Do Choupal até à AR, arquitectos de Coimbra insistem noutra visão para a alta velocidade

Os promotores da petição foram ouvidas na Comissão Parlamentar de Obras Públicas. Insistem numa proposta complementar à do arquitecto catalão Joan Busquets, ligando o Choupal à futura estação.

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Uma das propostas dos arquitectos passa por ligar o Choupal à futura estação de Coimbra através de um parque verde Nelson Garrido
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Os promotores da petição “Parque Multimodal do Choupal – Uma Visão Complementar para a Alta Velocidade em Coimbra” estão esperançados em ver feitas algumas das alterações que propõem no âmbito do Plano de Pormenor da Estação de Coimbra, depois de terem sido recebidos na Assembleia da República, no final de Junho.

A petição, que entre Fevereiro e Abril deste ano reuniu 675 assinaturas, era inicialmente dirigida ao Ministério das Infra-Estruturas, Infra-Estruturas de Portugal, S.A., Assembleia Municipal de Coimbra e Câmara Municipal de Coimbra, mas o grupo de cidadãos (na sua maioria arquitectos) acabou por solicitar uma audiência à Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação. “Das quatro entidades, apenas o ministério e a Infra-Estruturas de Portugal, S.A. se encontram em incumprimento, não se tendo pronunciado sobre a petição ou sequer promovido uma reunião”, refere o movimento, em comunicado divulgado esta semana.

O grupo fez-se representar na Assembleia da República (AR) por Luís Paulo Sousa, Paulo Antunes e Adelino Gonçalves. Durante quase uma hora, explicaram aos deputados o respectivo ponto de vista sobre o projecto, apontando que “está em causa a eficiência económica do investimento público, quer na sua dimensão estritamente rodoviária, quer na sua importante dimensão de promoção do equilíbrio do territorial nacional”.

“Aceitar a inserção de uma nova travessia rodoviária sobre o Mondego, neste ponto nevrálgico do desenvolvimento urbano de Coimbra, constitui um gravoso passo atrás em todas as políticas europeias e nacionais relativas a sustentabilidade, economia e qualidade de vida urbana”.

Recorde-se que esta proposta cidadã propõe ligar o Choupal à futura estação de Coimbra através de um parque verde, uma nova visão face à proposta do arquitecto catalão Joan Busquets, a quem a câmara e a IP encomendaram o plano. O projecto de Busquets prevê, entre outros elementos, uma Estação Intermodal, através de um edifício ponte, espaço para uma nova gare rodoviária (a actual está na Avenida Fernão de Magalhães) e repensa a ligação de toda a zona poente de Coimbra à zona central da cidade, nomeadamente à Baixa.

“Com a incapacidade de a Câmara Municipal de Coimbra — atestada à saciedade nos últimos meses de propugnar por uma afirmação estratégica de Coimbra em torno da chegada da alta velocidade à cidade, entendemos solicitar um acompanhamento desta Comissão Parlamentar da Economia, Obras Públicas e Habitação, de todos os dossiers que estejam a ser, ou possam vir a ser tramitados pelas entidades de âmbito nacional que tenham influência sobre o Plano de Pormenor da Estação de Coimbra, e que manifestamente constituam claros obstáculos a uma afirmação estratégica de Coimbra, através da criação de um parque semelhante àquele que defendemos”, refere o comunicado.

De resto, os promotores da petição regressaram a Coimbra satisfeitos: “Percebemos a identificação da quase totalidade dos presentes, com a ideia de que urge concretizar o Plano Nacional Rodoviário de forma a que a circular regional por nós proposta, resultante do prolongamento da A13 para nordeste e norte de Coimbra, aconteça com a brevidade que o atraso na sua concretização exige.” Concordam que o Plano de Pormenor da Estação de Coimbra “continua a poder vir a ser um importante factor de desenvolvimento socioeconómico da região, assim a Câmara Municipal de Coimbra não continue a insistir em soluções rodoviárias profundamente negativas para a cidade, quer de atravessamento regional, quer servidoras do futuro equipamento de mobilidade que é o centro desse plano de pormenor”.

A autarquia tenciona fechar o plano até ao final deste ano, embora a elaboração do documento esteja ainda condicionada pelo Plano de Gestão dos Riscos de Inundações (PGRI), que impõe limites a construções. A maquete que Joan Busquets foi apresentar a Coimbra, há três meses, identifica os volumes dos novos edifícios, nomeadamente da estação ferroviária, em forma de ponte. Ana Bastos, vereadora do Urbanismo e obilidade, disse ao PÚBLICO que está em causa “toda uma nova frente urbana, uma frente ribeirinha que vai ser uma nova imagem da margem direita da cidade de Coimbra”. “Eu acho que não há melhor argumento do que este: vamos não só potenciar o desenvolvimento económico, social e urbanístico, de qualidade acima de tudo, mas também o desenho urbano, sublinha a autarca.