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    Abin paralela: Assessor de Ramagem mandou “sentar o pau” em assessor de Barroso, diz PF

    Diálogo ocorreu quando ministro era presidente do TSE; operação cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão

    Preso pela PF, Bormevet era homem de confiança de Alexandre Ramagem
    Preso pela PF, Bormevet era homem de confiança de Alexandre Ramagem Reprodução/Redes Sociais

    Aline Fernandescolaboração para a CNNElijonas Maia São Paulo

    O policial federal Marcelo Bormevet, preso hoje (11) pela Polícia Federal (PF), deu ordens a um subordinado, Giancarlo Gomes Rodrigues, para mandar “bala” e “sentar o pau” [sic] em um assessor do presidente do Supremo Tribunal Federal (SFT), Luís Roberto Barroso.

    Bormevet, segundo a PF, era homem de confiança do delegado Alexandre Ramagem, que hoje é deputado federal pelo PL e, na época, era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

    De acordo com relatório da PF, o diálogo ocorreu em 2021, quando Barroso era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

    O documento afirma que a citação a Barroso foi deflagrada por uma publicação no X (antigo Twitter) sobre supostas invasões às urnas eletrônicas e também por declarações de um perfil identificado como “Kim Paim”, que afirmava que o assessor do ministro era investigado.

    Em conversa pelo Whatsapp com Giancarlo, Marcelo Bormevet afirma: “Estou assistindo o KIM Paim de hoje. Ele disse que o Assessor do Barroso já é investigado. Temos que sentar o pau nesse assessor”. “Manda bala”, complementa Bormevet.

    Segundo o relatório, “por isso, o policial [Marcelo Bormevet] e o subordinado [Giancarlo Rodrigues], na ocasião em exercício na Abin, direcionaram o trabalho na agência para atacar” um assessor de Barroso.

    Relatório da PF menciona ataques a assessor de ministro Barroso / Reprodução/PF

    Ataques ao Judiciário e a familiares

    A PF afirma ainda que “além de atos de embaraçamento de investigações, as ações contra ministros da Suprema Corte configuram atentado contra o livre exercício do poder Judiciário”.

    O relatório também diz que os ataques chegaram a se estender a integrantes da família dos ministros: “As práticas destinadas a desacreditar o sistema eleitoral brasileiro não se restringiram aos ataques direcionados a Ministros do Supremo Tribunal Federal, mas também contra familiares dos membros da mais alta corte de Justiça”.

    A CNN entrou em contato com a defesa de Alexandre Ramagem para comentar as acusações e aguarda resposta.

    Não foi possível localizar a defesa de Marcelo Araújo Bormevet e de Giancarlo Gomes Rodrigues até o momento – o espaço está aberto para manifestação dos citados.

    Quem é Marcelo Bormevet?

    Bormevet é um dos alvos de prisão preventiva na quarta fase da Operação Última Milha, deflagrada nesta quinta-feira (11) pela PF.

    Ele integrava a equipe que fazia a segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2018.

    Durante a gestão de Alexandre Ramagem, o agente federal foi nomeado chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Abin. Segundo as investigações, essa estrutura, que ficou conhecida como “Abin paralela”, era utilizada para monitorar ilegalmente adversários políticos de Bolsonaro.

    A operação

    Cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, são cumpridos nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo.

    Além de Bormevet, os alvos são ex-servidores cedidos para Abin e influenciadores digitais que trabalhavam no chamado “gabinete do ódio” do governo Bolsonaro.

    Segundo a PF, a organização criminosa era responsável por monitorar autoridades públicas de forma ilegal e produzir notícias falsas utilizando os sistemas da Abin.

    Membros dos Três Poderes e jornalistas teriam sido alvo de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de fake news.

    A organização também teria acessado ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.