Sua voz tem poder. Use-a!
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Sua voz tem poder. Use-a!

Como gerar ondas de mudança para garantir a equidade entre gêneros no mundo corporativo

Fábio Mori - Outro dia, navegando aqui no Linkedin, me deparei com um post da Ana Maia que acendeu em mim a responsabilidade de tomar parte em uma luta que é das mulheres, mas precisa ser também de todos nós: a busca por equidade entre homens e mulheres dentro do universo das corporações. Tomei a liberdade de procurá-la para construirmos a 4 mãos esse artigo, com o intuito de provocar nas nossas redes a seguinte reflexão: O que cada indivíduo pode fazer para somar nesse movimento?


Ana Maia - Eu sou Ana Maia, trabalho no mercado logístico há 7 anos, um universo predominantemente masculino onde sempre foi um desafio me provar, posicionar e ir contra todos rótulos que ali me davam, deram e dão. Tento ser uma voz autêntica nos ambientes profissionais que frequento, e fiz um post evidenciando a falta de mulheres nos palcos de um importante evento do setor logístico. Em 3 painéis com 7 participantes em cada, apenas uma mulher. 1/21. Nesse post, eu também convocava os homens, os líderes, a darem oportunidades e visibilidade para as mulheres dentro de seus setores, já que estamos presentes, contribuindo com nossos conhecimentos para o desenvolvimento do mercado. 


FM - Eu fiz um comentário de apoio nesse post, que acabou desaguando na interação de um dos organizadores do evento, que se declarou aberto ao diálogo e disposto a mudar esse cenário desigual nas próximas edições. Às vezes um gesto simples desencadeia um resultado inesperado. Por isso é tão importante que as pessoas que estão numa posição mais “confortável” para levantar essa bandeira o façam. 

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AM - Levantar a mão para apontar o óbvio ainda gera um receio muito grande entre as mulheres, há ideias que saem porque não podem mais ser contidas, mas se fosse parar pra pensar, eu não teria feito um post desse, por receio de me tornar alvo. Mesmo nas interações, eu senti que muitas mulheres hesitaram em curtir, comentar, apoiar, por medo de ficarem marcadas.


A partir do momento que alguns homens que trabalham comigo começaram a curtir o post, aquilo me deu segurança para manter minha posição. É ideal que seja necessária a validação de um homem para que uma mulher seja ouvida? Não. Mas no estágio em que estamos, ainda precisamos desse apoio, pois é ele mesmo que pode nos ajudar a um dia não mais precisar.


FM - Os que, como eu, trabalham em empresas engajadas com o tema, os que estão em posição de liderança, os que têm espaço e liberdade precisam abraçar essa causa. Acredito que a mudança acontecerá como ondas vibratórias, que se propagam em todas as direções desde que haja um meio propício. 


É como na física: um gesto simples como esse comentário no post é a pedrinha caindo na superfície calma do lago,  a água - meio de propagação - seria o ambiente oferecido pelas empresas que tratam o assunto com responsabilidade, e os círculos concêntricos gerados pelo encontro da pedrinha com a água seriam esse movimento de mudança que vai se propagando por todo o ambiente.


AM - A desigualdade entre gêneros no mundo corporativo não é novidade para ninguém. O tema tem entrado para a agenda de várias e importantes empresas, e está presente na matriz de materialidade de muitas. Mas, quando nos voltamos para a realidade das organizações, o tema ainda engatinha. 


FM - Um estudo realizado pela Universidade de Harvard revelou que os homens ainda alcançam níveis de sucesso superiores aos das mulheres, apesar de elas terem nível de educação maior que os homens em mais de 100 países. Para se ter uma ideia, nos EUA, o número de CEOs chamados John é maior que a quantidade total de mulheres no mesmo cargo. 


AM - Eu admiro e respeito muito iniciativas que reúnem mulheres de um determinado setor como estratégia de fortalecimento, mas o que eu desejo mesmo é discutir o assunto da mulher com o homem junto para que o homem fale desse assunto comigo. Ver homens e mulheres num mesmo espaço debatendo não só esse tema, mas todos os temas relevantes para a sociedade e para o mercado. Acredito que só alcançaremos uma mudança consistente se todos abraçarem a causa.


FM - Eu concordo muito com a Ana, acredito em somar forças. Então, convido todos os meus parceiros a refletirem comigo: O que podemos fazer para promover a mudança que queremos ver no mundo? Não basta torcer para as coisas mudarem, é preciso dar a cara a tapa, confrontar os comportamentos machistas, atuar no dia a dia para que nossas ações contribuam para essa paridade entre gêneros. 


AM - Todo homem tem teto de vidro? Provavelmente. Então um bom primeiro passo é identificar seus preconceitos implícitos. A Universidade de Harvard criou uma ferramenta para nos auxiliar a fazer isso, por meio de livre associação de palavras e ideias: https://implicit.harvard.edu/implicit/. Tomando consciência dessas associações fica mais fácil trabalhar para derrubá-las e tratar todos com igualdade. 


FM - Observemos ao nosso redor: as reuniões são dominadas por um gênero? Faça um teste, grave uma reunião e calcule o quanto mulheres e homens falam nas reuniões de que você participa.


Uma maneira efetiva de apoiar essa causa é declarar publicamente nosso posicionamento. Podemos e devemos utilizar nossas voz presencial e virtualmente para promover essa mudança. Seja engajando o post de uma mulher, se posicionando sempre que perceber um comportamento que desmereça uma mulher. Não participar de grupos profissionais onde só haja homens e, caso participe, apontar este fato, questionar. 


AM - Abrir vagas afirmativas para mulheres nos times. Dar oportunidade para que as mulheres do seu time sejam vistas e ouvidas, palestrem, debatam, protagonizem.


FM - No fim do dia, não é sobre a meta que a empresa impõe ou uma regra regulatória, eu levanto essa bandeira junto com a Ana por entender que é o correto e, inclusive, por acreditar que as empresas tomam melhores decisões e geram mais resultados quando não são dominadas por um único gênero. 

E você?

AM - Como tem contribuído para um mercado mais justo e equilibrado?

“Capacidade de analisar a realidade mesmo que isso seja desconfortável! Tenha diferentes percpectivas!” - Barak Obama

Parabéns Fabinho! Pela causa, pela matéria e pela voz dada ao assunto tão relevante nos dias atuais. 👏👏👏👏

Bárbara Pimentel

Mãe do Pedro I Digital Channels Manager | E-commerce

1y

Que artigo bacana! Esse tipo de discussão é essencial para avançarmos no tema de equidade de gênero. E fico ainda mais feliz quando este tipo de conversa vêm de lideranças, principalmente da minha! Parabéns Ana e Mori 👏🏻

Carolina Figueira

Gerente de Go To Market | Administradora | Co-Sponsor do pilar de gênero na Vivo

1y

Que legal!! Não só o artigo em si, mas a disposição pela discussão e a motivação que impulsionou essa atitude!! De fato temos muito a caminhar, mas entender que não estamos em lados opostos e que cada um tem sim um lugar de fala e ação na questão de gênero é fundamental! Que bom poder discutir isso abertamente dentro e fora de grandes empresas e que bom ver que o tema é relevante para lideranças!!! Questionar o padrão é preciso!!! Parabéns Mori e Ana!!

Ana Paula C Ramos

Consultora de marketing na Vivo (Telefônica Brasil) com expertise em marketing de crescimento

1y

Adorei o artigo, parabéns pelo apoio à causa! 👏🏻👏🏻

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