Michelle Obama: a ex-primeira dama que ainda influencia e inspira

Por dois anos seguidos considerada a mulher mais admirada do mundo, sua popularidade supera a de seu marido

Michelle Obama
Foto: Reprodução/ Sky News Australia
Nome completo:Michelle LaVaughn Robinson Obama
Data de nascimento:17 de janeiro de 1964
Local de nascimento:Chicago, EUA
Formação:Sociologia (Princeton) e Direito (Harvard)
Ocupação:Advogada e escritora

“Uma das coisas de Barack Obama que sentimos falta é que ele lotava estádios pelo país fazendo campanha sobre esperança. As pessoas se cercavam umas das outras, cada uma com uma história diferente, e diziam: não estou sozinho nisso. Era a sensação de não estarmos divididos…”

A fala de Michelle Obama, durante a turnê de lançamento de seu livro “Minha História” entre 2019 e 2020, faz parte do documentário de mesmo nome (do original Becoming), lançado pela Netflix. A autobiografia relembra sua história, desde a infância em Chicago até o final do segundo mandato do ex-presidente Barack Obama, em 2018.

Ao longo dos oito anos em que viveu na Casa Branca, Michelle conduziu projetos voltados principalmente à cidadania e saúde. Entre eles, destacam-se a defesa da educação e do direito das mulheres e ações de incentivo à alimentação saudável e prática de exercícios físicos, visando especialmente o combate à obesidade infantil. 

Altos e baixos acompanharam a vida pública da ex-primeira dama, que era alvo de críticas constantes de públicos distintos. Incisiva e eloquente, Michelle nunca se colocou à sombra do marido, a ponto de seus discursos na primeira campanha presidencial de Barack Obama lhe renderem a alcunha de “nervosa” e dominadora. 

“Parei de falar livremente, e comecei a utilizar teleprompters e a ser roteirizada. Eu começava a acordar para a verdade de quem podemos ser, e fiquei menos vulnerável”, relembra Michelle, que assumiu papel bem mais discreto, sendo inclusive tachada de fria e distante nos primeiros anos de Obama como presidente.

Por outro lado, a postura mais contida decepcionou progressistas (em especial, feministas), que a criticavam por ter escolhido a família em detrimento da carreira. Mesmo sem agradar a gregos ou troianos, Michelle foi considerada a mulher mais admirada do mundo por dois anos consecutivos, em 2019 e 2020, segundo pesquisa da empresa britânica YouGov.

Quem é Michelle Obama?

Michelle LaVaughn Robinson Obama nasceu em 17 de janeiro de 1964 em Chicago, Estados Unidos. Seu pai, Fraser Robinson III era funcionário da usina de água potável da cidade, e sua mãe, Marian Shields Robinson, era dona de casa.

A origem humilde não impediu Michelle e seu irmão mais velho de terem acesso a uma formação acadêmica. Em 1981, aos 17 anos, começou a cursar Sociologia na Universidade de Princeton, onde também se especializou em Estudos Afro-americanos. 

Estudar da renomada universidade era a realização de um sonho, mas o início não foi como a jovem esperava. Primeiro, foi preciso vencer resistências de sua própria orientadora, que não a achava qualificada para a instituição. Depois, veio a discriminação dentro da universidade por ser uma das únicas alunas negras.

No documentário Minha História, Michelle conta que uma colega de quarto tinha se mudado por pressão de sua mãe, horrorizada com o fato de a filha dividir o espaço com ela.

“Ela sentiu que sua filha corria perigo pelo fato de eu ser negra. Eu não estava preparada para isso”, lembra.

Em 1985, concluiu o curso em Princeton e, no mesmo ano, ingressou em Harvard para estudar Direito, tendo se graduado em 1988.

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Vida profissional e casamento

Assim que deixou Harvard, Michelle começou a trabalhar no escritório Sidley & Austin, com foco em marketing e direito de propriedade intelectual. Em 1989, Barack Obama ingressou como estagiário de verão no mesmo escritório, para depois retornar à universidade. Foi então que os dois se conheceram.

Em 1991, Michelle deixou o Sidley & Austin para se dedicar ao serviço público norte-americano, tornando-se assistente de Richard M. Daley, então prefeito de Chicago. Um ano depois, passou a ser assistente do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Chicago, e casou-se com Barack Obama, fixando residência no South Side de Chicago.

Em 1993, participou da criação da Public Allies, um programa de treinamento para jovens lideranças no setor público. Em 1996, assumiu a direção dos serviços estudantis da Universidade de Chicago, ano em que Barack Obama se elegeu para o Senado de Illinois.

Sua carreira se desenvolvia na Universidade de Chicago, tendo assumido a direção executiva de negócios externos da instituição em 2002. Em 2005, tornou-se vice-presidente da comunidade de assuntos externos da Universidade de Medicina de Chicago.

Juntos, Michelle e Barack Obama têm duas filhas: Malia Ann Obama e Natasha Obama, nascidas em 1998 e 2001, respectivamente.

Eleição presidencial de 2008 e o afastamento do trabalho

Com a candidatura de Barack Obama à presidência pelo Partido Democrata, em 2008, Michelle afastou-se da Universidade de Chicago para apoiar a campanha do marido. 

Em janeiro de 2009, após derrotar o republicano John McCain, Obama assumiu como o 44.° presidente dos Estados Unidos e o primeiro negro a ocupar o cargo na história do país.

Atuação social de Michelle Obama como primeira-dama

Durante os dois mandatos de Barack Obama, Michelle se envolveu em vários trabalhos e causas sociais, com ênfase na saúde, educação e empoderamento feminino.

Em um esforço para promover uma alimentação mais saudável e combater a obesidade infantil, organizou uma horta na própria Casa Branca, para que as crianças aprendessem a cultivar os alimentos. Para complementar a ação, reformulou o cardápio de várias escolas públicas americanas e incentivou a prática de exercícios físicos entre os alunos. A experiência foi relatada em seu primeiro livro: “Cultivado na América: a história da horta da Casa Branca e de hortas por toda a América”, lançado em 2012.

O projeto “Let´s Girls Learn” também merece destaque entre as ações lideradas por Michelle. Anunciada em 2016, último ano do segundo mandato de Obama, a iniciativa tinha o objetivo de levar à escola cerca de 62 milhões de meninas sem acesso à educação.

Mesmo longe da Casa Branca, Michelle continuou manifestando apoio a diversos movimentos sociais – entre eles, o “Me Too”. Para ela, é fundamental a união e o apoio mútuo entre mulheres, para que se façam as mudanças necessárias no mundo.

A preocupação com os jovens também permanece no radar de Michelle, que, segundo ela, precisam ser encorajados, pois deles dependem as próximas gerações.

“Estamos em uma encruzilhada, na qual temos que pensar quem somos como nação. Continuo esperançosa de que as pessoas querem o melhor, se não para elas mesmas, para as próximas gerações”, afirma.

Seu discurso incentiva que as minorias tenham autoconfiança e busquem a visibilidade.

“Não podemos esperar pela igualdade do mundo para começar a nos sentir vistos. Estamos longe disso, não vai dar tempo, não vai acontecer com um presidente, com um voto. em vez disso, vocês precisam encontrar ferramentas próprias para se sentirem visíveis, para serem ouvidos. Essas eram as expectativas que minha família tinha em relação a mim, e que tenho quanto a vocês”, disse a um grupo de jovens no lançamento de seu último livro.