Tragédia no Sul

Em situação crítica, São Leopoldo enfrenta desabastecimento de alimentos

Cidade a 40 quilômetros de Porto Alegre é uma das mais atingidas pelas enchentes, com pelo menos 180 mil pessoas prejudicadas

Prefeitura de São Leopoldo/Divulgação
Prefeitura de São Leopoldo/Divulgação
Há ainda 34 mil residências totalmente cobertas pela água e mais de 13 mil pessoas albergadas em mais de 100 abrigos espalhos por São Leopoldo

São Paulo – Localizada a 40 quilômetros de Porto Alegre, no Vale do Sinos, São Leopoldo é uma das cidades mais atingidas pelas enchentes desde o final de abril. Pelo menos 180 mil pessoas foram atingidas. Há 34 mil residências totalmente cobertas pela água, mais de 13 mil pessoas em albergues e mais de 100 abrigos espalhados pela cidade. Pelo menos 18 escolas ainda estão debaixo d’água, assim como foram destruídos 12 postos de saúde. Quase 30 mil pequenos comércios de trabalhadores individuais perderam praticamente tudo.

O relato foi feito pelo prefeito Ary Vanazzi (PT) ao Seu Jornal, da TVT, na noite desta terça-feira (14). “Vamos externar essas dificuldades”, antecipou o prefeito. “A população precisa de comida. Estamos com falta de alimentação, os mercados ficaram desabastecidos, ficamos sem combustíveis também. As pessoas perderam praticamente tudo. Ficamos dias ilhados (…) Quer dizer, estamos vivendo uma situação dramática no Rio Grande do Sul”, disse, ressaltando a importância de mais doações de todo o Brasil.

Com as chuvas no final de semana, a situação continua caótica. As pontes foram fechadas por segurança, segundo Vanazzi, e o nível do rio Sinos continua subindo e colocando a cidade em alerta. Nesta quarta (15), ao visitar o Rio Grande do Sul pela terceira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá a São Leopoldo para anunciar novas medidas para reconstrução do estado. O ato ocorrerá a partir das 12h30 na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

“Mas as chuvas de agora superaram os níveis do dique em 60, 70 e até 80 centrímetros”, explicou. Choveu em torno de 630 milímetros em 48 horas no município e os diques foram ultrapassados pela água e houve o transbordamento do rio que inundou a cidade. Para Vanazzi, a catástrofe é “resultado da falta de cuidado e planejamento com as mudanças climáticas”. “Precisamos urgentemente retomar, aprofundar e olhar com mais seriedade as questões que estão acontecendo ao redor da gente. Nós estamos pagando pelos crimes ambientais que se cmeteu no ponto de vista histórico”, destacou o prefeito.

Lula em São Leopoldo nesta quarta

O prefeito defendeu ainda que a passagem de Lula mostra “compromisso e responsabilidade” com as vítimas dessa tragédia. Ele também defendeu a implantação de novos protocolos para eventos extremos como o que vem ocorrendo no RS. A cidade de São Leopoldo, por exemplo, rodeada pelo rio Sinos, é cercada por diques de concreto e terra, são 15 quilômetros, ao todo. Esses diques, porém, foram projetados na enchente de 1917, que se repetiu em 1941 e 1965, de acordo com o volume de água que caiu nesses períodos.

Ele criticou a atuação do governo do estado do Rio Grande do Sul diante da destruição causada pelas chuvas e as enchentes que atingem a região desde o final de abril. Em entrevista nesta terça-feira (14) ao Seu Jornal, da TVT, Vanazzi afirmou que a gestão de Eduardo Leite (PSDB) “tem feito muito pouco em relação aos municípios”.

“A reclamação é a de sempre: que não tem dinheiro e o (governo) tem estado em coisas simples, em algumas ações do ponto de vista assistencial, no recolhimento de recursos captados via PIX< a Defesa Civil tem acompanhado. Mas o recurso para as famílias, os municípios e a saúde estão vindo todos do governo federal. Eu tenho aqui a força tarefa do governo Lula. Bombeiros que vieram de Brasília, programas emergenciais que encaminhamos e o governo federal já liberou”, detalhou o prefeito.

A situação se agrava, conforme conclui, com as dívidas do Rio Grande do Sul. O que demandará ainda mais apoio do governo federal e da solidariedade da população brasileira. “Há uma destruição da economia do RS e a crise vai se arrastar por muito tempo. Estamos precisando muito de doações do Brasil inteiro, de alimentação principalmente. Já recebemos muito, mas continuamos precisando”, concluiu Ary Vanazzi.

Confira na íntegra a entrevista:

Redação: Clara Assunção