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Telma Monteiro: «Ficar a um lugar dos Jogos depois de tudo o que aconteceu... Não parece real, mas f..., é!»

Judoca fez uma longa reflexão sobre a sua ausência

• Foto: Gabi Juan/European Judo
Telma Monteiro não vai participar nos Jogos Olímpicos de Paris'2024, naqueles que seriam os seus sextos Jogos Olímpicos. A judoca do Benfica fez uma longa reflexão nas redes sociais, lamentando ter de ficar de fora do mega evento apenas por um lugar na categoria de -57 kg.

"Mas estar triste não me impede de estar ao mesmo tempo grata e sentir um profundo orgulho em tudo o que fiz, como fiz", escreveu num longa mensagem colocada nas redes sociais e que aqui colocamos na íntegra.

"Por onde se começa um texto que nunca imaginámos escrever...

Receio que um post não seja suficiente para expressar tudo o que sinto, senti e vivi nos últimos meses. Mas vou tentar. Por isso a todos os que se interessam e me acompanharam nesta jornada difícil, leiam até ao fim
Por esta altura já não é spoiler. Este ciclo não termina como os últimos 5. Foram 5 ciclos Olímpicos, 5 Qualificações Olímpicas.

Tudo parecia indicar que seriam os 6°s, e assim história.

Quando em Novembro fui operada ao LCA, lateral interno, meniscos,99.9% das pessoas achou que não voltaria para terminar a qualificação olímpica. Talvez nem voltasse a tempo de Paris 2024, se fosse esse o caso. Não sei quantas vezes ouvi isto. Isolei-me, foquei-me em trabalhar e estar perto de quem me desse energia positiva. A verdade é que contra todas as expectativas voltei, 5 meses depois.

O desgaste mental para conseguir estar "pronta" foi enorme. Passei mais horas no ginásio e na fisioterapia do que em casa. Faltava um mês para terminar a qualificação quando regressei à competição.

Tinha pela frente 4 provas seguidas. Nem em forma faço esse planeamento, mas não havia outra opção. Sabia que ia agarrar com tudo, todas as oportunidades que tinha! O risco de voltar a rasgar o joelho era na teoria quase 100%. Mas se havia 0,1% de dar certo eu ia tentar, contra todos os prognósticos. Arriscar a minha "saúde" foi uma decisão consciente. Senti medo? Já vos disse noutra altura, sim, muito! E se rasgasse? A dor.. o fim da qualificação. era um filme de terror que queria passar na minha cabeça e que tinha de constantemente colocar em pausar para poder lutar.

Para vos ser sincera, a determinada altura decidi aceitar que ia rasgar. Só rezava para que não fosse grave e já tivesse conseguido pontos suficientes.

Era um pensamento kamikaze, mas o único que me deixava livre para lutar. Mas não rasgou!

Consegui um 7° lugar no Europeu, praticamente sem preparação especifica nenhuma.
E seguiram-se mais 2 Grand Slam e o Mundial, tudo seguido. O corpo foi ficando cansado, a cabeça queria, mas o corpo com falta de preparação não conseguia corresponder. Tantas emoções, um aperto no peito, muitas lágrimas, mas a exigência de ter que manter o foco semana após semana tinha de ser maior. Foi frustrante, duro em todos os aspectos.

Foi difícil, não ter tempo necessário para estar triste, frustrada ou qualquer outra emoção, apenas focar no que se pode controlar e seguir. Fiquei chateada comigo mesma! Queria ser e fazer mais e não conseguia! Uma exigência fora do normal e injusta. Porque só o facto de estar a lutar já era um feito gigante! Mas eu queria mais. Fisicamente exausta, mentalmente no meu limite. Foi assim que me senti.

Mesmo assim depois de tudo, ainda arranjei forças para ganhar um Open, só pela possibilidade de subir no ranking e ficar no posição de repescagem mais alta. Não me garantia nada, não, ou talvez sim. Paz. A paz interior de ter feito tudo o que estava ao meu alcance, possível e em teoria impossível!

Ficar a um lugar de ir ao Jogos Olímpicos depois de tudo o que aconteceu, depois de todo o esforço é muito duro. Não parece real... mas f..., é!

Mas estar triste não me impede de estar ao mesmo tempo grata e sentir um profundo orgulho em tudo o que fiz, como fiz. E isso estende-se a todos os que me ajudaram e embarcaram nesta tarefa "impossível". Fizemos o impensável. Obrigada por terem tentado comigo. Não terminou como um conto de fadas, mas foi sem dúvida um percurso daqueles como nos filmes dos super heróis.

Obrigada Deus.
Ps. Era possível."


Por Record
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