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Deputado do PT cita corte de gastos em entrevista, não falência do governo

Fala de Lindbergh Farias sobre esforços para manter equilíbrio fiscal foi distorcida em postagens nas redes sociais; parlamentar não disse que ‘não há dinheiro para manter o básico’

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Por Bernardo Costa
Atualização:

O que estão compartilhando: postagem com recorte de entrevista do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) à CNN Brasil, em que diz que “o orçamento do governo hoje é muito apertado”, que “já foi cortado Farmácia Popular” e que “a gente viu agora a greve das universidade”. Sobre a tela, foram inseridas a palavra “Quebramos!” e a frase “Deputado do PT diz que governo está sem dinheiro para manter o básico!”.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: o deputado não disse que governo está sem dinheiro para manter o básico. A entrevista não menciona falência, mas a redução de gastos públicos. Quando cita corte no programa Farmácia Popular e greve de professores das universidades federais, Lindbergh fala em esforços do governo para manter equilíbrio fiscal.

Captura de tela da postagem verificada Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: as postagens utilizam a fala do vice-líder do governo no Congresso Nacional para afirmar que o Brasil enfrenta situação de falência no governo Lula. No entanto, a entrevista do deputado não permite tirar essa conclusão.

A entrevista foi concedida ao programa CNN 360°, da CNN Brasil. Na íntegra, percebe-se que o tema em discussão é o compromisso com a responsabilidade fiscal, assunto que dominou o noticiário de Economia na última semana, quando declarações de Lula colocaram em xeque a necessidade de corte de gastos públicos para garantir o equilíbrio no orçamento.

O gancho da entrevista, que foi ao ar na quarta-feira, 3, era a expectativa em torno da reunião de Lula com os ministros da junta orçamentária, naquele mesmo dia, para discutir onde o governo poderia cortar gastos.

À noite, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma declaração para reiterar o compromisso do governo com o arcabouço fiscal e a saúde das contas públicas. Na ocasião, disse que foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que deverão ser cortadas do Orçamento de 2025.

A fala de Lindbergh explorada na postagem enganosa se refere, como diz, a um “esforço muito grande que o governo está fazendo” no sentido de reduzir gastos, o que resultou em corte no programa Farmácia Popular e na greve dos professores da educação superior, que pleiteavam reajuste salarial neste ano.

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Sobre o corte no Farmácia Popular, que fornece medicamentos gratuitos e descontos para a população de baixa renda, a medida integra uma redução total de R$ 5,7 bilhões, em junho, que atingiu diferentes órgãos. Como mostrou o Estadão, os cortes incluem os gastos que passaram por revisão após o resultado da inflação de 2023, conforme exigido pelo arcabouço fiscal, e outras despesas que foram reduzidas ao longo deste ano e que não tiveram o dinheiro reposto.

Já a greve dos professores e técnicos das universidades e institutos federais estava relacionada a um reajuste salarial neste ano, entre outros pleitos. Ficaram acordado para os docentes dois reajustes salariais: de 9% em 2025 e 3,5% em 2026. Para técnico-administrativos em educação, a recomposição salarial foi estabelecida em 9% em 2025 e 5% em 2026.

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