Zicky Té: «Sonho ser o melhor do Mundo»

Aos 22 anos, o pivô do Sporting foi campeão nacional pelo Sporting nas quatro épocas no plantel principal, mas não esconde que sentiu raiva após inédito tetra. O goleador sabe o que quer e não deixa nada por dizer

Zicky Té: «Melhor do Mundo? Este ano fui nomeado...»
Zicky Té: «Melhor do Mundo? Este ano fui nomeado...»

RECORD - Quatro épocas no plantel principal do Sporting, quarto títulos de campeão nacional. Já está a perder a piada?

ZICKY TÉ – Está é a ganhar ainda mais piada! É cada vez mais difícil ter estas conquistas. Felizmente porque ajuda a crescer, mas infelizmente não tenho estado a ter as conquistas que queria, que é ganhar tudo sempre. Está a ser mais difícil vencer o campeonato, tanto pela evolução das equipas, como pelo crescimento do futsal a nível nacional e mundial. Somos obrigados a estar cada vez melhor.

R - O que é que torna a vossa equipa especial?

ZT – Apesar de estarmos a vencer há muito tempo, sinto que temos a obrigação de ganhar. Somos tetracampeões, mas o chip já está em ganhar o penta. Não que o que nós fizemos não tenha sido bom, porque vamos ficar na história do futsal, mas o nosso ADN e o que o clube nos incute é que não dá para ficar por aqui. Se ficarmos por aqui não vamos conseguir o grande feito que é ganhar o penta. As outras equipas estão cada vez melhores e com muita vontade de nos vencer. Quem não quer quebrar o ciclo do Sporting? Parece que o ciclo vai quebrar e depois não quebra. As outras equipas estão mortinhas para nos ganhar e dizer ‘eu quebrei o ciclo, eu fui o campeão quando o Sporting dominava’. E nós temos de estar cada vez melhor para contrariar isso. Nas alturas chave temos de nos agarrar uns aos outros.

R - Que sabor fica desta época?

ZT – Vou ser sincero. No dia em que fomos campeões, estava a comentar com um colega e disse ‘pá, saio com uma sensação de raiva. Estou bué feliz por termos sido tetra, queríamos muito, mas estou com uma raiva dentro de mim porque parece que fugiram títulos por entre os dedos’. A Supertaça, a Taça, até a Champions. Tudo estava ao ?nosso alcance e dependia de nós. Estivemos muito bem, especialmente na Supertaça e na Taça, mas não se pode ganhar sempre. Saí com um bocado de frustração de uma época boa. Mas para o nível e a exigência do Sporting não foi assim tão boa.

R - Já estão a pensar no penta?

ZT – O presidente disse que agora temos de nos bater a nós próprios. Fomos tetra, algo que ninguém conseguiu, e agora temos outro objetivo que é ser penta e ganhar seis, sete, oito vezes. Parece fácil. Muitas vezes dizem ‘vocês vão lá e mais tarde ou mais cedo cai para vocês’ e isso mostra muito o que é a nossa capacidade mental, acima de tudo. Quando as coisas não estão a correr bem, sabemos que conseguimos dar a volta. Ganhámos uma final por 3-0 e com aquelas exibições depois de virmos da Champions, em que tínhamos perdido com o Barça e com o nosso rival. Quando parecia que estava tudo tremido, o Sporting fez o que fez. Nós não tínhamos ganho ao Sp. Braga esta época e podiam ter aparecido fantasmas quando começámos a perder 1-3 em casa. E só uma grande equipa como a nossa consegue essa reviravolta e este resultado inédito.

R - Renovarem a equipa muito a partir de dentro, mesmo quando saem figuras como o Erick e o Guitta este ano, resume-vos?

ZT – Sim, é o pão nosso de cada dia. O Sporting tem a sua identidade, rigor, disciplina e forma de estar. Nós somos as armas dentro de campo para atingir os objetivos porque a estrutura está montada. Não se consegue tantos anos no topo sem uma estrutura forte e condições para levar os atletas a estarem no seu melhor. Não foi muito difícil para mim adaptar-me às exigências do Sporting ou ao modelo de jogo porque já trabalhamos aquilo desde os infantis.

R - No início de cada época fala-se quase sempre na hipótese do tal fim de ciclo, por sair este ou aquele jogador, porque os rivais se reforçam muito. Isso espicaça-vos?

ZT– É das piores coisas que se pode dizer à minha equipa. Ali há muita gente com fome de ganhar e competir, leva mesmo a sério as picardias. Nós já tivemos adeptos nossos a dizer que ia ser o fim de ciclo, porque este saiu ou não veio aquele. E o Sporting tem uma estrutura forte que faz com que as pessoas que entram, passado um mês ou dois, parece que jogaram lá a vida toda. É muito difícil alguém entrar ali e não se adaptar. Não há egos, não há grupos à parte. É uma das coisas que faz mais a diferença, quando lutam todos pelo mesmo. E quando chega um, acolhe-se como se fosse o teu irmão, seja da tua posição ou não.

R - A nível pessoal, imaginas uma aventura fora do Sporting?

ZT – Neste momento só estou focado no Sporting. A exigência do Sporting é ganhar tudo em que estamos inseridos, nem que seja quem passeia ou anda melhor. O Sporting quer é ganhar. E eu estou muito focado no que posso fazer para ajudar o Sporting. Ganhámos dois títulos e perdemos três este ano, tenho de ver o que posso melhorar para depois ajudar a equipa para conseguirmos os outros três títulos.

R - Mas um dia achas que gostavas de sair ou vês-te a carreira toda no Sporting e sempre em Santo António dos Cavaleiros?

ZT – Em Santo António dos Cavaleiros penso sempre e no Sporting também! Não vou ser hipócrita e dizer que penso noutras coisas agora. Não sei o dia de amanhã, mas atualmente só consigo imaginar estar no Sporting.

R - Com a carreira que tens, já tiveste o teu momento de cair na cama e pensar ‘isto é tudo verdade e está mesmo a acontecer’?

ZT – Tive um momento e foi depois de termos perdido a Champions. Parei para pensar nos mais velhos que nos dizem ‘quanto mais difícil é, é porque estás no caminho certo’. Eu vinha muito frustrado no carro e a pensar ‘estou no caminho certo e vamos ganhar este campeonato’. Vamos mostrar mais uma vez de que é que somos feitos e eu vou mostrar o quanto quero ganhar isto. Era uma fase em que estava com dores ainda, estava mesmo mal fisicamente e o nosso diretor, o Mário Miguel, disse-nos que para ser tetra era preciso fazer algo que nunca tínhamos feito. Por alguma razão nunca ninguém tinha conseguido. Foi-nos metido ali mesmo em grande: o que podemos fazer que nunca fizemos para conseguir o tetra? E eu, na altura, como estava com as dores, associei a isso e pensei em fazer sacrifícios. Não interessa as dores, temos é de ganhar isto e depois logo se vê.

R - E o que é que alguém que já ganhou basicamente tudo sonha alcançar? Ser o melhor do Mundo?

ZT – É um sonho que tenho. Este ano fui nomeado, foi um momento de extrema felicidade. Ainda me lembro dos meus irmãos, logo a gritar em casa, a minha mãe a rezar. Éramos 9 na lista, de 2022. Acabou por ganhar o Pany com todo o mérito porque já merecia há algum tempo ser o melhor. Só de pensar estar nos 9 melhores… Somos muitos jogadores de futsal! E aos 22 anos fui nomeado. Foi um feito muito, muito grande.

RECORD - Quatro épocas no plantel principal do Sporting, quarto títulos de campeão nacional. Já está a perder a piada?

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Por Pedro Gonçalo Pinto
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