Após anunciar calote duplo, FII de hotéis despenca 11% na Bolsa  

A inadimplência corresponde a pouco mais da metade da receita do fundo e não é a primeira vez que locatária dá calote

Monique Lima

Selina Hotel, Búzios. (Foto: Relatório MGHT11/ Reprodução)
Selina Hotel, Búzios. (Foto: Relatório MGHT11/ Reprodução)

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As cotas do FII Mogno Hotéis (MGHT11) desvalorizaram 11,12% nesta terça-feira (9), fechando avaliadas em R$ 30,94 após o fundo anunciar um calote duplo que compromete boa parte de suas receitas.  

Em comunicado ao mercado, o MGHT11 afirmou que não recebeu o pagamento de juros dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) Selina, que venceu em 27 de junho. Juntamente com essa inadimplência, o fundo comunicou também que os aluguéis relativos aos Hotéis Selina, referentes ao mês de maio e vencidos em 25 de junho, também não foram pagos.  

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Somente os CRIs devedores, que são Selina, Selina II, Selina III e Selina IV, representam 53% do patrimônio líquido do Mogno Hotéis. Todo o portfólio do FII é composto por títulos de dívida e aluguéis da rede Selina de hospedagem.  

A inadimplência informada foi no hotel de Búzios (RJ) e Vila Madalena, em São Paulo (SP).

Considerando a inadimplência dupla, a gestão informa que o impacto na receita do MGHT11 é de cerca de R$ 0,527 por cota.  

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O fundo afirmou que usou recursos do fundo de reserva para fazer frente aos débitos de aluguéis. Dessa forma, a reserva acumulada em caixa para distribuição é de R$ 0,49 por cota. Neste ano, o pagamento de dividendos do fundo tem sido irregulares, variando entre R$ 0,57 por cota e R$ 0,33.  

Porém, em relação a dívida dos CRIs, o Mogno Hotéis afirmou que poderá antecipar o vencimento dos títulos, de modo que a securitizadora dos títulos, “terá como obrigação efetuar a recompra compulsória dos referidos créditos imobiliários lastro da emissão dos CRI”. 

O lastro referido são os próprios aluguéis do imóvel de Búzios. O CRI foi emitido para financiar a aquisição do imóvel via uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), a The Pearl Hotel, e custou R$ 35 milhões. 

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Reincidência nos débitos  

Essa não é a primeira vez que o fundo imobiliário tem problemas para receber os aluguéis dos empreendimentos Selina. O relatório gerencial de junho relatou que a locatária dos imóveis já havia atrasado pagamentos.  

Conforme os documentos, a locatária quitou em maio os aluguéis devidos em abril e repetiu o procedimento no mês seguinte. 

Segundo o comunicado do FII, a Selina Hospitality PLC tem ações listadas na Bolsa americana Nasdaq, sob regulação da SEC (a CVM dos Estados Unidos) e, portanto, deve manter formulários e informações públicas divulgadas. 

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Em um desses formulários, divulgado no início deste mês, a empresa assumiu que está passando por questões severas de fluxo de caixa e liquidez.