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    ‘Sandrito, não. Chamava ele de Sandrinho’, diz Teixeira sobre relação com Rosell

    Ex-presidente da CBF nega ter obtido qualquer vantagem com a venda de amistosos da Seleção Brasileira

    Ex-todo-poderoso presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o cartola Ricardo Teixeira, hoje banido de futebol mundial pela Fifa, contou com exclusividade à CNN Brasil sua versão sobre denúncias de irregularidades e relações suspeitas que travou enquanto comandou a entidade com mãos de ferro por 24 anos. 

    Além de políticos, Teixeira aproximou-se de empresários poderosos e fez amigos que influenciaram os rumos do futebol. Um deles é o espanhol Alexandre Rosell Feliu, mais conhecido com Sandro Rosell. Embora tenha ganhado notoriedade mundial enquanto dirigiu o multicampeão Barcelona entre 2010 e 2014, Rosell é, há tempos, figura conhecida dos bastidores do futebol. 

    Os dois se conheceram durante a assinatura do contrato entre a Nike e a CBF, em 1996. O acordo rendeu 200 milhões de dólares à entidade brasileira — o maior patrocínio do mundo do futebol até então — e uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Deputados — que terminou sem nenhum relatório aprovado.

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    A partir de então, a relação entre Teixeira e Rosell ficou cada vez mais próxima. Em 1999, o espanhol mudou-se para o Rio de Janeiro e assumiu a direção dos negócios da Nike para a América Latina. Em 2001, pediu demissão e fundou a Brasil 100% Marketing, empresa que foi contratada pela CBF para comercializar os amistosos da Seleção Brasileira.  

    O cartola brasileiro nega, entretanto, que o espanhol tenha sido um amigo próximo a quem chamava de “Sandrito”. “Quem falou que eu chamava ele de Sandrito é um grande mentiroso. Eu chamava ele de Sandrinho.”  

    Os contratos de jogos da seleção, que incluíam partidas com times tão inexpressivos quanto Vietnã, Singapura e Estônia, chamaram a atenção das autoridades na Espanha. Segundo o Ministério Público daquele país, Teixeira recebeu durante dois anos cerca de € 240 mil por amistoso, que eram depositados em uma conta secreta em Andorra.  

    Em 2008, chamou a atenção das autoridades brasileiras um amistoso entre Brasil e Portugal no Gama (DF), organizado pela empresa Ailanto, que recebeu R$ 9 milhões do governo federal pelo evento.  

    Em campo, o Brasil venceu por 6 a 2, mas, fora das quatro linhas, o Ministério Público apontou o pagamento de propina para políticos e empresários. As suspeitas de que Teixeira poderia ter abocanhado dinheiro público surgiram quando se descobriu que os sócios da Ailanto eram Rosell e sua secretária, Vanessa Almeida Precht.  

    Quase três anos depois do amistoso, investigadores fizeram uma busca no apartamento de Vanessa, no Rio de Janeiro. Lá, foram encontrados cheques nominais dela no valor de R$ 600 mil usados para quitar o contrato de arrendamento de uma fazenda de Ricardo Teixeira. 

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    “Não tem nada que ver isso aí. Você sabe de quem você está falando? Você sabe de quem era esse jogo? Era da Ambev. Ela tinha um contrato deste jogo dele”, afirma Teixeira sobre o assunto, que o deixa incomodado.  

    A Ambev não foi investigada. Ricardo Teixeira foi citado no inquérito da Polícia Civil, mas não chegou a ser indiciado. O caso terminou com as condenações do então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e do ex-secretário de Esportes, Agnaldo de Oliveira. Sandro Rosell chegou a ser preso preventivamente em 2017 sob suspeita de lavar dinheiro para Ricardo Teixeira. Ficou 21 meses na cadeia, mas foi absolvido pela Justiça — e continuou muito próximo do cartola brasileiro.