Teste do pezinho revela menos nascimentos na primeira metade do ano, após dois anos a subir

Em comparação com os primeiros seis meses de 2023, foram estudados menos 518 recém-nascidos. Num total nacional de 41.284 bebés rastreados, Lisboa e Porto foram os distritos com os maiores números.

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Mais de 41 mil bebés foram estudados no âmbito Programa Nacional de Rastreio Neonatal, menos 518 do que em igual período do ano passado Manuel Roberto
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Na primeira metade deste ano, nasceram menos 518 bebés em território nacional do que nos primeiros seis meses de 2023. Os dados do “teste do pezinho” avançados ao PÚBLICO pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) indicam que, entre Janeiro e Junho, foram estudados 41.284 recém-nascidos no âmbito Programa Nacional de Rastreio Neonatal, menos 518 do que em igual período do ano passado (41.802).

Apesar de estes dados dizerem respeito ao número de recém-nascidos estudados no âmbito programa e não ao número total de nascimentos em Portugal, o teste do pezinho rastreia algumas doenças graves em todos os recém-nascidos e é um forte indicador quase em tempo real do aumento ou diminuição da natalidade de ano para ano. O número de bebés estudados através deste programa estava a crescer desde 2021, depois de uma quebra nos anos da pandemia de covid-19. Nos primeiros seis meses de 2021, foram rastreados 37.675 bebés, número que subiu para 39.397 em 2022 e para 41.802 em 2023. A primeira metade de 2024 marca, assim, a primeira descida, ainda que ligeira, desde o período pandémico.

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Os dados indicam que Janeiro foi o mês que registou o maior número de nascimentos (7683), seguido de Maio (7181) e Abril (7040). Foi em Março (6241) que nasceram menos bebés. E olhando para os números por zonas do país, Lisboa foi, sem surpresas, o distrito com mais bebés estudados, num total de 12.794, um valor semelhante ao registado no mesmo período do ano passado (12.613). O Porto foi o segundo distrito com mais rastreios: 7157, um número ligeiramente menor do que o de 2023 (7550). E Setúbal (3359) e Braga (3083) ocupam o terceiro e quarto lugar.

Foi em Bragança (229), Portalegre (248), Guarda (343) e Beja (482), todos distritos do interior do país, que foram registados os valores mais baixos de bebés estudados.

Em 2022 e 2023, Portugal voltou a ultrapassar a barreira dos 80 mil nascimentos, após a quebra histórica da natalidade em 2021. Antes deste mínimo registado em 2021 (79.217 nascimentos), o número mais baixo tinha sido verificado em 2014, com 83.100 exames realizados no país, e o mais alto no ano de 2000 (118.577), segundo revelou a agência Lusa no ano passado.

O teste de rastreio de algumas doenças graves, o chamado “teste do pezinho”, é realizado desde 1979 no âmbito do Programa Nacional de Rastreio Neonatal (PNRN). Deve ser feito entre o terceiro e o sexto dia de vida do recém-nascido. Antes disso, os valores dos marcadores existentes no sangue do bebé podem não ter valor diagnóstico e após o sexto dia alguns marcadores perdem sensibilidade, havendo o risco de atrasar o início do tratamento, segundo explica o INSA.

O teste permite detectar algumas doenças graves — desde o hipotiroidismo congénito, à fibrose quística, atrofia muscular espinal e 24 doenças hereditárias do metabolismo — que clinicamente são muito difíceis de diagnosticar nas primeiras semanas de vida e que, mais tarde, podem provocar atraso mental, alterações neurológicas graves, alterações hepáticas ou até situações de coma.