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O Avesso da Pele

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Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, O avesso da pele é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira.

O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.
O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea.


"Não é de graça que Tenório, além de autor premiado, é tão bem acolhido pelo público e pela crítica. Ele não faz turismo, safári social, na desgraça geral do país, não faz da crítica à desigualdade um truque, um atalho apelativo e barato, panfletário, para ter mais aceitação, reconhecimento. Estamos diante de um escritor que, correndo todos os riscos, sabe arquitetar uma boa trama e encantar o leitor. Por muitas vezes durante a leitura eu disse para mim mesmo: como ele consegue construir personagens tão reais e fáceis de serem amados? Eu agradeço, a literatura brasileira agradece." – Paulo Scott

"Através de um profundo mergulho em seus personagens, O avesso da pele consegue abordar as questões centrais da sociedade brasileira. E o mais potente nisso tudo é que, aqui, o real e as reflexões partem sempre de dentro pra fora." – Geovani Martins

192 pages, Paperback

First published January 1, 2020

About the author

Jeferson Tenório

14 books285 followers
Jeferson Tenório was born in Rio de Janeiro in 1977. Based in Porto Alegre, he is a doctoral student in Literary Theory at PUCRS and a lecturer in literature.

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19 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 1,141 reviews
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
347 reviews4,004 followers
April 12, 2022
Começar o #DesafioBookster2022 com uma leitura tão impactante como essa é com certeza um sinal de quanto a literatura nacional contemporânea pode ser surpreendente!

Pedro, o protagonista da narrativa é um homem negro que vive em Porto Alegre. Por viver em um país racista e desigual, Pedro sofre diariamente com agressões motivadas unicamente pela sua cor de pele. Pedro vive em um sistema agressor, mas o que fica claro ao longo do livro é que as vítimas desse preconceito são infindáveis, inclusive os seus próprios antepassados. E é justamente com um deles que Pedro vai conversando ao longo da obra: Henrique, seu Pai, morto recentemente.

Escrito em segunda pessoa, o protagonista vai reconstruindo a sua memória e a daqueles que vieram antes dele. É difícil atravessar essa leitura sem sentir momentos de aperto pelo sofrimento cotidiano de tantos que sobrevivem a uma realidade que os considera inferiores. Esse livro deixa muito claro o poder que a literatura tem de nos ensinar sobre a realidade do outro, sobre o que nos é diferente. Não há como terminar “O avesso da pele” e ainda assim defender que a ficção é perda de tempo!

Ao mesmo tempo que desperta reflexões tão importantes sobre o racismo estrutural em nossa sociedade, o autor também consegue adentrar nos nós e embaraços que constituem a relação de pai e filho. São as memórias usadas como ferramenta de enfrentamento do luto, da perda.

A escrita de Jeferson Tenório é gostosa de ler, flui bem e a forma com que optou por fazer Pedro dirigir as palavras ao próprio pai com certeza deu um aspecto único para o livro. Para quem quiser saber mais, o autor participou de um episódio do @dariaumlivropodcast. É só correr no Spotify para conferir!

Nota 10/10

Veja mais resenhas em https://instagram.com/book.ster
Profile Image for Alec Costa.
281 reviews1,488 followers
March 27, 2021
uma das melhores leituras do ano.

essa foi mais uma leitura do Clubinho dos Inscríveis e eu não poderia estar mais feliz com esse livro. a história é sensível, profunda e trata de temas e traz discussões bastante delicadas. a escrita do Jeferson é incrível e mal posso esperar pra ler mais coisas dele.

não sei nem o que dizer, de verdade, pq esse livro me fez Pensar Pensamentos e tô meio aéreo até agora. incrível e EXTREMAMENTE recomendado.
Profile Image for Cláudia Azevedo.
324 reviews155 followers
August 11, 2021
Não são exagerados os elogios a este livro. A história é boa e o tema, o racismo estrutural, é muito atual.
O estilo da escrita não é dos mais fáceis (não foi para mim também), obriga a uma entrega sem fôlego, mas, uma vez sugados, não mais saímos. Estamos ali, como se ouvíssemos aquele filho, o narrador, a conversar com o seu pai, brutalmente assassinado por agentes da polícia unicamente por causa da sua pele.
O Avesso da Pele é tudo o que cabe no espaço de uma vida contada sem obediência pela cronologia. São afetos, medos e traumas que tocam questões prementes como o racismo, a violência policial sobre negros, o abandono, as péssimas condições dos professores das escolas públicas brasileiras.
Li de um trago. Fiquei ainda mais fascinada quando li entrevistas feitas ao autor e percebi que o livro tem muito de autobiográfico. Recomendo.
Profile Image for Alfredo.
437 reviews554 followers
August 19, 2020
"O avesso da pele" é o terceiro livro de Jeferson Tenório, lançado em 2020 pela Companhia das Letras. Nessa história, vamos acompanhar um filho revisitando memórias do pai enquanto lida com o luto e sua ausência. Com um texto fluido, inteligente e complexo, Tenório nos apresenta uma narrativa intimista e bem elaborada sobre identidade, afeto e ausências, passando por temas que, infelizmente, ainda estão presentes na nossa sociedade, como a brutalidade policial e o racismo.

Quando peguei esse livro, a primeira coisa que percebi foi a quase ausência de parágrafos. Pensei de cara: ih, vai ser complexo demais, não vou gostar. Nas primeiras linhas, vi que seria totalmente diferente do que eu imaginava. Começamos com uma narração voltada para um "você", em um tom mais intimista. Conhecemos assim o pai do personagem e sua vida. Aos poucos, começamos a nos situar na narrativa. Depois de ler e participar de um encontro com o autor, entendi que foi totalmente proposital esse estilo de narração: ele queria o máximo de atenção possível do leitor, com alguns respiros.

Durante suas quase 200 páginas, "O avesso da pele" se mostra um livro bem pensado: desde o momento da revelação dos nomes dos personagens dentro da narrativa ao fato de abordar a raça não como característica que define os personagens, mas um traço que permeia suas vivências. Desconstruindo estereótipos da representação negra na literatura, aqui temos histórias únicas, cativantes e, por vezes, sofridas.

O livro será adaptado para o cinema em breve, e os direitos de publicação em países como França e Portugal já foram comprados. "O avesso da pele" me conquistou completamente, fazendo com que eu perca a noção de tempo. Recomendo!
Profile Image for Paula Mota.
1,252 reviews407 followers
Read
August 19, 2021
DNF 40%

Assim, para convencê-lo a se deitar com ela, e para que ele a achasse especial, ela geraria um filho dele. Madalena fez a proposta. Rubão aceitou porque ele já tinha feito isso com outras mulheres. (...) O pai ausente será algo que a minha mãe e Flora terão em comum.

Aborrecido, simplista e repetitivo.
Fala essencialmente de relações infelizes e de crianças abandonadas, uma e outra vez.

Além disso, você não sabia ir embora. A gente tem sempre de descobrir de onde vem a culpa, porque é assim que a gente aprende a partir, você pensaria anos mais tarde. Por outro lado, minha mãe também estava arrependida de ter engravidado.
Profile Image for Carol Chiovatto.
Author 29 books407 followers
Read
June 10, 2022
Li em cinco horas e só não foi em menos porque é difícil continuar com a vista tão embaçada. Acho que vou passar as próximas semanas lendo farofa e não ficção pra me recuperar
Profile Image for Margarida Galante.
334 reviews28 followers
May 30, 2023
Neste pequeno grande livro conhecemos a história da vida de Henrique através do seu filho Pedro. Uma história que fala de relações, família, afectos, medo, mas também de superação, de uma forma sensível e por vezes poética, apesar de nos serem relatados alguns episódios difíceis ou cruéis.
Pedro, como numa conversa com o seu pai, vai nos dando a conhecer a sua família e a si próprio. Uma história trágica em que a cor da pele está sempre presente.

Um livro que devia ser lido por todos, para que ninguém se esqueça que o racismo continua a existir de uma forma estrutural, em todo o lado, mesmo quando não se fala dele ou quando se finge que não existe.
Profile Image for Ritinha.
712 reviews133 followers
October 29, 2021
Directo sem viver da intenção de chocar, um exame sob perspectiva de um Brasil tão racista que a própria menção de raça é trocada por eufemismos como «boa aparência» [requisito de emprego, significando «branco»] enquanto cuida de aplicar uma omnipresente violência pela cor da pele, numa miríade de intensidades, à medida do os que séculos trataram de tomar por adequado, com a intensidade da cor como bitola maior.
Tratar destes temas num romance de reconhecimento de um filho ao seu pretérito pai, que é autoconhecimento reflexo, sem cair em lugares comuns ou drama fácil, é digno de nota.
E ainda mais de ser lido.
Profile Image for Gabriel Almeida.
21 reviews3 followers
March 27, 2021
Resumo: minha expectativa era alta, mas infelizmente encontrei muitos problemas com a leitura. A escolha por não dividir parágrafos e por escrever constantemente a um "você" fez a leitura muito cansativa e não me pareceu que serviram a qualquer propósito. Porém destaco algumas passagens sensíveis, tratando de temas importantes através de alguns bons personagens, e uma última parte excelente.

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O autor faz recurso a duas técnicas narrativas: (1) escolhe que cada capítulo vá consistir de um longo parágrafo e (2) a história é escrita pelo filho como se estivesse contando ao pai sobre sua própria vida. Infelizmente, nenhuma das duas pareceu funcionar para mim.

Primeiramente, a escolha de usar somente um longo parágrafo para cada capítulo não parece cumprir função nenhuma e simplesmente faz a leitura cansativa. Há um bom motivo para usar parágrafos e, a não ser que não utilizá-lo cumpra um motivo específico de estilo ou que contribua para como a história está sendo contada, deve ser mantido. Nesse caso, só contribuiu para atrapalhar a leitura, até porque era tão evidente quando um outro parágrafo era necessário que isso me distraía como leitor.

Além disso, a narração é voltada para um "você", o pai do narrador. Isso poderia ter sido um recurso interessante, mas levou à repetição da palavra "você" centenas de vezes em uma mesma página (e, é claro, em um mesmo parágrafo). Isso também cansou a leitura. Algumas expressões como "mas acontece que", "como eu disse" e "então" me fizeram achar o texto às vezes um pouco pobre (felizmente, isso só foi notável em pouquíssimas partes do livro).

Também notei a utilização de frases muito curtas e de passagens às vezes muito descritivas, com detalhes sobre alguns personagens que não acrescentam muito. Se a história é contada pelo filho, por que incluir detalhes irrelevantes sobre personagens que sequer têm impacto algum na sua história?

O mais interessante do livro, e que infelizmente só aparece no final, é quando se explora como o que se conta afeta o narrador - afinal, ninguém está interessado numa descrição dos fatos, mas sim numa interpretação e revelação da vida dos pais pelo filho, que vai sempre dizer mais sobre ele do que sobre os pais! Até pensei que o livro deveria ter começado pelo final. O autor poderia ter, a partir dele, apresentado como o filho vai aos poucos desvendando ou re(construindo) a vida dos pais e, neste processo, acaba se conhecendo.

A última parte funciona muito bem até porque nela se abandona algumas escolhas textuais (por exemplo, os capítulos são bem mais curtos, o que torna ter só um parágrafo não tão cansativo) e finalmente começamos a conhecer mais sobre quem nos conta a história.

Por fim, é um bom livro com passagens interessantes e temas importantes apresentados através de bons personagens. Infelizmente, o estilo da narração não me agradou e prejudicou uma entrega maior ao livro.
Profile Image for Rodrigo.
527 reviews18 followers
February 3, 2022
“E foi aí que a família de Juarez descobriu que o preconceito existia.”

Este é um livro triste. Mas tão triste que fica caricato. A grande quantidade de eventos negativos, complementados pela visão negativa do narrador, causa um desconforto tremendo. Mas parece estar em linha com o estilo contemporâneo.

Eu escrevo essa crítica também como uma ponderação sobre o que é a minha visão sobre literatura e o que parece ser uma visão literária corrente. É um exercício divertido e meio desconfortável que me proponho a fazer para me entender melhor e talvez contribuir para que alguém também se entenda.

A sequência de infortúnios do livro parece um grande compêndio de situações onde o racismo impera, complementado por demais eventos desconfortáveis, injustos ou simplesmente tristes. Parece que a boa avaliação do livro e as críticas apaixonadas podem ter a ver com a identificação dos leitores com um ou outro evento, entre tantos eventos ruins. A tristeza exagerada parece ressoar bem ao mostrar que o leitor não está sozinho em sua dor.

Não sou fã da literalidade da narração dos eventos do livro. Li O Avesso da Pele enquanto lia Drácula e Lolita. Drácula marca uma época de narrativas envolventes, da série de eventos que impactam os personagens e demandam reflexões e ações, de seres humanos autônomos que, bem ou mal, são responsáveis pelos seus atos, pagam pela própria curiosidade e desejo. É um livro em que a sugestão tem tanta ou mais força do que a descrição. Lolita se passa na cabeça do narrador, como o livro de Jeferson. Mas é talvez a narrativa mais astuta com a qual já tive contato. Ao ler, você se torna parceiro do narrador, que te envolve nas próprias imperfeições e quase as estende a você. O leitor se torna o narrador. Já O Avesso da Pele parece dar muito destaque às impressões e passividade dos personagens, desumaniza-os, apresentando-os como consequências (vítimas) de sua biologia, da geografia e do contexto social. A vida parece uma rua sem saída. Uma armadilha. Entendo que essa seja uma visão corrente e o livro aparenta ser bem sucedido ao captá-la.

Comparar um livro novo a grandes clássicos não é justo. Mas ajuda a estabelecer as referências de que parto nessa análise.

Senti falta de nuances, de construção de eventos, tensão, estratégias de envolvimento. Em relação à última, até há momentos em que o narrador antecipa eventos ao mencionar brevemente algo que será dito mais à frente. Entretanto, não de forma a me causar curiosidade.

Achei o trecho final - A Barca - mais dinâmico, movimentado e de uma complexidade superior às seções anteriores do livro. A metáfora da libertação individual, viabilizada pela improvável conexão com os alunos por meio da literatura, e consequente morte tem o seu valor. Mas não deixa de ser a grande tristeza final entre tantas tristezas anteriores.

Não há problema em um livro ser triste. Os livros tristes que mais me impactaram foram aqueles que me mostraram realidades duras, mas me ensinaram a ser mais forte. Não senti o mesmo lendo este.

A vida é composta por uma série de eventos desconfortáveis, é verdade. Mas o usufruto dela é proporcional ao entusiasmo com que encaramos o desconforto. A questão racial e a negatividade são tão representativas no livro que não há chance para entusiasmo.

Uma das críticas do Goodreads diz que “a sociedade (/sic/) precisa ler esse livro”. Entendo que a arte como ferramenta de mudança social está em alta. A estética acaba sobrepondo o conteúdo. Talvez, seja esse um dos meus maiores desconfortos com a obra.
Profile Image for Rita.
733 reviews144 followers
June 2, 2023
Tal como Paulo Scott, em Marrom e Amarelo, Jefferson Tenório consegue neste romance juntar uma série de temas num assunto ainda maior, o racismo.

No sul do país, um corpo negro será sempre um corpo em risco.


É a história de um Pai, narrada através do filho Pedro, desde sua infância até ao dia da sua trágica morte numa lamentável acção policial.

Há muitos assuntos abordados, famílias desestruturadas, o racismo, o preconceito, a violência, a desigualdade, um sistema de educação sucateado, etc., mas tal como em Marrom e Amarelo faltou alguma coisa para me arrebatar, e quando cheguei ao fim pareceu-me mais um longo lamento.

A escrita de Jefferson Tenório é crua, simples e dá atenção aos detalhes. As personagens contam-nos sobre experiências e perspectivas daqueles que são mais negligenciados na sociedade brasileira.

Mesmo não tendo sido um livro que me tenha deslumbrado, é sem dúvida uma leitura obrigatória, até porque não podemos banalizar este tipo de comportamentos.

A gente se acostuma com tudo. A gente se acostuma quando você caminha na rua e as pessoas recolhem as bolsas e mochilas, a gente se acostuma quando os próprios homens preferem as negras mais claras, a gente se acostuma a ser só. A gente se acostuma a chegar numa entrevista de emprego e fingir que não percebeu a cara desapontada do entrevistador.
Profile Image for Julia Landgraf.
140 reviews68 followers
January 25, 2021
É tão bom ler um autor brasileiro contemporâneo que acrescente tanto, em forma e em conteúdo! Desde o início do livro são usados artifícios narrativos muito únicos, o que por si já marcou minha experiência enquanto leitora; então ele vai acrescentando referências (de pessoas, de livros ou vivências) que vão tornando a vida das personagens mais apreensíveis e próximas. O mais incrível pra mim foi como Tenório traz o racismo do sul do Brasil através de personagens que vivem as diversas facetas da forma como somos racializados e como cada um trabalha com este produto (o que é possibilitado exatamente pela forma de sua narrativa, acredito eu, que nos permite viver as experiências das personagens com muitas nuances e sem cair em estereótipos).
Nos últimos meses acompanhei muita coisa do Tenório: entrevistas, crônicas, opiniões nas redes sociais. Assim, antes de mergulhar na sua literatura já nutria grande admiração por ele. É daqueles autores que dá vontade de acompanhar de perto, mesmo; afinal, um livro tão pequeno e ao mesmo tempo tão gigante, nitidamente transborda e não esgota tudo aquilo que Jeferson Tenório tem a nos acrescentar.
Profile Image for Dora Silva.
206 reviews75 followers
June 23, 2023
Gostei tanto,mas às vezes doeu ler certas coisas.
Este livro é intenso e causa revolta, sobretudo porque aborda temos como o racismo.
Adorei a escrita do autor e recomendo.
No vídeo de Leituras do mês, partilho a minha opinião em Livros à Lareira com chá.
Profile Image for Eric Novello.
Author 65 books551 followers
Read
March 13, 2021
Mesmo sabendo desde o início como o livro termina - num assassinato motivado por racismo, quando acontece pra valer é de deixar a gente sem ar. Principalmente por ser algo que acontece todos os dias, a todo momento.
Profile Image for Ana Marinho.
461 reviews30 followers
July 24, 2023
Dos livros mais humanos que já li. Frases e frases seguidas que são pura poesia e de uma beleza sem igual. Um livro sobre racismo, discriminação, relações intermitentes, homenagem e descoberta.
Profile Image for Arthur Dal Ponte Santana.
93 reviews10 followers
October 10, 2022
Esse didatismo miserável que acompanha uma boa parte da literatura brasileira contemporânea. Todo mundo aqui fala como se fosse um vilão de novela da Globo ou um aluno de quinta fase de história que recentemente descobriu o termo "racismo estrutural". Um tema complexo e muito frutífero para ser explorado, mas que aqui aparece da maneira mais caricata possível.
Profile Image for Solange Cunha.
237 reviews41 followers
November 6, 2020
Achei o romance, por vezes, didático demais sobre o racismo estrutural.

Em um romance, às vezes o que não é expresso incomoda e constrange ainda mais. De qualquer forma, um excelente livro.

Em relação à forma, o livro é dividido em três partes, os capítulos são curtos e feitos cada um em um longo parágrafo, mas com períodos curtíssimos, o que obriga o leitor a fazer pausas mentais constantes - o que faz sentido, já que se trata de um tema fundamental.
Profile Image for jo-booksy.
143 reviews2 followers
November 17, 2023
4+

Uppdat 17/11 2023:
(infogar min tidigare kommentar här)

Bättre sent... nu är det ett tag sedan jag läste ut, en månad närmare bestämt, men jag uppskattade bl.a. greppet att markera avstånd genom olika tilltal till föräldrarna, dvs. att han skrev om sin mor i tredje person medan han talade till sin far. Jag brukar ha svårt för romaner där händelser inte utspelar sig i kronologisk ordning (helt enkelt för att de är svårare att följa och känns "hoppiga" speciellt om man byter tidevarv i korta stycken) men här funkade det perfekt. Skickligt uppbyggd historia i övrigt också.

När jag läser vill jag bli berörd. Och det blev jag. Av alla möjliga känslor. Empati, sorg, ilska och vanmakt. Listan är lång men jag stoppar där. Jag har viss förkärlek för böcker från Latinamerika, den kontinenten har alltid intresserat/fascinerat mig. Har rest runt där en hel del (tyvärr inte Brasilien så mycket) och då menar jag inte bara "de traditionella turistattraktionerna" utan verkligen försökt "komma under skinnet" om man kan säga så. Ta del av vardagslivet och förstå/veta mer om samhälle, historia, kultur, livsvillkor.

I boken finns teman som är viktiga för mig: rättvisefrågor och rasism bl.a. Det slår mig hur viktigt det är för barn att ha vuxna förebilder som läraren i boken. Det inger hopp när han uppmuntrar eleverna till läsning och berättar om Malcolm X och andra som kämpat för en rättvisare värld. Lite roligt att "den gamle bekanten" Raskolnikov dyker upp här.

Rekommenderas varmt! Och om du redan läst, berätta gärna vad du tyckte!
Profile Image for Oliv.
199 reviews4 followers
June 26, 2023
"É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos."
Profile Image for Adam Ferris.
284 reviews46 followers
May 29, 2024
"I don't think either of you ever tried to offer me a neat narrative. I know that time has passed and whatever you two said, before I could remember it, was said in bits and pieces. So I had to put the pieces together and make a story myself. Not for you or my mother, I'm piecing together this story for myself. I need to get your absence out of my body and turn it into life. And to do that, I can't limit myself to what you've told me, or to what little these objects tell me about you. I don't think it's enough to just look at the logic of facts. I prefer an invented truth, something that can put me back on my feet. I know this story might only exist in my head, but it is what's saving me. I don't like death. I don't like goodbyes. But you taught me not to be afraid of death. And not liking the end is important, if you want to make something of your life, you once told me."

Growing up is tough to do. And one of the most heavy hearted lessons we learn is to accept endings, especially those we do not wish for. One of those tragic losses, is the loss of a parent. I have been fortunate to not suffered that loss yet, though I have a growing number of friends who have lost parents, mainly due to the fact of myself and my peers getting older as well. In Jeferson Tenório's The Dark Side of Skin, we find Pedro in his father's apartment clearing the belongings and picking up the pieces of himself and his father lost amongst not mental and emotional clutter that such a loss brings.

"Moments of crisis are some of the best in our lives, because they're when we reassess when we take a moment to evaluate our own behaviour. And the very best part is that once the crisis is over, everything gets better. Crises are what move us forward."

By going back and telling the story of his parents and their parents, the narrator attempts to make sense of the nonsensical, which in us humans seems to be almost as common as breathing some times. Hurtling on this rock through an ever expanding space, and coming to terms with trauma oftentimes feels insurmountable and attempting to reconstruct to get to a place of healing is messy and imperfect.

"You who once thought that at fifty-two you'd know how to deal with the ends of things. But pain doesn't care about age when it wants to hurt, you thought."

Whether we have lost a parent or not, or whether we have been victims of racists mistreatment, Tenório writes with consideration for all of us. Whether it is a death of a loved one, a break up, some other loss or even maturing, we all have the possibility to come to see ourselves out of the narratives that we have been stuck in for how long. And perhaps there is no narrative as skewed and entrenched the racist one. These crises often times, offer us the opportunity for evolution, growth and transformation. None of us know what we are doing on our best days. No one has the answers. The best we can do is keep showing up. This spirit of resilience and courage pervades through the entire book. On top of a moving message, this book is so well written that I would not be surprised to see this on the International Booker Longlist in March.



"Until the end, you believed books could make a difference. You stepped in and out of life, and it remained bitter. Objects still hold memories of you, but it seems whatever's left of them can either only hurt you or comfort me because they're remnants of affection. Silently, these objects speak of you. It's through them that I imagine and recover you. Through them that I try to find out how many tragedies a person can take. Maybe I'm reaching for some truth. Not as a destination. But as a journey that will sweep through these rooms and give me the first piece of a puzzle."

"War will be part of his life."

"The difference is that you can choose to have this problem, I can't tear off my own black skin."

"Childhood gives us certain wounds and they're what we fight with."

"Children are a mindless and meaningless invention."

"And sometimes in adulthood, you dreamed of recovering that feeling of innocence, without fear or hesitation. But as time went by, you started to feel that the possibilities of pain were only increasing and restricting your freedom. Living became a matter of avoiding pain at all costs. Day after day you were haunted by a fear of discomfort, living in a kind of self-imposed imprisonment."

"Understanding a parent's actions takes years, sometimes a lifetime."

"You weren't steady enough. You were balancing on a tightrope. The tightrope as the foundation of your love."

"White people never think a poor black boy may have other problems besides hunger and drugs."



"We don't know how to evaluate our failures. Because it's tempting to attribute all our weaknesses and failures to racism. And you need to draw strength from God knows where and build within yourself a kind of ethical scale in order to not fall into that trap, and it's hard to explain how this shit works, you know? [...] And sometimes you don't want to have that courage. Even so, no matter how honest you are with yourself, no matter how much you shoot down your own delusions, there's always that doubt about your true abilities. And that is the perversity of racism."

"As time went by, your growing disenchantment took over your life. You turned into a sort of factory worker. Years and years of believing that you were doing something meaningful then came more years and buried your expectations. The insecurity of the school won out, and you were tired."

"At the start of a relationship, you just never think it'll end because one of you will die."



"The changes were always small and quiet."



"This story is still an open wound. It's a story to heal me of the absence of what you stopped being."
Profile Image for Aparecida.
191 reviews171 followers
March 20, 2024
Acabei de ler o livro e ele mexeu comigo de uma forma inesperada. Não imaginei que, de alguma forma, ele se conectaria com a minha experiência pessoal enquanto filha de uma pessoa negra. Quanto mais velha fico, mais percebo que além das barreiras de gênero, algo me separa de compreender totalmente o meu pai. E lendo esse livro pude perceber que essa barreira é, de fato, porque ele é negro e eu não. Embora tenha passado pelas minhas próprias experiências por ser “misturada”, nunca vou entender totalmente ele. E lendo um filho enlutado descrevendo como em uma carta a história dos próprios pais sinto que um arranhão foi feito nessa barreira. Pude ler histórias e experiências que ouvi dentro de casa, compartilhadas pelo meu pai enquanto eu crescia. Coisas que ele passou que testemunhei. Sinto muito mesmo pela censura dele, principalmente nas escolas do sul do país, sinto muito pelos jovens negros ou jovens como eu que não terão acesso por enquanto a esse livro que pode conversar tanto com eles.
Profile Image for Paul Fulcher.
Author 2 books1,597 followers
January 1, 2024
It doesn't take long for your colour to seep through your body and determine the way you exist in the world. And though your life will be seen through your colour, though your attitudes and lifestyle will be seen through this too, you somehow have to preserve some part of you that doesn't fit into that.

The Dark Side of Skin is Bruna Dantas Lobato's translation of O Avesso da Pele by Jeferson Tenório, which in the original won the prestigious Premio Jabuti in the Romance Literário (Literary Fiction) category.

The framing principle of the novel is Pedro clearing out the things from his father Henrique's flat after the latter's death and using the possessions he finds as prompt to narrate to himself (but in the form of a second person address to his father) Henrique's life.

Henrique, in his 50s at the time of his death was a teacher of literature within the underfunded state school system and a believer in the reedeming power of literature despite the evidence throughout his own life that he, and his pupils, would be judged in Brazilian society primarily on the colour of their skin:

Você sempre dizia que os negros tinham de lutar, pois o mundo branco havia nos tirado quase tudo e que pensar era o que nos restava. É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos.

You always said that black people had to fight, because the white world had taken almost everything from us and thinking was all we had left. You need to protect the inside, you told me. Preserve the part of you no one can see. Because it doesn't take long for your colour to seep through your body and determine the way you exist in the world. And though your life will be seen through your colour, though your attitudes and lifestyle will be seen through this too, you somehow have to preserve some part of you that doesn't fit into that, you know? Because somewhere in your muscles and organs and veins there's a place all your own, remote and unique. And that's where your love is. And this love is what keeps us alive.


That theme, which runs through the book, it is strongest point. One of the most powerful sections of the novel is an enumeration of the times Henrique has been stopped-and-searched, typically because the police are searching for a criminal and simply stop, with their weapons drawn, anyone with dark skin vaguely fitting the description (in some cases even when the description specifies light skin).

On the less positive side, the more general story of Pedro's parents, and his own life, was a rather conventional tale, and the organising principle doesn't seem followed through with no real reference to the objects / possessions and Pedro knowing rather more than any child would of his parents' lives, excused by a brief coda where Pedro calls the story an 'invented truth' based on the pieces of their story they did tell him.

Read 25-26 December, 3.5 stars
Profile Image for Alex.
27 reviews20 followers
April 8, 2024
A cor da pele como uma prisão a céu aberto. Porto Alegre apresenta uma sociedade de vestes racistas onde se é refém da cor, tema ainda transversal a tantos outros lugares.

Pedro conversa, ao longo da narrativa, com o pai que faleceu. O narrador reconstrói peça a peça a sua história e a história da sua família, marcada, tantas vezes, por episódios de racismo, duros de ler pela sufocante sensação de injustiça que provocam ao leitor.
O avesso da pele é mais do que um livro sobre racismo. Exploração da relação entre pai e filho. O luto. O abandono. A violência doméstica. O divórcio. O abuso de poder.

Escrita sensível e intimista.
Considero que o Glossário que vem na edição portuguesa totalmente dispensável. Utilizei apenas como marcador, porque insisto em não retirar do picotado o marcador original que vem com os livros da Companhia das Letras, em Portugal.

Recordei James Baldwin por diversas vezes em “Se esta rua falasse”.

Saber que este livro estava a ser censurado no Brasil só acelerou a minha vontade em, finalmente, lê-lo.

Obrigada por esta obra @jeferson.tenorio.9 e parabéns pela coragem. 🩵
Profile Image for Rafaela Eichler.
22 reviews2 followers
October 24, 2020
"É necessário preservar o avesso. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único. E é nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos".

A experiência dessa leitura é um soco no estômago: livro forte e absolutamente necessário.

Me emocionei em vários momentos, mas acho que cabe destacar as passagens que tratam justamente da literatura (e do ensino de um modo geral) como instrumento de transformação política e social e como alternativa de se preservar o avesso: "Até o fim você acreditou que os livros poderiam fazer algo pelas pessoas".

É um livro imenso de meras 189 páginas.
Leiam, leiam, leiam!
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