Como juntar R$ 50 mil em um ano aplicando na renda fixa?

Para prazos curtos, esforço de poupança é maior, dizem especialistas, que também sugerem diversificação

Luciana Del Caro

(Fonte: Pexels/ maitree-rimthong)
(Fonte: Pexels/ maitree-rimthong)

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Quando se trata de juntar dinheiro em pouco tempo, o esforço de poupança acaba sendo muito mais importante do que a rentabilidade dos investimentos. É o que mostra uma simulação feita pela Levante Corp a pedido da InfoMoney, cujo objetivo era exemplificar como guardar R$ 50 mil em apenas um ano aplicando na renda fixa, tanto em títulos públicos (Tesouro Prefixado, Tesouro Selic e Tesouro IPCA) quanto no crédito privado, como debêntures, CDBs, CRIs e CRAs.

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“No curto prazo, a maior parte do valor guardado diz respeito aos aportes feitos pelo investidor. Por isso é tão difícil acumular bastante dinheiro. Durante vários anos, o que vai fazer diferença são os aportes. Com o passar do tempo, a rentabilidade começa a se tornar mais relevante do que os investimentos”, afirma Fabrício Silvestre, analista de renda fixa da Levante Corp, que efetuou a simulação.

Embora à primeira vista pareça ser fácil manter a constância nos aportes para juntar os valores desejados, Silvestre diz que, na prática, a situação não é essa, já que grande parte das pessoas não conta com reserva de emergência para imprevistos – e acaba não conseguindo guardar o dinheiro.

Os valores necessários para o investidor juntar R$ 50 mil em um ano variam conforme o investimento feito – quanto maior a rentabilidade, menor será o aporte mensal para chegar lá. Veja na tabela a seguir:

AtivoInvestimento mensalRetornoValor guardado
Tesouro Prefixado1 R$      3.976,65 R$     2.280,51R$ 50.000,00
Tesouro Selic2 R$      3.976,06 R$     2.287,38R$ 50.000,00
Tesouro IPCA+3 R$      3.981,10 R$     2.226,88R$ 50.000,00
CDB 97% DI4 R$      3.991,70 R$     2.099,75R$ 50.000,00
Debênture NTN-B+1 p.p.5 R$      3.900,67 R$     3.191,98R$ 50.000,00
CRA/CRI NTN-B +1 p.p.6 R$      3.394,40 R$     9.267,23R$ 50.000,00
Fonte: Levante Corp

1 Taxas de 0,82% a 0,86% ao mês
2 Taxas de 0,83% a 0,85% ao mês
3 Taxas de 0,70% a 1,02% ao mês
4 Taxas de 0,8% a 0,83% ao mês
5 Taxas de 0,78% a 1,09% ao mês
6 Taxas de 0,78% a 1,09% ao mês

Considerando a alternativa com rentabilidade inferior, que seria um CDB pagando 97% do CDI, o investidor teria que guardar quase R$ 4 mil mensais – que, após doze meses, teriam rendido apenas cerca de R$ 2,1 mil. Somando-se os cerca de R$ 48 mil poupados e o rendimento de R$ 2,1 mil, o investidor alcançaria os R$ 50 mil. Nesse caso, percebe-se que o esforço de poupança é bastante grande e que o reforço dos rendimentos é pouco relevante.

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A alternativa que renderia mais e que, portanto, demandaria que o investidor guardasse menos recursos todos os meses seria um CRA ou CRI pagando NTN-B acrescida de um ponto percentual (essa remuneração é aplicável a títulos cujo risco de crédito é considerado baixo). Nesse caso, pela simulação, cairia para R$ 3,3 mil o valor que o investidor teria de guardar todos os meses ao longo de um ano para alcançar os desejados R$ 50 mil. Somados aos R$ 9,2 mil do retorno do investimento, ele chegaria lá.

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O grande diferencial dos CRIs e dos CRAs, considerando que a sua remuneração não é tão superior à das debêntures, é a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas. “Tanto as debêntures quanto os CRIs e os CRAs têm risco de crédito adicional em relação aos títulos públicos como o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA. A diferença é que o CRI e o CRA, por terem isenção do IR para pessoa física, dão um retorno maior e requerem um investimento inicial menor”, diz Silvestre. Em contrapartida, esses títulos têm menos liquidez – e esta é importante caso o investidor precise se desfazer dos papeis antes do vencimento.

“O investidor não pode olhar apenas para as taxas e nem só para o retorno passado. Ele precisa pensar no risco de crédito, e a diversificação é muito importante”, afirma Silvestre.

Rogério Paulucci Mauad, professor do Ibmec-SP, acredita que para prazos curtos, como um ano, o Tesouro Selic pode ser a melhor opção por ter o menor risco – isso porque, além de os títulos serem muito líquidos e de ser fácil vendê-los, eles são pós-fixados e acompanham a variação da taxa Selic – e o investidor pode precisar dos recursos no curto prazo. Já o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA têm juros prefixados – e o preço dos títulos pode cair quando as taxas de juros subirem, já que taxas e preços se relacionam de forma inversa (quanto maior a taxa, menor o preço, e vice-versa). “A longo prazo, o investidor pode carregar o Tesouro IPCA, que está pagando 6,4% acima da inflação, uma excelente taxa”, afirma Mauad. A título de comparação, ele diz que dificilmente esse retorno é obtido mesmo na renda variável, mercado em que os retornos são teoricamente superiores por conta do risco mais elevado. “Dificilmente uma ação vai dar um retorno de 6,2% acima do IPCA por 31 anos seguidos [referindo-se ao Tesouro IPCA que vence em 2055]. Nem a Apple deu isso”, diz.

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Mauad lembra ainda que, se o investidor fizer planos de longo prazo, terá de fazer aportes mensais menores para juntar a quantia desejada porque os juros do investimento começam a fazer diferença. “Quanto antes se começar a poupar, por exemplo, mais se vai acumular para a aposentadoria.”

Luciana Del Caro

Jornalista colaboradora do InfoMoney