Copel (CPLE6) por fim vende a Compagas e analistas se animam: vem dividendo por aí?

Transação foi vista como positiva para a Copel porque ressalta a capacidade da empresa de entregar seu plano de desinvestimento em termos atrativos

Felipe Moreira

Reprodução / Compagas
Reprodução / Compagas

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A Copel (CPLE6) anunciou na última quarta-feira (10) um acordo com a Compass para vender sua participação na Compagas, há muito tempo esperada pelos investidores, dado que a empresa começou a classificá-la como ativo à venda no 3T23.

A transação valorizou a Compagas (51%) a um valor patrimonial de R$ 906 milhões (dezembro de 2023), além dos dividendos de 2023 a serem pagos à Copel (R$ 47
milhões) ainda este ano.

“O preço atualizado está registrado no balanço patrimonial em R$ 262 milhões (a partir do 4T23), implicando que cerca de R$ 100 milhões são devidos em ganhos de capital sobre impostos”, explica JPMorgan.

No entanto, conforme o banco americano, a empresa pode usar créditos fiscais de perdas em litígios no 1T24 para reduzir o imposto pago. Embora a avaliação atualizada tenha ficado ligeiramente acima da expectativa de R$ 901 milhões, a principal questão é se esse dinheiro adicional será direcionado para retorno aos acionistas ou para um maior crescimento em outras áreas.

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Caso a primeira opção seja escolhida, há espaço para uma reavaliação, dado que ações com alto rendimento de dividendos superaram ações de alto crescimento no passado recente. Se todos os recursos forem distribuídos como dividendos juntamente com os pagamentos de parcelas, o rendimento médio no período de 2024 a 2026 aumentaria em 1,0%. No mínimo, a venda representará um ganho de capital de R$ 680 milhões, aumentando o lucro por ação (EPS) e, consequentemente, os dividendos. Se a opção de crescimento for escolhida, dependerá do retorno dessa alocação de capital.

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O Itaú BBA classifica a transação como positiva para a Copel porque ressalta a capacidade da empresa de entregar seu plano de desinvestimento em termos atrativos, desbloqueando mais valor para seu acionista e potencialmente rendendo dividendos mais altos.

O banco comenta que a avaliação implícita de valor patrimonial de R$ 778 milhões, ou 1,4 vez o Valor da Firma (EV)/Receita Anual Permitida (RAB) foi muito atrativa.

De acordo com os termos finais publicados pela empresa, o negócio foi fechado a um múltiplo implícito de 2,2 vezes EV/RAB, acima das estimativas e muito melhor do que as recentes fusões e aquisições anunciadas no segmento de distribuição de gás natural.

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O BBA reiterou classificação de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação, com um preço-alvo de R$ 13,3. O banco vê a ação sendo negociada a uma avaliação muito atrativa (12,1% TIR, ou Taxa Interna de Retorno), com riscos de execução relativamente baixos, forte crescimento orgânico no negócio de distribuidora e potenciais gatilhos de curto prazo.

A Levante Investimentos avalia a concretização do desinvestimento como positivo para as ações da Copel, dado que, além de tornar a Copel mais uma empresa de referência na geração de energia renovável no Brasil, a empresa conta com bastante espaço em seu balanço para utilizar este valor para o pagamento de dividendos extraordinários ainda neste ano.

Segundo a Levante, o fechamento da operação também reforça o foco da Copel em seus segmentos principais, com a companhia possuindo bastante espaço para elevar os investimentos no segmento de distribuição, elevando assim sua base regulatória de ativos.

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Para o Morgan Stanley, a transação está alinhada com a estratégia de venda de ativos da Copel, enquanto a avaliação parece agregar valor, cristaliza valor e abre espaço para dividendos maiores. O banco mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 12.