O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, acusou por email o então presidente da Águas de Portugal (AdP), José Furtado, de "falta de diligência e profissionalismo" por recusar avançar com uma transferência para ajudar o
Governo a baixar a dívida pública, avançou esta quarta-feira o jornal
Eco.
"A equipa de gestão que V. Exa lidera demonstrou repetidamente indiferença face aos objetivos e prioridades claramente definidos pelo acionista, revelando falta de diligência e de profissionalismo exigidos a um gestor público", argumentou o ex-governante.
A AdP pagou um dividendo extraordinário de 100 milhões de euros ao Estado a 29 de dezembro de 2023, o último dia útil do ano. A receita de capital, imposta por Fernando Medina à gestão da empresa pública, ajudou à redução do défice público e da dívida pública, considerada "artificial" por um relatório da Unidade Técnica de Apoio Orçamental.
No email enviado na véspera do pagamento ao Estado, o ex-ministro lamentava a recusa da equipa de gestão da AdP em "
trabalhar de forma ativa e construtiva no processo", atendendo às "avultadas subvenções públicas" anualmente recebidas pela empresa, aos seus capitais próprios e à sua "capacidade técnica superior à de várias entidades públicas". Em causa estava "o objetivo nacional de redução da dívida pública", relembrou a José Furtado.
O então presidente executivo da AdP manifestou-se contra a operação e admitiu renunciar ao mandato, mas o ex-primeiro-ministro António Costa e Fernando Medina comprometeram-se a assegurar um aumento de capital na Águas de Portugal em caso de necessidade.