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THE MAG - THE WEEKLY MAGAZINE BY FLASH!

A moda das festas sem telemóvel. Onde acontecem, as celebridades que vão... e o que querem "esconder"

Concertos, festivais, desfiles de moda e agora até a Met Gala. Tirar selfies em festas é (quase) coisa do passado.
Amarílis Borges
Amarílis Borges
23 de maio de 2024 às 22:11
A noite das longas caudas. Celebridades escolhem vestidos com causa para a Met Gala
Pamela Anderson
Nicole Kidman
Caudas, Met Gala
Shakira
Shakira
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Nicole Kidman
Caudas, Met Gala
Nicole Kidman
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Pamela Anderson
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala
Caudas, Met Gala

Anna Wintour parece ter o poder de encantar multimilionários e levá-los a fazer tudo o que ela bem entender: pagar 350 mil dólares por uma mesa de 10 lugares no jantar anual da Met Gala (como fizeram Jeff Bezos, Mike Bloomberg e Steve Schwarzman), obrigar os financiadores do evento a sentar onde ela quiser e com quem ela acha que devem passar a noite. A gala mais famosa de Nova Iorque teve este ano mais uma novidade exigida pela coordenadora: tornou-se uma zona livre de telemóveis.

E não é que Anna Wintour seja contra smartphones ou contra a divulgação da Met Gala. A diretora artística da Condé Nast tem, aliás, milhões de benefícios e está à frente de um forte modelo de negócios para revistas que beneficiam de parcerias nas redes sociais. Mas talvez Wintour esteja a sentir a exaustão do público para o qual ela fala, cada vez mais saturado do excesso de informações na Internet.

Três meses antes da Met Gala, as atrizes e estilistas Mary-Kate e Ashley Olsen marcaram a diferença na semana da moda de Paris ao obrigar o público do desfile da The Row a ver tudo de forma ‘offline’. Ninguém pôde usar os telemóveis, não houve câmaras na plateia, e nada foi partilhado nas redes sociais no momento da apresentação da coleção outono-inverno. As criadoras ainda disponibilizaram cadernos para que os espectadores tirassem notas em vez de fazerem publicações. "Chic. É o nível seguinte", lê-se numa página de moda. "Aposto que foi revigorante ver o público a olhar diretamente para as roupas em vez de estarem a olhar para as lentes das câmaras", lê-se num comentário de um seguidor da marca.

PHONE-FREE ZONES

Antes de a tendência offline chegar ao mundo da moda, músicos e humoristas já tinham tentado acabar com o fenómeno dos smartphones em punho nos espetáculos.

Madonna tentou banir os telemóveis nos seus concertos entre 2019 e 2020, na digressão ‘Madame X’, com pouco sucesso. Houve sempre imagens do espetáculo que chegaram às redes sociais. Talvez por isso a 'Celebration', deste ano, já não teve as mesmas regras.

Nos três concertos que deu em Portugal no ano passado, Bob Dylan impôs a regra de ‘Phone-Free Show’, espetáculo sem telemóvel. O ABBA Voyage também proíbe o uso de telemóveis.

Alguns festivais de música fazem a mesma proposta ao público, como é o caso do evento australiano Never Happened. "A música ao vivo já era incrível muito antes de nós começarmos a gravá-la para partilhar online", disse a promotora do evento, Pia Del Mastro, à ‘ABC’. As primeiras experiências foram um sucesso para o festival. O público "entende e adora", acrescentou a promotora.

Em Londres, a discoteca Fabric recuperou uma regra com quase 25 anos, da altura da sua abertura, a de banir o uso de telemóveis. Em 1999, a preocupação não eram as fotografias e os vídeos dos smartphones, que ainda não existiam, mas sim o barulho que os clientes faziam ao atender chamadas telefónicas. Agora, a discoteca apela por outro tipo de interação. "É na verdade muito saudável tentar levar as pessoas a aproveitarem o momento em vez de tentarem captá-lo através das lentes", declarou o fundador da Fabric, Cameron Leslie, à 'Time Out'.

GRUPOS DE DETOX DIGITAL

Em Amsterdão, grupos como o Offline Club, Power House e Off the Radar estão à frente de eventos de desintoxicação digital, onde as pessoas reúnem-se em festas, aulas de ioga ou cafés para fazer qualquer coisa que não esteja relacionada com a Internet. Alguns estabelecimentos até cobram para os clientes terem a experiência offline, como descreveu o ‘Guardian’ numa reportagem sobre um encontro para desintoxicação digital no Café Brecht, que custava pouco mais de sete euros, sem direito a bebidas.

Portugal também tem um clube offline, criado em 2016 pela arquiteta Bárbara Miranda, mas que não anuncia novos eventos desde a pandemia. 

GUARDAR UMA MEMÓRIA? NEM POR ISSO

"Tentar 'captar' a memória pode, na verdade, impedir que as pessoas lembrem-se dos mesmos eventos que estão a tentar conservar", defendeu o vice-presidente do grupo de pesquisa em Ciberpsicologia da Universidade de Sydney, Brad Ridout, à ‘ABC’, explicando que as suas últimas investigações mostraram que tentar gravar os momentos "pode resultar numa pior recordação em comparação com aqueles que simplesmente viveram a experiência em vez de tentar captá-la".

A mesma ideia é defendida pela psicóloga Charlotte Armitage, em declarações à ‘Time Out’. "Essencialmente, não estás presente no momento", afirmou. "Então, em vez de cheirar, ouvir, sentir o que está a acontecer ao redor, sentir as vibrações sonoras, estás a olhar para um telefone bem iluminado". 

A "pressão dos pares" também é um problema nos espetáculos em que dezenas de pessoas estão com os telemóveis a apontar para o palco. Se "eles estão a fazer isso, eu devia fazer também", será o pensamento imediato. Mas, "como os telefones fazem tanto por nós, quase não confiamos mais na nossa memória", argumentou a psicóloga.

O uso excessivo do smartphone não só está associado à perda de memória como também ao vício, devido à sensação de alívio que algumas pessoas sentem. Por isso, a psicóloga Vassia Sarantopoulou defende que o tempo offline pode reverter alguns dos danos. "Pode ter efeitos e benefícios psicológicos, sociais e emocionais quando aprendemos a desligar. E pode ser uma experiência realmente libertadora", comentou em declarações ao ‘The Guardian’.

Anna Wintour parece então ter sentido o cheiro de uma nova tendência no mundo digital, em que os registos podem estar prestes a sair das nossas mãos para passarem aos profissionais... O jantar da Met Gala não foi totalmente offline, as imagens estão à guarda de fotógrafos.

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