Há mais cinco mil milionários em Portugal. Até 2028, serão mais 18 mil

Segundo o Global Wealth Report 2024, há quase 172 mil milionários em Portugal. O adulto português médio tem um património líquido de cerca de 68 mil euros, o número quase duplicou desde 2012.

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A riqueza dos portugueses cresceu, em média, 81% nos últimos 15 anos Ricardo Lopes
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Há cada vez mais milionários em Portugal e número vai continuar a crescer: até 2028, estima-se que sejam mais 10%. A verificar-se esse valor, por essa altura serão mais de 189 mil. Em 2023, segundo dados apresentados no Global Wealth Report 2024, da UBS, existiam 171.797 —​ mais cinco mil do que no ano anterior.

Os números mais recentes tornam-se ainda mais relevantes, olhando para os anos de 2019 e 2020, quando o número de milionários em Portugal ficava nos 117 mil e 135 mil, respectivamente. A UBS considera milionário aquele que tenha património líquido superior a um milhão de dólares, o que corresponde a cerca de 922 mil euros.

Portugal segue a tendência de crescimento, mas está no final da lista. Em alguns países, a UBS estima que nos próximos cinco anos sejam mais 50%, e só Reino Unido, Países Baixos, Grécia, China e Itália estão abaixo do caso português. Aliás, os dois primeiros contrariam a tendência: até 2028, o número de milionários vai diminuir — no Reino Unido, 17%, e nos Países Baixos, 4%.

No sentido oposto, Taiwan é o país onde se prevê que surjam mais novos milionários graças à indústria de microchips implementada no país, que pode crescer na sequência da popularização da inteligência artificial. Também é expectável que a imigração de estrangeiros com capital elevado acelere o surgimento de novos milionários. Em cinco anos, espera-se um aumento de 47%, que elevará o número de cerca de 789 mil para mais de um milhão.

Entre 2000 e 2010, o crescimento de riqueza global anual rondava os 7%, mas, entre 2010 e 2023, esse valor baixou para os 4,5%. “Por outras palavras, um terço foi cortado”, lê-se no relatório divulgado pela UBS. E Portugal segue a tendência. Na década até 2010, o crescimento de riqueza anual estava nos 8% e, até 2023, o valor baixou para os 3%.

O património líquido do adulto português médio é de pouco mais de 68 mil euros, o que representa um aumento de 3,8% relativamente ao ano anterior, quando o valor se fixava perto dos 66 mil euros. Em 2012, ficava pelos 35 mil. Desde essa altura, o património líquido do adulto médio em Portugal quase duplicou.

O relatório dedica um capítulo inteiro à análise da riqueza desde 2008, não só porque foi o ano em que a UBS começou a analisar estes dados, mas também por ser um ano marcante de crise financeira. A conclusão mais importante a retirar é que a riqueza dos portugueses cresceu, em média, 81% nos últimos 15 anos. Ao olhar para a mediana, o número é menor, fica pelos 71%. E noutros países o caso é mais gritante. Em Espanha, por exemplo, a riqueza média aumentou 12% e a mediana desceu quase 7%. “Isto sugere que indivíduos de classes mais baixas suportaram o peso da queda da riqueza”, explicita o relatório.

A desigualdade na distribuição da riqueza mede-se através do coeficiente de Gini, também analisado no Global Wealth Report 2024. Portugal está próximo da restante Europa Ocidental e apesar de não estar a baixar (a igualdade é atingida em pleno com um coeficiente de 0), a subida tem sido mais lenta do que em alguns países. Em Espanha, aumentou quase 20% e, em Portugal, menos de 2%. Mas isto não significa que os cidadãos portugueses estejam numa situação melhor do que os espanhóis. Num país muito pobre, em que toda a gente tivesse muito pouco património líquido, o coeficiente de Gini andaria perto do 0. Na prática, não se traduziria em benefícios para os habitantes.