesmo necessidade de fazer uma remodelação, com uma entrada diferente da existente, uma obra para ser um teatro 'verde' ligado à sustentabilidade", disse, esperando ter um projeto [a cargo da empresa municipal SRUH -- Sociedade de Reabilitação Urbana de Lisboa] antes de 2025.

Carlos Moedas reconheceu também que "a parte interior do teatro está muito bem cuidada", mas o exterior do edifício, já com 24 anos, não reflete esse cuidado e necessita de melhoramentos.

O Teatro Aberto foi inaugurado em dezembro de 2001, acolhendo o Novo Grupo nascido do antigo Grupo 4 e de profissionais ligados às primeiras companhias de teatro independente em Portugal.

Até essa data, o Novo Grupo trabalhou num edifício improvisado, construído a partir de módulos pré-fabricados no lado oposto da Praça de Espanha, na esquina com a Avenida de Berna, onde se manteve durante 25 anos e estreou textos de autores como Anton Tchekov, August Strindberg, Bertolt Brecht, Luigi Pirandello e Samuel Beckett.


Pavilhão Júlio Sarmento inaugura em novembro

O Pavilhão Julião Sarmento, em Lisboa, com direção artística da curadora Isabel Carlos, vai ser inaugurado a 4 de novembro, anunciou também o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Carlos Moedas adiantou ainda que a coleção municipal de arte contemporânea, que tem vindo a ser expandida com aquisições recentes, como tem acontecido na ARCOlisboa, irá ter um espaço próprio a partir do próximo ano.

Quanto ao Pavilhão Julião Sarmento, segundo o autarca, vai dar a conhecer "uma coleção de grande qualidade, com obras de artistas nacionais e internacionais", lembrando que na zona de Belém as artes plásticas "têm uma grande oferta" de espaços atualmente.

O antigo armazém de alimentos na Avenida da Índia, em Belém, transformado depois num Pavilhão Azul, vai receber o espólio do artista que nasceu precisamente a 4 de novembro 1948, e veio a falecer em 2021.

De acordo com Carlos Moedas, a curadora Isabel Carlos possui um "vastíssimo currículo", tendo sido escolhida por um júri composto pelo presidente da empresa municipal Lisboa Cultura anteriormente designada EGEAC -- Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, Pedro Moreira, pelo administrador do Centro Cultural de Belém Delfim Sardo e pela diretora das Galerias Municipais e do Atelier-Museu Júlio Pomar, Sara Antónia Matos.

Crítica de arte e curadora, Isabel Carlos foi cofundadora e subdiretora do Instituto de Arte Contemporânea, diretora artística da Bienal de Sydney, na Austrália, e diretora do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Em 2021, entrou para o conselho de administração da Fundação Arpad Szenes -- Vieira da Silva.

Em fevereiro foi assinado o acordo de parceria entre a EGEAC e a Coleção Associação Julião Sarmento e, na ocasião, Luís Sáragga Leal, da Associação Coleção Julião Sarmento, explicou tratar-se de "uma coleção notável de mais de 1.200 obras dos principais artistas nacionais, mas também muitos internacionais, e tem como fio condutor o facto de serem amigos do Julião Sarmento".

A ideia de doar este acervo à Câmara Municipal surgiu depois de o artista plástico ter exposto parte da sua coleção, em 2015, na mostra "Afinidades Eletivas", dividida entre o então Museu da Eletricidade, integrado no atual Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), e na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa.

Ainda em vida, Julião Sarmento considerou que o Pavilhão Azul seria "perfeito", pela localização no eixo museológico de Belém.

Anunciado em 2017, o projeto de recuperação do edifício surgiu na sequência da assinatura de um protocolo de parceria entre o artista visual e a autarquia, tendo sido em fevereiro assinada uma nova parceria.

A coleção de Julião Sarmento inclui obras de Joaquim Rodrigo, de quem Sarmento foi assistente, e de outros artistas portugueses que cruzaram a sua vida, como Álvaro Lapa, Eduardo Batarda, Jorge Molder, Rui Chafes, João Vieira, Rui Sanches, Pedro Cabrita Reis, Fernando Calhau, Rui Toscano, Alexandre Estrela, Vasco Araújo.

Artistas estrangeiros também estão representados na coleção privada, como Andy Warhol, Marcel Duchamp, Robert Frank, James Turrell, Jeff Wall, Wolf Vostell, Cindy Sherman, Nan Goldin, Adriana Varejão e Marina Abramovic.

Durante o encontro com os jornalistas, Carlos Moedas revelou também a pretensão de começarem a ser expostas "já no ano que vem" as obras de arte que têm vindo a ser compradas pela autarquia, por exemplo na ARCO (Feira de Arte Contemporânea de Lisboa), num espaço próprio.

"A ideia é ter um museu para estar permanentemente expostas num polo museológico. Já há uma equipa que está a definir e a escolher o melhor sítio que poderá ser junto das galerias municipais", disse o autarca.


Vem aí programa de apoio aos media

A Câmara de Lisboa vai criar, através da empresa municipal Lisboa Cultura, um programa de estímulo ao setor dos media, conteúdos e jornalismo, dando uma bolsa a novos projetos jornalísticos "em papel e digital", anunciou igualmente o presidente da autarquia.

Carlos Moedas revelou que o projeto será apresentado em setembro com todos os pormenores, adiantando agora tratar-se de um programa de "apoio direto aos jornalistas e ao jornalismo clássico no papel e ao digital".

"Não é subsidiar, é apoiar produtores de conteúdos digitais e o jornalismo em si. Será um prémio/bolsa a novos projetos relacionados com a realidade da cidade de Lisboa e projetos culturais", explicou.


Na nota entregue à imprensa, pode ler-se que a iniciativa "assume o compromisso com este setor fundamental para o pluralismo, num momento crítico e de grandes dificuldades".

"Será apresentado um programa estruturado de fomento de novos projetos jornalísticos e projetos para as plataformas digitais, com intervenção de um júri qualificado e sem qualquer intervenção editorial pela Câmara de Lisboa/Lisboa Cultura", pode ler-se na nota.

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