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Líder do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, na Assembleia Nacional em Paris
Líder do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, na Assembleia Nacional em Paris| Foto: EFE/EPA/YOAN VALAT

Os resultados eleitorais favoráveis ao bloco esquerdista Nova Frente Popular (NFP) nas eleições parlamentares da França, neste domingo (7), deram espaço a um ambiente de incertezas para a economia nacional.

Isso porque alguns partidos que compõem a nova aliança progressista abraçam pautas que prometem inchar ainda mais os gastos públicos de uma economia já abatida.

Algumas decisões consideradas "urgentes" para a coalizão de esquerda que surge como o maior grupo do Parlamento, apesar de não ter maioria absoluta, são o aumento do salário mínimo, a melhora do poder de compra dos franceses a partir do congelamento dos preços da gasolina, energia e alimentos, a taxação sobre fortunas e lucros de empresas - algo que havia sido extinto por Macron - e o aumento dos impostos.

Em números, as promessas são de elevar em 10% os salários dos servidores públicos e implementar um imposto de renda de 90% sobre os mais ricos.

"Vamos reintroduzir imediatamente um imposto de solidariedade sobre a riqueza (ISF) com um componente climático de 15 bilhões de euros (R$ 86,7 bilhões de reais)", disse o senador socialista Alexandre Ouizille em uma coletiva de imprensa da Nova Frente Popular (NFP) antes das eleições do dia 7.

Somado a isso, a frente esquerdista quer passar um imposto sobre os superlucros das empresas, com o qual seriam arrecadados outros 15 bilhões de euros.

O economista e chefe do think tank Cercle de L'Epargne, Philippe Crevel, disse ao jornal alemão Deutsche Welle (DW) que a antecipação das eleições por Macron foi o primeiro ato a gerar impactos no mercado financeiro francês.

"O índice do mercado de ações francês CAC 40 caiu cerca de 8% em uma semana e as taxas de juros da dívida pública francesa subiram", explicou.

Segundo o economista, depois dos resultados eleitorais, são os planos da NFP que têm deixado os investidores da França preocupados.

O principal objetivo da esquerda francesa no momento é derrubar a reforma previdenciária implementada por Macron no ano passado, que elevou a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos.

A proposta do NFP quer desfazer esse teto, reduzido-o para 60 anos, o que, na prática, aumentaria os gastos do Estado com a previdência. O dinheiro arrecadado com os novos impostos seria utilizado para financiar esse objetivo.

Em seu programa de governo, o NFP também aumentou as despesas públicas em aproximadamente 150 bilhões de euros (R$ 868 bilhões de reais) para os próximos três anos.

Atualmente, a dívida pública da França está em 110% do PIB, com um déficit orçamentário de aproximadamente 5,5%.

Os números elevados geraram reação da União Europeia (UE), que abriu um processo disciplinar contra o país alertando sobre o "déficit excessivo" - o Pacto de Estabilidade e Crescimento do bloco permite uma dívida pública limitada a 60% do PIB e um déficit orçamentário de 3%.

A vitória da esquerda provocou uma rápida reação de insegurança entre os empresários franceses.

Segundo o jornal Financial Review, os executivos estão preocupados com um futuro governo mais inclinado a cobrar impostos de empresas e dos ricos, o que colocaria pressão adicional sobre as finanças já inchadas do Estado.

O empresário Michel de Rosen, presidente da fornecedora de peças automotivas Forvia, traduziu a preocupação do mercado com a vitória do NFP, em uma entrevista ao jornal.

“Muitas empresas de pequeno e médio porte são muito mais dependentes do mercado francês. Se você aumentar as taxas, impostos ou salários, isso pode criar uma situação muito difícil para elas. Poderíamos entrar em uma espiral de recessão e desemprego”, afirmou.

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