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Temporada de balanços dos EUA: economia mais fraca significará menos lucro?

Analistas consideram que lucros das "Magnificent Seven" devem perder força, mas agora será a vez das outras 493 companhias do S&P 500

Camille Bocanegra

Foto: Reuters
Foto: Reuters

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A temporada de resultados corporativos dos Estados Unidos começou oficialmente na quinta-feira, 11. Mas é a partir do dia seguinte que começa a ganhar tração, com a divulgação dos balanços de nomes como Citi, JPMorgan e Goldman Sachs.

O consenso espera que o lucro por ação do S&P 500 apresente avanço de 8,6% na comparação anual, de acordo com o Research da XP. Na análise do estrategista global, Paulo Gitz, e da analista, Maria Irene Jordão, a economia americana apresenta tendência de desaceleração. A visão dos especialistas é que os efeitos cumulativos das taxas de juros em patamar mais elevado passam a ser percebidos nos investimentos e no consumo. O cenário poderá ser negativo para os resultados corporativos, indicam.

“O mercado tem sido constantemente surpreendido negativamente com os dados econômicos recentes, com o índice de surpresas econômicas, medido pelo Citibank, rodando abaixo de 0 (indicando que a média das divulgações tem vindo abaixo do esperado) desde o início de maio, em patamar semelhante a meados de 2022, período no qual os lucros do S&P 500 estavam contraindo”, destacam.

Menos Mag 7, mais 493

Ainda assim, os dados aparecem mais otimistas e não foram realizadas tantas revisões para baixo nas estimativas do lucro por ação. Caso os dados se confirmem, será o quarto trimestre consecutivo de crescimento de lucros. Como nos períodos anteriores, as Big Techs devem seguir contribuindo com força para os dados.

Ainda assim, explicam Gitz e Irene, a contribuição tem diminuído e a expectativa é que, dos 8,6%, apenas 4,7% venham das “Magnificent seven” e do Netflix. As outras 492 companhias que compõem o índice devem encerrar o ciclo de 5 trimestres de participação negativa.

Fonte: XP

“O 2T24 deve ser o primeiro trimestre de crescimento do lucro por ação para os ‘Outros 493’ [que compõem o S&P500] desde o 4T22, enquanto o crescimento para as Magnificent 7 é esperado desacelerar pelo segundo trimestre consecutivo e seguir em queda no 3T24”, considera o Bank of America em prévia sobre a temporada.

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Os setores com maiores expectativas de crescimento de lucro são comunicações, saúde e tecnologia da informação, de acordo com as análises da Julius Baer e da XP. O crescimento esperado em tecnologia deve ser suportado pelo avanço no lucro da Nvidia, que deve apresentar alta de 131%. Em comunicações, a Meta deve apresentar crescimento de 56% e o Netflix deve subir 39%.

Na ponta negativa, os setores de matérias-primas e industriais devem apresentar dados mais fracos. “Esperamos uma boa temporada de ganhos em termos de taxas de superação [das projeções], mas a magnitude das superações provavelmente será menor em comparação com os trimestres anteriores”, afirma a análise da Julius Baer.

Dentre os setores, a XP destaca que 8 dos 11 devem apresentar avanço nos lucros e 9 dentre os 11 deve trazer também crescimento na receita.