![Lisboa é opção de muitas pessoas que decidem morar em Portugal](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/como-morar-em-portugal-5-750x420.jpg.webp)
Conheça nossos Guias de Como Morar na Europa
Morar na Europa oferece uma qualidade de vida excepcional, com sistemas de saúde eficientes, educação de alta qualidade e uma rica diversidade cultural.
![](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/catpt3.jpg.webp)
Saiba tudo que precisa para uma mudança sem estresse: dicas de moradia, burocracia simplificada e muito mais.
Dê o primeiro passo rumo ao seu sonho agora mesmo!
![](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/04/Frame-23-10.jpg.webp)
Se você quer evitar imprevistos e economizar na sua viagem, você precisa ler isso!
Últimas notícias
![Agenda cultural brasileira na Europa](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/agenda-cultural-brasileira-na-europa-1-21-420x420.jpg.webp)
Agenda cultural brasileira na Europa: destaques de agosto de 2024
Agosto é o auge das férias na Europa, com muito turismo interno. Dias muito quentes e os europeus aproveitando para dar umas escapadinhas, nem que sejam de poucos dias ou semanas. A agenda de shows já diminui um pouco, mas ainda há muitos brasileiros circulando pelos palcos, festivais e casas de espetáculo do velho continente. Agenda de shows de brasileiros na Europa Saulo Fernandes Saulo volta à Europa para comandar os palcos com o ritmo baiano. O show mostrará os maiores sucessos de sua carreira, passando por várias fases e pelos clássicos do carnaval da Bahia. Segundo o próprio artista, é um espetáculo com “alegria genuína! Energia boa! Muita música da Bahia pra cantar, chorar, pular e sorrir!” Foto: Divulgação Confira mais informações sobre as apresentações. DataCidadeLocalBilhetes2/8Barcelona, EspanhaSala ApoloSaulo Fernandes em Barcelona3/8Genebra, SuíçaUptown Salle ConcordeSaulo Fernandes na Suíça4/8Dublin, IrlandaMeeting House SquareSaulo Fernandes em Dublin6/8Londres, InglaterraJazz CaféSaulo Fernandes em Londres9/8Lisboa, PortugalTime OutSaulo Fernandes em Lisboa10/08Porto, PortugalHard ClubSaulo Fernandes no Porto11/08Amsterdam, HolandaFestival de verãoSaulo Fernandes no Porto Marcelo D2 Marcelo D2 traz para a Europa a turnê do seu mais recente álbum, “Iboru”, lançado em junho de 2023. Foto: divulgação O disco é parte de um projeto de celebração do samba e contou com as participações especiais de nome como Zeca Pagodinho, Alcione, Xande de Pilares e outros. “Tá chegando a hora de levar o Novo Samba Tradicional para o Velho Continente”, escreveu o músico na sua conta do Instagram, DataCidadeLocalBilhetes2/8Berlim, AlemanhaFestsaal KreuzbergMarcelo D2 em Berlim Luedji Luna A cantora e compositora Luedji Luna leva para a Irlanda e para a Inglaterra a turnê do álbum “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’água Deluxe”, indicado para o “Melhor Álbum de MPB” do Grammy Latino 2021. Foto: Divulgação Baiana de nascimento, é também uma voz ativa na militância racial e feminista. DataCidadeLocalBilhetes2/8Dublin, IrlandaButton FactoryLuedji Luna em Dublin3/8Londres, InglaterraThe Lower ThirdLuedji Luna em Londres4/8Londres, InglaterraCrystal Palace BowlLuedji Luna em Londres Gusttavo Lima Cantor, músico e compositor, o sertanejo Gusttavo Lima vai a Portugal levando os seus maiores sucessos. Foto: Divulgação O cantor faz somente duas únicas apresentações. DataCidadeLocalBilhetes23/8Gondomar, PortugalMultiusos de GondomarGusttavo Lima em Gondomar24/8Lisboa, PortugalEstádio do ResteloGusttavo Lima em Lisboa Festivais com artistas brasileiros na Europa Festival Paredes de Coura Ao longo de 30 anos de existência, o mais antigo festival português tem muita história. Pelos seus palcos já passaram novos nomes da música internacional e artistas já consagrados. Foto: Divulgação Na programação deste ano, que se estende de 14 a 17 de agosto, a presença brasileira fica por conta dos Gilsons, que se apresenta no dia 15 de agosto. DataCidadeLocalBilhetes14 a 17/8Paredes de Coura, PortugalFestival Paredes de CouraFestival Paredes de Coura Festival Sol da Caparica Quatro dias de festa, sempre dando destaque a para música lusófona, do pop ao hip hop, do rock à música eletrônica. A edição de 2024 tem entre os artistas nomes como os Gilsons, MC Livinho e o rapper L7nnon. DataCidadeLocalBilhetes15 a 18/8Almada, PortugalParque Urbano da Costa da CaparicaFestival Sol da Caparica Festival Sudoeste 2024 Mais um tradicional festival em Portugal (o primeiro foi realizado em 1997), que já trouxe grandes artistas para espetáculos com clima de praia. Na edição deste ano, que acontece entre 7 e 10 de agosto, o Brasil é representado com a presença de Anitta e Alok. DataCidadeLocalBilhetes7 a 10/8Zambujeira do Mar, PortugalHerdade da Casa Branca, Festival SudoesteFestival Sudoeste Festival de verão de Amsterdam 2024 Dois dias de música e de cultura brasileiras, com destaque para o show do baiano Saulo Fernandes. DataCidadeLocalBilhetes10 e 11/8Amsterdam, HolandaPolderheuvelFestival de Verão Festas brasileiras na Europa Balada Prime Lisboa A Balada Prime é um evento de música — pagode, sertanejo e forró — e comida típica brasileira. Há duas oportunidades em agosto para conferir o evento. DataCidadeLocalBilhetes3 e 10/8Lisboa, PortugalEspaço A Voz do OperárioBalada Prime em Lisboa Feijoada dos Bamba e Convidados Para quem gosta de roda de samba, feijoada, churrasquinho e quitutes brasileiros, a feijoada é uma boa oportunidade de matar a saudade do Brasil. DataCidadeLocalBilhetes4/8Porto, PortugalParque da Pasteleira – entrada SulFeijoada de Bamba no Porto Stand-up comedy com brasileiros na Europa Marco Luque Marco Luque leva o espetáculo “Dilatados” para Portugal, numa única apresentação em que conta as façanhas de Jackson Faive, o motoboy paulistano mais famoso do Brasil, e Mustafáry, um vegetariano irônico e controverso, que prega a sustentabilidade do Planeta. Foto: Divulgação DataCidadeLocalBilhetes25/8Lisboa, PortugalTeatro Tivoli BBVAMarco Luque em Lisboa Exposições de brasileiros na Europa Airton Senna Forever Uma celebração de um dos maiores pilotos de todos os tempos e de uma figura imortal. Na exposição é possível ver vídeos e fotos exclusivas, além de muitos objetos pessoais, que ajudam a relembrar sua história pessoal e suas conquistas. Foto: divulgação (senna.com) A exposição acontece na Itália até o mês de outubro. DataCidadeLocalBilhetesAté 13/10Torino, ItáliaMuseu Nacional do AutomóvelAirton Senna Forever em Torino
![Protestos contra o turismo na Europa tomam conta das ruas.](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/protestos-contra-o-turismo-na-europa-420x420.jpg.webp)
Europa vive dilema e cria medidas para tentar equilibrar turismo e tranquilidade dos moradores
Nas últimas semanas, os protestos contra o turismo na Europa têm ganhado os noticiários. As principais cidades do continente se tornaram palcos de importantes debates sobre o chamado “sobreturismo”, ou seja, o alargado número excessivo de turistas nas ruas e nas suas principais atrações, o que tem causado algum incômodo na vida dos moradores locais e na dinâmica das cidades. É preciso debater os impactos e pensar em soluções Não há dúvida que o maior número de pessoas exige das autoridades medidas para fazer frente aos engarrafamentos, à maior geração de lixo, à poluição e a outros problemas que naturalmente surgem em situações de maior fluxo de pessoas. Por outro lado, a maioria destas mesmas cidades depende do turismo, não apenas como gerador de divisas, mas também como setor que traz diversidade, abre novas oportunidades, enriquece a sociedade do ponto de vista da cultura e da inclusão, abres milhares de postos de trabalho. Achar o equilíbrio nesta equação é o maior desafio do poder público e também da iniciativa privada. Em Portugal, excesso de barulho, fechamento de comércio tradicional e escassez de imóveis A maior cidade do país e, sem dúvida, o principal destino turístico de Portugal, Lisboa já não é mais a mesma. Pelo menos na opinião dos moradores locais, que muitas vezes já se veem obrigados a deixar os bairros mais tradicionais e boêmios, cujos imóveis acabam sendo transformados em alojamentos locais ou bares. E sempre com o preço dos pontos a subir cada vez mais. Quem resiste, reclama do excesso de barulho nas ruas, sujeira e alguma insegurança. Por trás das inquietações, um dos fenômenos é a quantidade crescente de pessoas — incluindo um número gradativo de turistas — que saem às ruas para beber, por exemplo. Neste caso, já há sinalizações específicas em determinadas ruas pedindo silêncio, com texto em inglês e português. Moradores de Lisboa reclamam do barulho e colocam placas de silêncio para chamar a atenção. Foto: observador.pt/ Matéria veiculada pelo jornal Observador explica que o excesso de barulho é devido ao aumento da quantidade de estabelecimentos que vendem bebidas a preços baixos e funcionam além do horário permitido. Uma das juntas de freguesia (uma espécie de subprefeitura) adiciona em sua página no Facebook que há: “[...] falta de fiscalização por parte da Câmara Municipal de Lisboa e das entidades por ela tuteladas, que só nos últimos dois anos e meio, permitiu a abertura de mais de uma centena de estabelecimentos (provavelmente ilegais, face às normas em vigor)”. Turismo de copos Uma das vozes ativas neste desafio de buscar que o espaço urbano seja utilizado de forma mais civilizada é a associação Aqui Mora Gente, que tem um importante histórico de denúncias contra os excessos associados à vida noturna na região. Em entrevista para o jornal Público, a dirigente da entidade lamenta o que chama de “turismo de copos”. “As pessoas estão cansadas. Temos assistido o agravamento da percepção de insegurança, com o crescimento da criminalidade e da atividade de indivíduos a assediarem as pessoas para vender droga”. Isabel Sá da Bandeira apoia a campanha da sinalização, mas entende que talvez não adiante muita coisa. “São precisas medidas mais duras, como em Amsterdam ou Barcelona”. E a representante da entidade vai mais longe: “não adianta apenas pedir silêncio, é preciso relembrar que também é proibido urinar na rua”. Aqui cabe uma ressalva importante: em todos os debates sobre o tema, a culpa não recai apenas nos turistas estrangeiros, apesar da quantidade crescente de cidadãos de outros países circulando pela noite lisboeta, por exemplo. Há uma parcela de moradores locais que também ajuda a tornar o problema mais grave. Comércio tradicional e casas de fado perdem espaço para bares de rua Nesta onda de cada vez mais turistas na vida noturna portuguesa se pautando pelo preço baixo das bebidas, alguns pontos icônicos da cidade — como casas de fado e comércio tradicional — perdem espaço para bares “low cost”. A presidente da junta de freguesia da Misericórdia, que está à frente de bairros boêmios e tradicionais de Lisboa, reconhece que o “turismo de copos” prejudica a qualidade de vida dos moradores. Em entrevista para o jornal O Globo, Carla Madeira afirma que os lisboetas convivem bem com os turistas e são pacíficos, mas não gostam quando são desrespeitados. A presidente da junta lembrou dos recentes episódios de descontentamento com o turismo de massa nas cidades espanholas e chegou a admitir que os moradores também poderão protestar, “porque as pessoas ficam revoltadas”. Lei proíbe a venda de bebidas em copos plásticos Não é por falta de legislação que os excessos são cometidos. Há regras sobre horários de funcionamento dos bares, sobre características dos estabelecimentos comerciais, entre outras. Mais recentemente, os bares e restaurantes de Lisboa foram informados sobre a proibição da venda para fora de bebidas em copo plástico de utilização única. A decisão consta de um despacho publicado em maio no Boletim Municipal da Câmara Municipal de Lisboa. O foco prioritário não está diretamente relacionado ao turismo, mas sim ao lixo gerado nas ruas da cidade. Por outro lado, a medida acaba servindo como um inibidor da prática de “pular” de bar em bar pelas ruas, carregando um copo plástico nas mãos. Taxa de turismo em Lisboa duas vezes mais cara O valor não é de assustar, mas vai duplicar a partir de 1 de setembro de 2024. A chamada Taxa Turística de Dormida, quantia normalmente cobrada nos estabelecimentos hoteleiros, passará de 2€ para 4€ por noite e por hóspede, segundo proposta recém-aprovada pela Câmara de Lisboa. O documento inclui também a atualização da taxa turística dos que chegam por via marítima, também duplicando o valor, de 1€ para 2€, por passageiro. Sintra não é Disneylândia Outro importante destino turístico de Portugal, Sintra também tem enfrentado desafios com o excesso de turistas. Nas últimas semanas, as varandas e janelas das casas e apartamentos da cidade, bem como vitrines do comércio local, trazem cartazes e faixas que deixam claro o descontentamento: “Queremos Sintra viva e habitada, NÃO turismo de massas!” As mensagens, muitas delas em inglês, lembram, por exemplo, que “Sintra é diferente de Disneylandia”. Moradores de Sintra também deixam claro o seu descontentamento com o turismo em massa. Foto: Divulgação. A associação civil e independente QSintra — Em Defesa de um Sítio Único, está à frente da iniciativa e divulgou um manifesto, “Sintra é de todos e precisa de todos”, que traz, entre outros pontos, a necessidade de a cidade combater a “excessiva dependência” do turismo. “O turismo é importante para Sintra, mas não pode ser um fator de desqualificação da paisagem e não pode prejudicar o dia a dia dos habitantes”. Números do turismo em Portugal batem recordes Os principais indicadores do turismo em Portugal bateram recordes em 2023, ajudando a explicar porque muitos moradores se sentem “sufocados” com tantos visitantes estrangeiros. As receitas geradas pelo turismo no ano passado foram de cerca de 6 bilhões de euros, segundo dados iniciais do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). O valor é 20% superior ao de 2022 e mais de 40% acima do de 2019, antes da pandemia. Do total, 4,6 bilhões de euros vieram das hospedagens, 43% superior ao registrado em 2019. Em 2023, o país recebeu mais de 26 milhões de hóspedes, que registraram pouco mais de 77 milhões de pernoites. A alta nas receitas com hospedagem não se deve apenas ao maior número de hóspedes, mas também da alta dos preços: em média, os valores por noite subiram pouco mais de 9% na comparação com o ano anterior. Dados preliminares consideram apenas os resultados dos estabelecimentos turísticos, sem contabilizar outras atividades do setor. Fonte: INE E uma estimativa mais ampla, as receitas diretas e indiretas do turismo em Portugal devem chegar à soma de 25 bilhões de euros. Em Veneza, bilhete de entrada e grupos limitados Veneza foi a primeira cidade do mundo a criar um bilhete de entrada, quase como se fosse um parque de diversões, a ser pago pelos turistas sob certas condições. A iniciativa foi lançada em abril como um projeto-piloto e previa o pagamento de 5€ por pessoa como “ingresso” na cidade, apenas para os que não pernoitassem. Ou seja, para o turista que fazia algo como um “bate e volta” em Veneza. No período experimental recém-finalizado, a cidade italiana arrecadou pouco mais de 2 bilhões de euros. A iniciativa e o montante, porém, não deixaram de receber críticas dos moradores locais e de algumas associações. Para tais grupos, o valor é baixo e não serviu para reduzir o número de visitantes. Agora, passado o teste inicial, já há novos planos: “A primeira fase experimental não revelou efeitos tão significativos no fluxo de turistas, mas a situação vai mudar quando o bilhete máximo for aumentado para 10€”, disse as autoridades locais. O objetivo é que os turistas fiquem em Veneza por mais tempo, gerando receitas para a cidade. Com o modelo em que o turista passa poucas horas na cidade, não há grandes ganhos em termos financeiros. Amsterdam também cria medidas para reduzir o turismo de massa Amsterdam também entra nos protestos contra o turismo na Europa e o problema já é antigo. “Queremos tornar e manter a cidade habitável para residentes e visitantes. Isto significa: nada de turismo excessivo, nada de novos hotéis e nada mais do que 20 milhões de dormidas de turistas por ano”, anunciaram as autoridades holandesas. E uma das medidas anunciadas é a proibição de construção de novos hotéis. Agora, só serão dadas novas licenças para unidades hoteleiras caso alguma outra feche. Ainda assim, um eventual novo empreendimento não pode ter mais quartos do que o que for fechado e ainda deve ser melhor, sob diversos critérios, como, por exemplo, ser mais sustentável. Outras medidas já haviam sido tomadas, como a proibição do consumo de cannabis nas ruas do famoso Red Light District e o fim das visitas guiadas para ver as prostitutas nas vitrines do mesmo bairro. Vale lembrar que em 2023 a câmara municipal já havia lançado uma campanha polêmica dirigida especialmente aos turistas ingleses, na faixa dos 18 aos 35 anos. Em vídeo oficial, a mensagem Stay Away (fiquem fora, em tradução livre) procurava desencorajar a vinda deste público. Os ingleses costumavam chegar em grande número, principalmente para despedidas de solteiros, lotando as ruas, consumindo álcool e drogas em excesso, o que acabava criando situações de confrontos com os moradores locais, cada vez mais hostis aos “forasteiros”. https://vimeo.com/812406264 O comunicado reforça que todos são bem-vindos, se cumprirem a legislação local e não causar transtornos para a população. “Os visitantes são bem-vindos, mas os residentes são a prioridade”. População sai às ruas para protestar em Barcelona Nas últimas semanas, os protestos contra o turismo na Europa ganharam destaque em Barcelona. A imagem de moradores atingindo turistas com pistolas de água estampou a imprensa de todo o mundo. A ação mais radical é resultado de um descontentamento crescente dos cidadãos espanhóis, que veem no turismo excessivo a escalada de preços, especialmente nos aluguéis. Segundo a polícia local, quase 3 mil moradores de Barcelona saíram às ruas como forma de protesto. Com palavras de ordem e cartazes, davam voz a mensagens como “Turistas, vão para a casa”, “Barcelona não está à venda” e “Menos visitantes, mais habitantes”. Além da preocupação com os valores dos aluguéis, que subiram cerca de 70% na última década, a preocupação dos manifestantes é também com o comércio local e com as condições de vida na cidade, especialmente no que se refere à limpeza, barulho e trânsito. A alta dos aluguéis é um fenômeno que ocorre pela transformação de prédios em alojamento locais, diminuindo a oferta de residências para os moradores. Governo tem tentado controlar a situação dos aluguéis Em junho deste ano, porém, o governo local anunciou uma medida drástica para reverter esse cenário: não serão concedidas novas licenças para alojamento local e todas as já existentes — cerca de 10 mil oficialmente registrados — serão canceladas no final de 2028. A meta é que em Barcelona: “[...] cesse completamente a atividade dos apartamentos turísticos e que as 10 mil casas entrem no mercado para serem habitadas regularmente pelos residentes de Barcelona”. Barcelona é a cidade mais visitada da Espanha, que por sua vez é o segundo país europeu mais procurado pelos turistas, perdendo apenas para a França. Em 2023, recebeu mais de 12 milhões de turistas (como referência, a cidade possui pouco mais de 1,6 milhão de moradores), enquanto na Espanha foram mais de 85 milhões de turistas. Sobreturismo se espalha por outras cidades ao redor do mundo O excesso de turistas não é “privilégio” das grandes capitais ou dos destinos mais tradicionais. Com a facilidade das viagens, há cada vez mais localidades enfrentando os desafios de ter que acolher um número de pessoas que chega a ser dez vezes superior ao tamanho da população local. Recentemente, a ilha de Capri, na Itália, barrou a entrada de todo e qualquer turista por estar com um problema de abastecimento de água. Com a disponibilidade reduzida, nem para os moradores estava sendo suficiente. Barcos que já estavam a caminho tiveram que retornar. A medida já foi suspensa, mais ficou o alerta: será que a cidade está preparada para receber tanta gente? O dirigente de uma associação ligada ao comércio local afirma: “[...] há mais pessoas chegando do que as que conseguimos aguentar e as famílias não conseguem criar raízes porque não têm dinheiro para ficar”. Na alta temporada, entra na cidade diariamente quase o dobro da população local. Veneza é uma das principais cidades europeias que sofre com o excesso do turismo. Outro exemplo recente é o da aldeia de Hallstatt, na Áustria, considerada por muitos a mais bonita da Europa e que teria servido até de inspiração para os cenários do filme Frozen. Com cerca de 800 moradores, recebe cerca de 10 pessoas por dia. E todos se aglomeram em alguns pontos estratégicos para selfies com o fundo deslumbrante da aldeia. A solução do governante local foi erguer uma parede de madeira que cobria a visão a partir do ponto mais “estratégico” para os turistas ávidos pela lembrança. A parede já foi abaixo, mas mensagens foram colocadas no local pedindo que os turistas lembrem que ali vivem pessoas, com sua rotina, sua privacidade. Não é só o continente europeu que vive a insatisfação Outra recente manifestação de descontentamento com o sobreturismo aconteceu no Japão, onde uma pequena cidade costumava receber centenas de turistas para tirar fotos do Monte Fuji, numa localização bastante privilegiada para o registro fotográfico. A solução: instalaram uma enorme tela preta diante do ponto mais concorrido para as selfies, eliminando a possibilidade de que as imagens registrassem o monte. Um comerciante local explicou que, apesar de a cidade depender muito do turismo, os visitantes jogam lixo nas ruas, atravessam a estrada de forma arriscada, ignoram os semáforos e até invadem propriedades privadas. E tudo para tirar selfies do Monte Fuji, num ponto que parece ter realmente uma visão privilegiada. Nas cidades europeias mais visitadas, há mais turistas do que residentes Um recente ranking das capitais europeias com mais turistas em relação ao total de moradores coloca Veneza no topo da lista, com 12 turistas para cada morador. Veja os dados de outras cidades: CidadeQuantidade de turistas para cada moradorDublin11Tallin10Paris9Atenas e Praga8Edimburgo7Copenhagen e Lisboa6Estocolmo, Viena e Roma4Londres3Budapeste, Bruxelas, Madrid e Berlim2 Fora das capitais, os números da desproporção são ainda maiores: Dubrovnik, na Croácia, recebe a média de 36 turistas por habitante. Atrás dela, Bruges, na Bélgica, Rhodes, na Grécia, todas com média de 21 turistas por habitante; e Reykjavik, na Islândia, com 16 para 1.
![Mulher acessando a Segurança Social Direta](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/dificuldade-no-registro-na-seguranca-social-420x420.jpg.webp)
Número da Segurança Social em Portugal fica mais difícil para quem não estiver regularizado no país
Um importante documento para quem vem viver em Portugal, e para os cidadãos locais também, começa a ficar mais difícil de ser obtido pelos imigrantes. Trata-se do NISS, o Número de Identificação da Segurança Social, semelhante ao INSS no Brasil. O NISS garante ao portador uma série de benefícios, como o acesso a apoios e subsídios por doença e por desemprego, por exemplo. Entenda as mudanças. Dificuldade é consequência da mudança de regras A mudança nos critérios para obtenção do NISS é uma das diversas iniciativas do plano mais amplo do governo, que decidiu rever uma série de pontos na regras de imigração no país, como noticiamos no início de junho. A partir de agora, só pode entrar com o pedido do Número de Inscrição na Segurança Social quem já tiver um pedido de autorização de residência (AR) formalizado. E atualmente, com o fim da possibilidade buscar uma AR por meio da manifestação de interesse (suspensa pelo governo), o pedido do título de residência fica também vinculado à posse de um visto – seja de trabalho, de rendimentos próprios ou outra modalidade - obtido no país de origem. Em outras palavras, o NISS só será possível para quem tem o pedido de autorização de residência, que por sua vez não pode mais ser pleiteado pela manifestação de interesse (MI). Pedidos feitos online As solicitações para a obtenção do Número de Inscrição na Segurança Social são feitas online, no portal da própria Segurança Social. O pedido de NISS é encaminhado após o preenchimento do formulário e envio da documentação exigida. Ao acessar site, é preciso preencher as informações do formulário e anexar os documentos necessários: Comprovante da situação de trabalho: Contrato de trabalho ou; Cópia do início de atividade independente e cópia dos recibos/faturas ou; Certidão de registo da sociedade do Instituto dos Registos e do Notariado (INR). Comprovante de pedido de regularização de residência: Comprovante do pedido de autorização de residência ou; Comprovante do pedido do Visto de Residência para cidadãos de Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ou; Comprovante do pedido de Certificado de Concessão de Autorização de Residência para cidadãos de CPLP. Obter o NISS para ter acesso a benefícios Ter o NISS em Portugal é quase obrigatório para quem opta por viver no país. A Segurança Social garante uma série de benefícios para os cidadãos, que contribuem regularmente para a instituição. No caso dos que têm contrato de trabalho, o pagamento para a Segurança Social é feito automaticamente, como desconto nos salários mensais. Quem trabalha por conta própria, emitindo os chamados recibos verdes, o pagamento deve ser feito diretamente pelo cidadão, com base em valores que variam trimensalmente de acordo com os rendimentos. “A Segurança Social é um sistema que pretende assegurar direitos básicos dos cidadãos e a igualdade de oportunidades, bem como promover o bem-estar e a coesão social para todos os cidadãos portugueses ou estrangeiros que exerçam atividade profissional ou residam no território”, esclarece o portal da instituição. Principais benefícios que podem ser solicitados Entre os principais benefícios disponíveis na Segurança Social de Portugal estão: Apoios para as crianças e jovens (babás, creches, centros de tempos livres e de férias); Apoio social a crianças e jovens em perigo (centros de apoio familiar, casas de acolhimento, acolhimento familiar e equipes de rua de apoio a crianças e jovens); Apoio à parentalidade (subsídios para pais e mães, subsídios por adoção). Imigrantes pedem a volta da manifestação de interesse Nos primeiros dias de julho, uma importante mudança teve grande impacto na vida dos imigrantes: o fim da manifestação de interesse mecanismo que permitia que mesmo quem entrasse como turista, conseguisse trabalho e recolhesse regularmente os valores da Segurança Social, poderia dar entrada no título de residência. Quem estava já com as manifestações ingressadas e em andamento não foi penalizado, mas novos pedidos estão suspensos. Segundo declaração do primeiro-ministro Luis Montenegro ao anunciar a decisão: “[...] o objetivo da medida é promover a entrada dos cidadãos com visto de residência, para ‘desafogar’ os 400 mil processos em andamento na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA)”. Diante deste obstáculo, diversas instituições ligadas à imigração estiveram reunidas com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no último dia 14 de julho, para pedir que a iniciativa seja revista. De acordo com artigo da agência Lusa, o presidente "considera que o diploma (com o fim da manifestação de interesse), que saiu do Conselho de Ministros e foi promulgado por ele em três horas, é temporário”. Segundo notícia, Marcelo Rebelo de Sousa prometeu lutar para que volte a ser possível aos imigrantes recorrer à manifestação de interesse. A causa dos imigrantes está sendo levada adiante por um coletivo de 51 associações, que já conseguiram se reunir com diversas instituições e partidos políticos. Os dirigentes ouvidos pela reportagem mostraram-se bastante preocupados com as incertezas de todo este processo. “Há milhares de crianças nascidas em Portugal, doentes em tratamento ao abrigo de acordos bilaterais, processos de reagrupamento familiar e não há resposta para nada”. E mais: “a situação dos imigrantes, com as alterações legais que proibiram as manifestações de interesse, está a tornar-se insustentável, com milhares de pessoas num limbo, que têm descontos, que trabalham e agora não têm um canal para se regularizarem”.
![Brasil e Portugal assinaram um acordo de combate ao racismo e à xenofobia](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/acordo-de-combate-ao-racismo-e-a-xenofobia-1-420x420.jpg.webp)
Brasil e Portugal assinam acordo de combate ao racismo e à xenofobia – saiba detalhes
O governo brasileiro e o recém-criado Observatório do Racismo e Xenofobia, da NOVA School of Law, em Portugal, fecham acordo de combate ao racismo e à xenofobia e vão atuar em parceria para identificar ações mais efetivas para lutar contra a discriminação por questões raciais e de nacionalidade. A cooperação entre os dois países foi confirmada pela ministra brasileira da Igualdade Racial, Anielle Franco, que esteve em Portugal e visitou a universidade, em Lisboa. Acordo garante produção de informação No encontro, foram assumidos compromissos relacionados à produção de dados sobre a população negra em Portugal, considerando o contingente de imigrantes brasileiros e africanos. Além disso, os países pretendem unir esforços para pedir a inclusão da contabilidade da raça e etnia nos censos, cumprindo as boas práticas internacionais e fomentando políticas de integração. Portugal quer fazer uma reparação histórica Em recente jantar do presidente Marcelo Rebelo de Sousa com jornalistas estrangeiros, durante a celebração do 25 de abril, o tema que mais ganhou destaque foi o da necessidade de Portugal “pagar os custos” dos erros cometidos no período colonial. O assunto ganhou destaque na mídia por muitos dias e entre diferentes públicos. Agora, mais uma vez, a ministra brasileira retomou o assunto em entrevista para a Agência Lusa. Segundo ela, o Brasil estaria à disposição para apoiar Portugal na criação de ações concretas sobre este assunto. “A reparação é uma questão muito extensa e muito séria e o Brasil tem vários exemplos de reparações em curso, como a lei de cotas. É importante analisar o que mais pode ser feito”, declarou Anielle Franco. “Eu sou muito crítica quando se fala de reparações concretas, porque muita coisa que para o povo negro é concreto, para outras pessoas não é”, referiu a ministra. Combate ao racismo e a xenofobia esteve na pauta de outros ministérios A agenda da ministra incluiu encontros com outras autoridades portuguesas, sempre para abordar o tema da xenofobia e do racismo. Um destes encontros foi com a ministra de Juventude e Modernização de Portugal, Margarida Balseiro Lopes. A pasta da ministra é responsável pelo programa Tens Futuro em Portugal, com foco na juventude portuguesa e lançado em maio deste ano, que tem grandes similaridades com o Plano Juventude Negra Viva, do governo brasileiro. Os números aumentam e o medidas para combater o racismo e a xenofobia em Portugal se tornam cada vez mais necessários. A ministra esteve também com o Embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, tratando igualmente dos assuntos ligados à questão racial no país. Xenofobia e racismo aumentam em Portugal Os números podem variar conforme a fonte e nem sempre refletem a realidade (acredita-se que há muitos casos não notificados), mas os episódios de racismo e xenofobia têm crescido em Portugal. Dados de uma das poucas fontes disponíveis — as estatísticas da Comissão para a Igualdade e Discriminação Racial (CCIDR) — trazem 409 queixas em 2022, contra 408 do ano anterior. No geral, a diferença é pequena, mas quando se separa por nacionalidade, os casos contra brasileiros pularam de 108 para 168, dentro deste mesmo intervalo de tempo. De acordo com outra fonte, a GNR (Guarda Nacional Republicana), foram 347 crimes de discriminação em 2023, um acréscimo de 38% frente ao ano anterior, divulgou a Agência Lusa. No início deste ano, um documento assinado por diversas entidades, entre associações de imigrantes, comitês e núcleos partidários, foi entregue na embaixada brasileira em Lisboa. A carta, que já havia sido enviada ao presidente do Brasil, reforça a preocupação dos imigrantes brasileiros com a discriminação. Trecho do documento é direto ao abordar a violência. “É importante que o Governo brasileiro tome conhecimento dos casos de discriminação e violência que estão ocorrendo contra brasileiras e brasileiros em Portugal e que nosso presidente e nossos ministros expressem repúdio a esses ataques”. O embaixador brasileiro Raimundo Carreiro se mostrou solidário, mas lamentou que só sabe dos casos por meio da imprensa. “As pessoas precisam efetuar denúncias, para também termos dados e estatísticas, porque neste momento não chega a nós”. O embaixador falou da importância das vítimas procurarem a polícia e outras autoridades para apresentar queixa. No documento entregue ao governo brasileiro, as entidades signatárias afirmam que houve um aumento de mais de 500% nos casos de violência e racismo, entre os anos de 2017 e 2021. Brasil também planeja criar um Observatório Ainda como parte da parceria entre os dois países, foi acordado o desenvolvimento de um protocolo de cooperação com universidades portuguesas e brasileiras, para ser criado um observatório semelhante no Brasil. “Este acordo é um potente instrumento na luta contra o racismo, xenofobia e outras discriminações. Com esta assinatura, oficializamos a troca de conhecimentos e o desenvolvimento de ações conjuntas que irão beneficiar a população brasileira, principalmente aqueles que residem em Portugal”, afirmou a ministra brasileira. Segundo informação do jornal Público, a cooperação institucional anunciada prevê também a criação do Prêmio Marielle Franco, que irá reconhecer o trabalho de pesquisadores que tratem do racismo e xenofobia.
![Alta do euro pode atrapalhar quem está de mudança para Europa.](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/alta-do-euro-420x420.jpg.webp)
Sobe e desce do euro: saiba como pode impactar na vida do imigrante
Analisar as variações do valor do real em relação à alta do euro é uma tarefa que deve considerar in��meras variáveis: o ambiente político europeu, como as recentes eleições na França; o ambiente político no Brasil; os conflitos na Europa e em Gaza; as taxas de juros brasileiras, europeias e norte-americanas e por aí vai. Sem contar, claro, que o sobe e desce da moeda é muitas vezes motivado por percepções, ou seja, se o mercado achar que algo não está bem — mesmo que nem sempre haja qualquer evidência comprovada — então não está bem mesmo. E é o suficiente para os indicadores balançarem na gangorra. Para tentar entender o que poderá acontecer daqui para a frente, trouxemos algumas das análises do mercado financeiro, que podem dar pistas sobre os próximos valores do euro em relação ao real, além das variáveis que mais podem impactar a flutuação do câmbio. Mercado investidor movimenta a alta do euro De maneira muito simplista, o câmbio é livre e segue o velho conceito da oferta e da procura. Ou seja, quanto mais gente quer comprar o real, mais cara fica a moeda. No sentido oposto, quanto maior a oferta, isto é, quanto mais dinheiro está disponível para vender e menor é a procura, o preço tende a cair. A dinâmica aqui foi bastante simplificada, mas permite entender como funciona o mercado. São muitos os fatores que vem movimentando a alta do euro e até o momento os especialistas não estão otimistas. Assim, quanto mais investidores estrangeiros, por exemplo, quiserem levar seus dólares para “comprar” reais e aplicar no Brasil, mais deste “dinheiro” (dólar, no exemplo) estará disponível no mercado e o preço tende a cair. Ou seja, o real sendo mais procurado, mais caro fica em relação ao dólar. No sentido contrário, acontece o mesmo: quando os investidores decidem que não querem converter seus dólares ou euros para investir no Brasil, esse dinheiro estrangeiro sai do país e, com a menor oferta, tende a ficar mais caro. Outros fatores influenciam na flutuação da cotação Mas há variáveis que podem interferir neste processo. Os bancos centrais dos países podem, por exemplo, colocar algum dinheiro no mercado (dólar ou euros, por exemplo) e ajudar a equilibrar a balança. Desta forma, o Banco Central no Brasil consegue, numa situação em que haja uma “fuga” grande de dólares do país, colocar um pouco do seu estoque da moeda estrangeira no mercado para aumentar a oferta da moeda e tentar equilibrar o preço em relação ao real. E vale sempre lembrar que a alta do euro/dólar pode ser ruim para quem vai viajar para Europa (ou qualquer outro continente) ou fazer compras no exterior, mas pode ser bom para quem está vendendo seus produtos para o exterior, por exemplo. Achar esse equilíbrio é o desafio de quem faz a gestão das contas públicas ou privadas, dos balanços de pagamentos e coisas assim. Alta do euro pode dificultar a vida de quem sonha em mudar para Europa O sobe e desce do real em relação ao euro é realmente um problema e pode atrapalhar bastante os planos de quem pensa em viver na Europa. Como fazer uma estimativa em reais de quanto eu vou precisar para pagar minhas contas e honrar meus compromissos em euros? Aquele planejamento que considerava, por exemplo, um aluguel de 1.000€ por mês (12.000€ ao ano) podia custar R$ 64.800 ao ano (com euro a R$ 5,40) ou R$ 72.000 ao ano (com euro a R$ 6). São poucos centavos de diferença na cotação de 1€, mas que pode chegar a R$ 7.200 neste exemplo ao longo dos 12 meses. E esse é apenas um dos gastos — talvez o mais importante, é verdade — dos que são impactados pela variação cambial de quem se organiza para a mudança de país. Por isso, o melhor cenário, quando possível, é ter uma fonte de renda em euros. Não é uma realidade possível para quem recebe aposentadoria no Brasil. Para esses, cada centavo a mais na relação real x euro é um pouco menos de dinheiro europeu na carteira. O mesmo vale para quem tem alguma fonte de renda no Brasil, como aluguéis, e transfere o dinheiro para Europa. Com o euro caro, os reais vão comprar cada vez menos “dinheiros” europeus. Quem recebe e paga contas em euro sente menos a flutuação do câmbio em relação à moeda brasileira. Por outro lado, quem já consegue ter fonte de renda em euros (seja por ter contrato de trabalho ou empreender no país europeu onde vive) a cotação da moeda em relação ao real perde bastante relevância. Os olhos, neste caso, voltam-se muito mais para a inflação do país onde vive. Se o dólar ou o euro subirem no Brasil, pouca diferença fará nas contas de luz, água, gás ou na conta do supermercado. Sempre vale lembrar: quem vive na Europa, vive em euros. Fazer comparações com o real, para saber se determinado produto ou serviço é mais barato aqui, ou lá, é um exercício relativamente inútil. As referências devem ser os preços em euros, as comparações devem ser feitas entre lojas, mercados e prestadores de serviço que cobram em euros. A alta do euro não afeta tanto quem a vida de quem viaja a turismo Pode parecer meio óbvio, mas não custa lembrar. Para quem vem a passeio, para passar algumas semanas na Europa, a alta do euro não é o fim do mundo. Das duas, uma: ou a pessoa desiste da viagem e espera a cotação melhorar, ou avança e já sabe o que irá encontrar pela frente, em matéria de gastos. Os hotéis provavelmente já estarão reservados e os preços (em euros) são conhecidos, a passagem já decidida e talvez já paga. Já terá feito também uma pesquisa de quanto vai gastar com alimentação, com passeios e eventuais compras. Se pôs tudo numa planilha e estima gastar 5.000€ nas férias, esse é o valor que precisa ter, sem surpresas A diferença é que os 5.000€ poderão custar R$ 27.000 com euro a R$ 5,40 ou R$ 30.000 com o euro a R$ 6. Pronto. Agora analise: a diferença cabe na carteira? Vale pelo sonho da viagem? Então está feito. Seria melhor com o euro menos valorizado? Claro que sim. Quem vai viajar, acaba gastando mais do esperado com a alta do euro, mas não é motivo de desistência. Morar, por outro lado, exige realmente um planejamento mais elaborado, principalmente para quem depende dos reais, o que é comum para quem chega sem trabalho e tendo que começar a vida do zero. Um bom exemplo é o caso real da Paula (ela pediu para não usar o nome verdadeiro, apesar de as demais informações serem reais) que conversou com a gente. Ela veio para a Europa no início de 2018, quando o euro valia pouco menos de R$ 4. Tinha um aluguel no Brasil de R$ 4 mil, o que lhe garantia algo como 1.000€ por mês. Chegou com uma poupança razoável em torno de 10.000€, para as despesas iniciais, aluguel, carro e coisas assim. O dinheiro que trouxe foi saindo com cauções e pagamentos adiantados do aluguel, com alguns móveis e utensílios que foi obrigada a comprar e até com um carro barato. E ela confiava nos 1.000€ certos todos os meses. Mas o contrato de aluguel venceu, o apartamento começou a dar despesas de condomínio e IPTU, e um novo inquilino acabou entrando por um valor abaixo do que ela tinha antes. E, claro, o euro já não é mais R$ 4 há muito tempo. Com isso, aqueles 1.000€ que pareciam “garantidos” no planejamento da Paula passaram ser, na verdade, pouco mais de 600€ (aluguel mais barato e euro mais caro). Rendimentos em euros foram a solução E a Paula não estava de passagem. A ideia era ficar (e ela ficou), mesmo com as dificuldades de um câmbio que passou a ser bastante desfavorável (lembrando que rondou os R$ 7 em 2021). Mas só deu certo porque a Paula começou a ter rendimentos em euros, o que até hoje ajuda a compor o orçamento ao lado da quantidade — cada vez menor — de euros que ela consegue comprar com os reais que ainda recebe no Brasil. Confira algumas dicas de como comprar euro mais barato. Especialistas apontam incerteza, mas há maior probabilidade de alta do euro Para o consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo, “parte deste péssimo desempenho (do real) pode e deve ser associado aos problemas domésticos. A incerteza quanto ao cumprimento da meta fiscal, a incerteza em relação à troca de comando no Banco Central”. Para Galhardo, o real fraco também impacta a credibilidade do país. “Se eu tenho uma desvalorização da minha moeda, eu praticamente perco credibilidade mundial. O Brasil, na hora de importar produtos, vai importar produtos mais caros. O poder de compra do brasileiro começa a piorar, a moeda começa a perder credibilidade no mercado internacional.” Em entrevista para a BBC, o economista-chefe da XP, Caio Megale, diz que os mercados estão muito sensíveis porque, com os dados disponíveis no momento, é muito difícil prever o que vai acontecer nos próximos meses, porque não há uma tendência clara à vista. “Pode haver um alívio nas tensões internas e domésticas que levem o dólar próximo ao patamar de R$ 5,10. Ou pode haver agravamento em ambos os cenários que levem o real a desvalorizar ainda mais”. Um dos gestores ouvidos pela imprensa no Brasil, Alfredo Menezes, ex-Bradesco, afirmou que “devemos ver o dólar batendo a máxima do ano no último trimestre, a não ser que o governo mude o discurso”. Se não mudar, o dólar pode ir a R$ 6 facilmente”. Outro especialista, o economista André Perfeito, apontou, também para a BBC, que há um ataque especulativo contra o real em andamento. “É óbvio que a situação do Brasil está melhor que anos atrás, temos empresas públicas dando lucro, estabilidade de preços e o Banco Central tem independência”, afirmou. “Como diria um banqueiro, enfiamos o nariz num copo d'água e estamos achando que estamos nos afogando no meio do Pacífico”, finalizou. Apesar da alta acumulada do euro ao longo das últimas semanas — chegou a estar por volta de R$ 5,73 em 11 de junho e saltou para mais de R$ 6 nos primeiros dias de julho — o valor do real se manteve relativamente estável na semana de 9 de julho, com um aumento em torno de 0,3% em relação ao valor de 7 dias antes. “O maior movimento de preço em 24 horas ocorreu em 10 de julho, com um aumento de 0.835% no valor”, aponta relatório da empresa Wise (antiga Transferwise). Real é uma das moedas que mais perdeu valor Segundo a análise da Austin Rating, agência de classificação de risco, o real foi a quinta moeda que mais perdeu valor neste ano, numa avaliação que considerou 118 moedas em todo o mundo. Segundo o estudo, a moeda brasileira havia desvalorizado 11,4% até meados de junho frente ao dólar. O pior desempenho ficou com a moeda da Nigéria, que já desvalorizou 41,3% este ano. O fenômeno, porém, não é exclusivo do real. “Mais de 70 moedas se desvalorizaram em relação ao dólar. É um fenômeno global”, afirmou o economista-chefe da Austin Rating. Na avaliação dos especialistas, um dos principais motivos das desvalorizações são os juros que subiram muito nos Estados Unidos e tem permanecido ao nível elevado. Num cenário como esse, os investidores preferem levar seus recursos para os títulos norte-americanos, tradicionalmente mais seguros, do que deixar aplicados no Brasil, por exemplo. Além disso, conflitos como os da Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas ajudam a tornar as economias mais instáveis, com efeito direto no valor das moedas. O representante da agência de risco explica que “em momentos de crise, como a crise de confiança, os investidores retiram recursos do Brasil e levam para economias mais seguras, tais como os Estados Unidos, Europa, entre outras”.
![Homem acessando documento do programa econômico](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/07/pacotao-da-economia-2-420x420.jpg.webp)
Governo português lança pacote com 60 medidas para acelerar a economia – conheça as principais
O governo de Portugal anunciou na primeira semana de julho um pacote de medidas para dar um novo fôlego à economia local. Trata-se do programa “Acelerar a Economia - Crescimento, Competitividade, Internacionalização, Inovação e Sustentabilidade”, com medidas fiscais e econômicas voltadas a 20 desafios para acelerar o crescimento da economia. A maioria das medidas ainda precisa passar pela aprovação da Assembleia da República, o que gera ainda muita imprevisibilidade sobre o que será aprovado e quando as iniciativas entrarão em vigor. Pacotão da economia é focado em cinco áreas O Programa, resultado da articulação com diversos ministérios, está alicerçado nestes 5 grandes vetores: Escala, consolidação e capitalização; Financiamento; Empreendedorismo, inovação e talento; Sustentabilidade; Clusterização. O “Acelerar a Economia” é fruto do trabalho inicial de três meses do novo governo, período em que foram ouvidas entidades públicas e privadas — empresas, instituições e organizações — além de pessoas físicas representativas das suas áreas de atuação. Em linhas gerais, o programa do governo pretende: Promover o aumento da Escala das empresas portuguesas, a sua Consolidação e Capitalização; Desenvolver novos mecanismos de Financiamento e dinamizar os existentes; Fomentar o Empreendedorismo, potencializar a Inovação e o Talento; Garantir a Sustentabilidade e circularidade da Economia. Reduzir as alíquotas do Imposto de Renda das empresas Entre as 60 medidas, algumas trarão maior impacto (direta ou indiretamente) para a maioria da população portuguesa. É o caso das mudanças no IRC, Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, aplicado no lucro das empresas em Portugal que tenham atividade principal comercial, industrial ou agrícola. A proposta do governo com esta medida, incluída no pilar da “escala, consolidação e capitalização”, é reduzir gradualmente a taxa de IRC em 2 pontos percentuais por ano até 15% no final da legislatura, visando impulsionar o crescimento econômico e o investimento, estimular a capacidade de investimento das empresas e melhorar salários. No caso das pequenas ou médias empresas, a redução gradual da taxa em três anos será de 17% para 12,5%. “O objetivo é facilitar a vida das empresas para que elas possam criar mais riqueza e, por via disso, pagar melhores salários”, declarou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, para a imprensa portuguesa. Novo regime para atrair talentos e investir em inovação No campo do apoio à atração de talentos, outra das medidas é a regulamentação do IFICI, um incentivo fiscal voltado para a pesquisa e inovação. O Incentivo Fiscal à Investigação Científica, Inovação e Capital Humano deverá abranger um conjunto mais amplo de profissões qualificadas e empresas. Será aplicada uma taxa reduzida de 20% sobre os rendimentos do trabalho, o que irá potencializar o crescimento das empresas portuguesas e a captação e retenção de talentos. Além disso, está previsto o reforço de programas de incentivo à integração de doutorados nas empresas, com a abertura de linha para cofinanciamento e incentivos financeiros específicos para o recrutamento de profissionais com títulos de doutor para as empresas. Fundos de investimento Ainda na área de pesquisa e inovação, o governo anunciou o lançamento de um fundo para investimento em startups construídas com base em descobertas científicas tangíveis e com capacidade disruptiva em vários mercados. O foco serão aquelas empresas que se caracterizam por um modelo de negócios baseado em inovações de alta tecnologia e/ou avanços científicos, que implica ciclos de desenvolvimento longos, dificultando, portanto, a captação de investimento pelos meios tradicionais. Será dada especial atenção às tecnologias inovadoras sustentáveis que contribuam para a descarbonização da economia de Portugal. Benefícios substituem o Regime de Residente Não Habitual A decisão do governo de apoiar a atração dos talentos serve, também, como maneira de estabelecer algo como um novo RNH, o benefício fiscal dado a residentes não habituais. O RNH, no modelo estabelecido pelo governo anterior, teve seu fim anunciado sob a alegação de que não fazia mais sentido, para a economia do país, manter essa redução na alíquota do IRS. Agora, o novo governo, propõe a volta do benefício, mas com menor abrangência. Ou seja, o governo definiu a regulamentação de um novo regime inspirado no RNH, mas voltado para os trabalhadores qualificados que vêm do exterior e poderão se valer de uma taxa de 20% de imposto de renda sobre os seus rendimentos. Os demais rendimentos, como dos aposentados em Portugal, por exemplo, não poderão se beneficiar deste regime fiscal, como noticiou o portal Eco. Foco na industrialização sustentável Dentro do programa, o governo definiu também como objetivo de criar uma visão estratégica e um plano de ação da política industrial nacional para os próximos 20 anos, que posicione o país como um importante ator no movimento global de reorganização das cadeias de valor. Com isso, espera-se que Portugal passe a ter um papel ativo na política industrial da União Europeia. Segundo o programa do governo, a reindustrialização permitirá: “Consolidar a espinha dorsal da economia portuguesa, tornando-a mais competitiva e ativa no esforço de autonomia estratégica da Europa, substituindo importações e acoplando ainda uma série de serviços agregados de alto valor acrescentado”. E o foco não será apenas nas grandes empresas ou indústrias, mas também nas PMEs (pequenas e médias empresas), para as quais serão criados mecanismos fomentar a inovação em áreas estratégicas, como planejamento, gestão estratégica, liderança, inovação e internacionalização, tendo como pano de fundo as competências ao novo perfil de negócios sustentáveis. Uma das formas de estímulo, por exemplo, será a inclusão de critérios ESG (do inglês Environmental, Social, and Corporate Governance) no acesso a incentivos e contratos públicos. Ou seja, empresas com boas práticas e conjunto de padrões que a definam como socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada, terão avaliação mais positiva por parte do governo. Investimento na promoção do turismo sustentável Outra importante frente do programa é a criação de um plano de ação para a “marca Portugal”, um conjunto de iniciativas e políticas que posicionem o país como um nome forte e uma referência em diversas frentes. O conceito deve englobar todos os setores econômicos do país, de maneira a afirmar os seus produtos e serviços com maior valor acrescentado nas cadeias globais. O plano irá considerar as dimensões do conhecimento, da inovação, da segurança, da criatividade, da qualidade e da sustentabilidade. Na esteira do investimento em Portugal como uma “marca”, não poderia deixar de ser considerado o foco no turismo. Serão criadas linhas de crédito para apoiar o desenvolvimento do turismo sustentável dos territórios e gerar maiores níveis de atratividade turística, além de promover a dinamização social e econômica das diversas regiões portuguesas. O pacote de medidas também vai apoiar iniciativas que beneficiem o turismo no interior do país. Umas das formas consideradas para demonstrar o impacto positivo nas comunidades locais, será o apoio ao desenvolvimento de campanhas de promoção do pequeno comércio tradicional e de proximidade; bem como da sua relevância turística, promovendo a autenticidade e história do comércio local, dirigida às populações locais e aos turistas. O governo planeja construir um novo referencial estratégico para o turismo (Turismo 2035), que considere os desafios que o setor enfrenta. Em especial ao que se refere ao envolvimento e proximidade com as comunidades locais, com a escassez de recursos humanos, com a introdução de novas tecnologias, como a inteligência artificial, ou com a maior relevância global do tema da sustentabilidade e do seu impacto na atividade turística. Governo quer envolver e integrar imigrantes e refugiados no setor do turismo O programa prevê ainda iniciativas para a maior integração e formação de imigrantes e refugiados no setor do turismo, proposta alinhada com o objetivo do governo de ter as empresas como fator integrador de tal público. A ideia é acolher profissionais ou não profissionais, para um projeto de formação, visando contribuir para a melhoria das condições de integração dos refugiados e dos imigrantes em Portugal e prepará-los para atuação no setor do turismo. Pretende-se estabelecer políticas de cooperação para a capacitação de pessoas e empresas de todo o mundo, através da criação de um campus de formação em turismo que permita posicionar Portugal como líder na formação e nas melhoras práticas em turismo internacionalmente. Qualificar mão de obra para atender o setor do turismo é uma das medidas para atender imigrantes e refugiados. Atenção especial será dada para os países da CPLP, apoiando localmente os países da comunidade na qualificação dos seus jovens, com o estabelecimento de parcerias estratégicas e a definição de padrões que passariam a ser reconhecidos pelo Turismo de Portugal. Desta forma, o país estaria apoiando a melhoria das condições de vida das populações da CPLP por meio da integração no mercado de trabalho. Críticas ao programa de governo O anúncio do programa para acelerar a economia chegou com críticas vindas de todos os setores da sociedade. Em diversas entrevistas para a imprensa portuguesa, empresários e representantes de ONGs e outras instituições não deixaram de apontar o dedo para o que consideram falhas nos planos. A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) avaliou o programa como muito positivo, mesmo entusiasmo declarado pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que considera que a iniciativa “traduz um esforço evidente no sentido de colocar Portugal na rota do crescimento sustentado”. Por outro lado, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) afirmou que o projeto “constitui uma grande desilusão e é praticamente omisso com um setor que é grande empregador em Portugal”. O executivo à frente da Confederação das Micro, Pequenas e Médias Empresas também se manifestou. Para ele, o programa não beneficia a maioria do parque empresarial português, não traz nenhuma novidade. “O governo anunciou, por exemplo, que planeja reduzir o prazo de pagamento dos seus contratos para até 30 dias, mas o mais importante seria, por exemplo, quitar todas as grandes dívidas que ainda tem com a maior parte das nossas empresas”, finalizou.
![](https://cdn.statically.io/img/midias.eurodicas.com.br/wp-content/uploads/2024/04/ctamorarnaeuropateste.jpg.webp)
Você quer ter uma vida mais tranquila e segura? A gente te ajuda!