FMI apoia dirigente que despertou ira de Milei nas negociações de ajuda à Argentina

Presidente argentino criticou o período do funcionário do FMI como ministro das Finanças do Chile de 2015 a 2017, sugerindo que sua ideologia econômica era muito inclinada à esquerda

Bloomberg

Sede do Fundo Monetário Internacional em Washington. Fotógrafo: Andrew Harrer/Bloomberg.
Sede do Fundo Monetário Internacional em Washington. Fotógrafo: Andrew Harrer/Bloomberg.

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A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional manifestou apoio ao seu principal negociador enquanto o órgão avalia o futuro do programa de US$ 44 bilhões da Argentina após o presidente Javier Milei criticar sutilmente a autoridade.

Rodrigo Valdes, diretor para o Hemisfério Ocidental, é o funcionário mais graduado do FMI liderando as negociações com o governo de Milei, que busca financiamento em um eventual novo programa. O presidente libertário mencionou Valdes em uma entrevista a uma rádio no mês passado, sem citá-lo nominalmente, criticando o período do funcionário do FMI como ministro das Finanças do Chile de 2015 a 2017, sugerindo que sua ideologia econômica era muito inclinada à esquerda.

A diretora-gerente Kristalina Georgieva “tem plena confiança em Rodrigo Valdes e em toda a sua equipe de liderança sênior”, disse a porta-voz-chefe do FMI, Julie Kozack, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (11). “Nosso engajamento com as autoridades argentinas continua ativo e construtivo.”

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Milei aparentemente não está sozinho em sua opinião sobre o funcionário do FMI. O jornal La Nacion também relatou que o ministro da Economia, Luis Caputo, disse em uma reunião em junho que esperava negociar com outros funcionários em vez de Valdes.

A assessoria de imprensa de Caputo se recusou a comentar, citando os comentários do ministro em uma entrevista de rádio também nesta quinta-feira, na qual ele disse que “o relacionamento com o Fundo é excelente” e que “estamos começando a falar sobre um novo acordo para este ano”.

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A crítica de Milei mostrou a grande diferença de opiniões sobre questões-chave de política entre sua equipe econômica e os funcionários do FMI, que disseram em junho que a Argentina se comprometeu a tornar sua política cambial mais flexível. Desde então, o presidente indicou que irá na direção oposta, desacelerando o ritmo de desvalorização mensal do peso.

Kozack, no entanto, aplaudiu os esforços de austeridade da Argentina, bem como a aprovação do pacote de reformas de Milei no Congresso.

Funcionários do FMI já foram retirados das negociações com a Argentina no passado, mas Valdes — que foi pessoalmente nomeado por Georgieva — assumiu seu cargo há pouco mais de um ano, quando a revisão do programa atual já estava bem encaminhada. Em 2020, um dos antecessores de Valdes, Alejandro Werner, se afastou das negociações após desentendimentos com o ministro da Economia, Martin Guzman. Werner se aposentou logo após suas críticas se tornarem públicas.

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Tanto Georgieva quanto as autoridades argentinas devem estar no Brasil ainda este mês para uma reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20. Kozack se recusou a discutir possíveis negociações bilaterais, dizendo que fornecerá mais informações sobre a agenda da diretora-gerente no momento apropriado.

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