Privacidade em jogo

Netflix estreia série documental sobre privacidade de dados e o caso Ashley Madison

Exposição de dados de casos extraconjugais inscritos no site Ashley Madison traz à tona questões como privacidade e ética das diferentes redes sociais

Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix
O site se autodenomina como o “destino ideal para casos extraconjugais” desde sua fundação em 2001. Com o slogan “A vida é curta. Tenha um caso”

São Paulo – A plataforma de streaming Netflix acaba de lançar a série documental “Ashley Madison: Sexo, Mentiras e Escândalo”. A obra documental examina o hack sofrido em 2015 pelo site focado em relacionamentos extraconjugais. A ideia é avaliar as repercussões subsequentes que expuseram os dados privados de milhões de usuários e provocaram muitas separações.

Estreando na plataforma na última terça-feira (14), o documentário mergulha nos bastidores do Ashley Madison. O site se autodenomina como o “destino ideal para casos extraconjugais” desde sua fundação em 2001. Com o slogan “A vida é curta. Tenha um caso”, o Ashley Madison nunca escondeu seu propósito. Então, promovia um ambiente de segredo e discrição para os adulteros. Contudo, ele acabou comprometido após vazamento em massa.

A série é dividida em três episódios. Ela traz à tona entrevistas com ex-funcionários do Ashley Madison e casais que terminaram relacionamentos pela revelação dos dados pessoais dos usuários. O documentário também revela detalhes sobre a origem do nome do site, derivado dos nomes femininos populares Ashley e Madison.

Extorsão no Ashley Madison

De acordo com a produção, o ataque hacker ao site foi uma manobra de extorsão. Os invasores ameaçaram divulgar as informações dos usuários — incluindo nomes, endereços e fotos — a menos que o fechassem o site. Quando o Ashley Madison recusou ceder às exigências, os hackers cumpriram a ameaça e publicaram os dados. Na época do hack, o site contava com 37 milhões de usuários. Trata-se de uma informação inédita do documentário.

Entre as entrevistas, destaca-se a participação de Noel Biderman, o então CEO do Ashley Madison, que deixou seu cargo na empresa-mãe, Avid Life Media, em agosto de 2015, após a crise. Biderman, cujas entrevistas arquivadas aparecem na série, enfrentou um escrutínio social durante e após o escândalo.

Evan Back, ex-principal representante de vendas da empresa, também é uma figura central na série. Em um dos episódios, Back faz uma revelação sobre o tema: “A promessa de segurança e anonimato era apenas algo que fazíamos. Não era algo que realmente fazíamos.” Sua declaração sublinha a falha estrutural e ética do site em proteger seus usuários. Fato que agrava a sensação de traição entre aqueles que acreditavam estar em um ambiente seguro.

Mesmo após o hack e a exposição pública, a rede social continua operando como um site de encontros para casos extraconjugais. Mesmo o slogan segue o mesmo. “Ashley Madison: Sexo, Mentiras e Escândalo” revisita um dos maiores escândalos digitais da última década. Então, oferece uma visão crítica e introspectiva sobre as promessas falhas de segurança e anonimato na era digital.