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Lira tem dificuldade de emplacar vice do PP na chapa de reeleição do aliado João Henrique Caldas (PL)
Lira tem dificuldade de emplacar vice do PP na chapa de reeleição do aliado João Henrique Caldas (PL)| Foto: Felipe Sóstenes/Câmara dos Deputados

Os principais grupos políticos do Nordeste negociam com os partidos de Lula (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) as coligações que devem protagonizar as eleições 2024 pelas capitais nordestinas.

Em Salvador (BA), maior colégio eleitoral do Nordeste, a pré-candidatura à reeleição de Bruno Reis (União Brasil) - que representa o grupo político do cacique baiano ACM Neto - terá como principal adversário o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), apoiado pelo governador petista Jerônimo Rodrigues e pelo presidente da República. O estado é governado pelo PT há 18 anos, mas não tem o mesmo sucesso nas eleições na capital, o que motiva a chapa encabeçada pelo MDB. 

O pré-candidato Geraldo Júnior terá como vice a ex-secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da Bahia Fabya Reis, petista ligada ao MST, na articulação política com apoio do ex-governador e atual senador Jaques Wagner (PT), que defendeu a composição ao invés de uma candidatura própria petista.

Enquanto o pré-candidato do MDB evidencia a aliança com Lula, o prefeito Bruno Reis prefere manter o apoio do PL de Bolsonaro à reeleição apenas nos bastidores políticos para evitar a polarização nacional da campanha local. Sem espaço para indicação do vice, como em outras capitais do país, a imagem do ex-presidente como aliado deve ser pouco explorada por Bruno Reis. A chapa que busca a manutenção do grupo político do ex-prefeito ACM Neto, em Salvador, manteve o nome da atual vice-prefeita, Ana Paula Matos (PDT), que foi candidata a vice-presidente em 2022 na chapa de Ciro Gomes (PDT).    

Se o cenário na maior capital do Nordeste caminha para polarização entre duas forças políticas antagônicas nas eleições 2024, em Fortaleza (CE), o acirramento entre as siglas do mesmo espectro político impossibilita a construção de coligações na direita e na esquerda. O racha político mais notório é dos irmãos Ciro e Cid Gomes (PSB), ex-governadores do Ceará, afastados desde 2022 por divergências nas eleições. 

Enquanto Ciro Gomes apoia a reeleição do atual prefeito José Sarto (PDT), o senador Cid Gomes se filiou ao PSB no início deste ano e reforçou a aliança política com o governador petista Elmano de Freitas e com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), filho de Eudoro Santana, presidente estadual da sigla. O grupo lançou a pré-candidatura do petista Evandro Leite à prefeitura de Fortaleza, o que pode ameaçar a ida do atual prefeito do PDT ao segundo turno.

Do outro lado, três pré-candidatos disputam o título de candidato da direita na capital cearense e, consequentemente, o apoio de Bolsonaro. O deputado federal André Fernandes (PL) foi lançado como pré-candidato a prefeito de Fortaleza pelo partido e se agarra ao ex-presidente para manter o nome confirmado pelo PL nas convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto em todo o país, conforme o calendário eleitoral.

Nas redes sociais, Fernandes afirma que é “o único de direita” entre os pré-candidatos e nega que pode ser vice ou abrir mão da eleição municipal para formação de uma coligação entre União Brasil e Novo, que lançaram as pré-candidaturas do ex-deputado federal Capitão Wagner e do senador Eduardo Girão.

Indicações de Lira e Renan Calheiros são barradas nas chapas de PL e PT

Em Maceió (AL), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e o senador Renan Calheiros (MDB) procuram mostrar influência nas articulações para a corrida eleitoral. Adversários políticos no estado, Lira e Calheiros podem ficar de fora das principais chapas da eleição municipal em uma das únicas capitais do país que ainda podem reproduzir, localmente, a polarização nacional de PL x PT no primeiro turno, caso a candidatura de esquerda decole em Maceió.

A pré-campanha à reeleição do prefeito João Henrique Caldas (PL), o JHC, não deve ceder ao PP de Lira a indicação do nome do vice, considerada estratégica para assumir a prefeitura em 2026, caso JHC seja candidato ao governo do estado alagoano. O indicado de Lira seria o ex-deputado estadual Davi Davino Filho (PP). Mesmo com a negativa, o presidente da Câmara dos Deputados deve manter o partido na coligação. 

A vaga na chapa de JHC pode ficar com o senador Rodrigo Cunha (Podemos), que tem como suplente a mãe do prefeito de Maceió. Ou seja, em caso de reeleição, Eudócia Caldas (PL) assumiria a cadeira de senadora alagoana. 

Na oposição, o PT articula a aliança para se opor ao favoritismo de JHC, que pode ser reeleito no primeiro turno, conforme o último levantamento do Instituto Paraná Pesquisas*. O partido lançou o pré-candidato Ricardo Barbosa, presidente estadual petista, e a tendência é que a família Calheiros não tenha influência na construção de uma frente de partidos para polarizar o pleito contra o candidato de Bolsonaro e Lira. 

Apesar do alinhamento com o governo federal, que tem Renan Filho como ministro dos Transportes, o diretório petista adiou as conversas com o MDB para um eventual segundo turno e contará com apoio dos partidos da Federação PT-PV-PCdoB e do Psol, partido de Eliane Silva, pré-candidata a vice na chapa de Barbosa. Com o veto, o MDB deve manter a pré-candidatura do deputado federal Rafael Brito no primeiro turno.

*Metodologia: 680 entrevistados pessoalmente, pelo Paraná Pesquisas, entre os dias 20 e 25 de junho de 2024. A pesquisa foi contratada pela JVACB Negócios Digitais. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,8 pontos percentuais. Registro no TSE nº AL-02718/2024.

João Campos: herdeiro político, jovem e entre os favoritos nas eleições no Nordeste

Em Recife (PE), o prefeito João Campos (PSB) representa uma nova cara na política do Nordeste para as eleições, apesar do berço político, assim como JHC. João Henrique Caldas tem 36 anos, lidera intenção de voto pela reeleição no primeiro turno em Maceió e aparece entre os favoritos na eleição ao governo de Alagoas em 2026.

Filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu em agosto de 2014 durante a campanha presidencial, o prefeito do Recife tem 30 anos, deve ser reeleito com ampla vantagem no primeiro turno, conforme a última pesquisa Datafolha*, e também almeja disputar o governo do estado nas próximas eleições. A principal diferença entre Campos e Caldas é o espectro político.

Campos articula uma coligação com partidos de esquerda, mas vetou a indicação do PT para a vaga de vice. O partido do presidente Lula indicou indicou o nome do ex-assessor do Ministério das Relações Institucionais Mozart Sales (PT), exonerado do cargo para ficar à disposição da chapa. No entanto, o favorito ao posto é o ex-chefe de gabinete de Campos, Victor Marques (PCdoB).

Segundo o instituto Datafolha, o prefeito de Recife tem 75% das intenções de votos. A alta aprovação pode credenciar Campos a disputar o governo do estado contra a reeleição da atual mandatária Raquel Lyra (PSDB), que apoia o pré-candidato Daniel Coelho (PSD) com 7% da preferência do eleitorado na capital do Pernambuco.

*Metodologia: pesquisa Datafolha realizada presencialmente, com 616 pessoas de 16 anos ou mais em Recife entre os dias 2 e 4 de julho. Levantamento contrato pela Folha da Manhã S.A. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. Registro na Justiça Eleitoral sob o protocolo PE-09910/2024.

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