A eventual chegada de Marine Le Pen à presidência francesa significaria, se não o fim da União Europeia, pelo menos uma mudança radical no projeto comum que nos une a outros 26 Estados soberanos.
O resultado das eleições francesas de ontem representa uma surpresa, atendendo ao facto de que as sondagens apontavam para uma eventual maioria absoluta da extrema-direita.
No fim das contas, e com uma participação histórica no ato eleitoral, o partido de Le Pen fica não só distante da maioria no Parlamento, como cai para o terceiro lugar. Em suma, a aliança tácita entre a esquerda, a extrema-esquerda e os centristas de Macron, devido ao peculiar sistema eleitoral francês, impediu a União Nacional de ganhar as eleições e retirou-lhe inúmeros lugares no Parlamento.
O sistema determina que quem tem mais votos ganha o lugar, e a desistência cruzada de candidatos da esquerda e do centro, transferindo os votos, da primeira para a segunda volta, para quem está mais bem colocado e permanece na corrida, forçou a derrota de Le Pen e do seu delfim de 28 anos, Jordan Bardella.
Este efeito de tenaz política asfixia a extrema-direita. Agora, sabemos que não é uma inevitabilidade que Le Pen venha a ser Presidente da França. Isso é um enorme sinal de esperança para a construção europeia.