Aumenta projeção de lucro por ação do Ibovespa: quais setores guiam recuperação?

Apesar de visão para o ano como um todo ser de recuperação maior de empresas ligadas ao consumo doméstico, revisão recente das projeções ficou concentrada em empresas de commodities

Lara Rizério

(Foto: Freepik)
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O Ibovespa registra recuperação nas últimas sete sessões após atingir mínimas do ano em meados de junho, abaixo dos 120 mil pontos, principalmente com preocupações sobre o fiscal.

Houve certo alívio do mercado com declarações de comprometimento do governo com as contas públicas mas, conforme aponta o Santander, um plano confiável para enfrentar os desafios fiscais estruturais do Brasil é essencial para restaurar a confiança dos investidores. A divulgação do próximo relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas será acompanhada de perto em busca de sinais de progresso em direção a este objetivo.

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Para os estrategistas do Santander, por outro lado, ainda que esta incerteza persista, setores com revisões de lucros positivas deverão registrar um desempenho superior. Neste cenário, se no início deste ano houve uma tendência negativa nas revisões das estimativas de lucro por ação do Ibovespa para 2024, houve recentemente um ponto de inflexão. Assim, o banco buscou identificar os setores que impulsionam essa recuperação.

O Itaú BBA também destaca que a dinâmica de lucros do Ibovespa não estão tão ruim quanto se temia, com um crescimento de lucro por ação de dois dígitos ainda viável para 2024, beneficiando-se de um Ibovespa equilibrado, enquanto o Santander classifica em duas (commodities e não-commodities).

O Santander ressalta que, em comparação com o início do ano, tanto o setor doméstico quanto o de matérias-primas (commodities) registaram revisões negativas dos lucros para 2024. Por outro lado, é importante notar que, nas últimas semanas, as empresas do setor das matérias-primas reportaram revisões de lucros mais favoráveis. Ao comparar com a última avaliação do banco para os resultados, em 9 de maio, os estrategistas veem uma revisão negativa das projeções de lucro por ação das empresas nacionais (-0,8%), enquanto as empresas de commodities registraram tendência positiva (+1,1%), impulsionadas pelos setores de Agronegócio e Papel e Celulose.

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Para 2025, as revisões positivas dos resultados observadas no Ibovespa também foram impulsionadas pelas empresas de commodities, refletindo o atual cenário macroeconômico, em que se espera que as taxas de juros permaneçam mais elevadas por mais tempo, além do aumento nos preços de algumas commodities (por exemplo, petróleo e celulose), combinado ainda ao real desvalorizado.
Os estrategistas ponderam que Agronegócio, Papel e Celulose, Metais e Mineração e Petróleo e Gás são setores nos quais as estimativas de lucro líquido podem ser examinadas com cautela, dados os ciclos de alavancagem dessas empresas e a influência da volatilidade cambial nos resultados finais. “No entanto, dada a atual incerteza macroeconômica, acreditamos que a exposição a empresas com uma maior percentagem de receitas em dólares poderá ser uma cobertura eficaz para a carteira”, avalia o Santander.

2024 com crescimento de lucro?

O Itaú BBA destaca que as empresas do Ibovespa como um todo se preparam para um crescimento de dois dígitos do lucro por ação no ano fiscal. As companhias devem ver crescimento de 14% no ano fiscal de 2024 e 19% no 2T24 vindo de uma base fraca no 2T23 e se beneficiando de uma queda de 325 pontos-base (bps) da taxa Selic.

Para os estrategistas do BBA, olhando para 2024 como um todo, os setores da economia doméstica apresentam as tendências mais fortes de crescimento, seguidos pelos financeiros (principalmente bancos), enquanto os setores relacionados com as matérias-primas apresentam tendências de crescimento mais suaves.
As revisões recentes, por outro lado, foram em outra direção. “Surpreendentemente, houve uma ligeira melhoria nas revisões de lucros no mês passado, uma vez que os números de consenso da soma dos lucros foram ligeiramente positivos para 2024, em comparação com a estabilidade dos últimos três meses. As commodities tiveram as revisões positivas mais altas durante este período, enquanto o setor financeiro
mostrou-se como o setor mais resiliente (estabilidade). Os setores domésticos continuam negativos e esperamos que esta tendência continue no curto prazo”, aponta.

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No último mês, os setores que ganham com o câmbio tiveram as maiores revisões para cima, caso de Petróleo e Gás. Alimentos e Bebidas, Siderurgia e Mineração e Celulose e Papel. Por outro lado, Educação, Transporte, Assistência médica, construtoras residenciais e consumo e varejo tiveram os piores.
Olhando para as ações, de seu portfólio recomendado no Brasil, o BBA ressalta ainda que Direcional (DIRR3), Suzano (SUZB3), Santos Brasil (STBP3), Nubank (ROXO34), GPS GGPS3), Rumo (RAIL3), Arezzo (ARZZ3) e PRIO PRIO3) foram as ações que tiveram boa classificação em sua análise olhando para o ranking sobre momentum para aumento de lucros. “Acreditamos que os quatro primeiros apresentam um impulso interessante no curto prazo”, apontam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.