ONU faz apelo para retirada de civis em segurança da Ucrânia; veja as últimas notícias da guerra

Reportagem atualizada às 6h10 de 8/3

Mulher e criança segurando sacolas passando em frente a carros incendiados

Crédito, Getty Images

O chefe humanitário da Organização das Nações Unidades (ONU), Martin Griffiths, fez um apelo para que a Rússia e a Ucrânia garantam uma rota de fuga segura para civis que tentam escapar da guerra.

Na manhã desta terça-feira (8/3), 13º dia do conflito, corredores humanitários de cessar-fogo foram reabertos nas cidades ucranianas de Cherhihiv, Sumy, Kharkiv, Mariupol e na capital Kiev, segundo o Ministério da Defesa russo.

Como tentativas anteriores fracassaram com civis sendo atacados nos corredores —, a Ucrânia pediu às autoridades russas que respeitem o acordo de cessar-fogo.

Na cidade de Sumy, que foi parcialmente cercada por forças russas e fortemente bombardeada, a retirada de civis está em andamento, segundo a agência de notícias Reuters. A rota de fuga acordada entre os dois países termina em Poltava — cidade ucraniana a 175 km ao sul.

Na véspera, Moscou ofereceu retirar os ucranianos das zonas de conflito com destino à Rússia ou Belarus, seu aliado, mas a proposta foi rejeitada pela Ucrânia, sendo considerada uma tentativa de manipulação e propaganda que colocaria a vida das pessoas em risco.

As cidades ucranianas continuaram sob forte bombardeio das forças russas durante a noite e as primeiras horas da manhã desta terça-feira — e com isso, as baixas civis seguem aumentando.

- Em Zhyotymyr, a oeste de Kiev, um incêndio no depósito de petróleo de Chernyakhiv foi controlado nas primeiras horas da manhã.

- Em Sumy, no leste do país, bombardeios aéreos destruíram casas e incendiaram um prédio residencial. Uma mulher ficou ferida e nove pessoas morreram, incluindo duas crianças.

- Em Mykolaiv, no sul da Ucrânia, foram registrados vários incêndios em áreas residenciais. Quatro civis foram mortos no ataque e outros cinco foram resgatados dos escombros e levados às pressas para o hospital.

- Em Kharkiv, no leste do país, bombardeios russos provocaram um incêndio em nove andares e 27 apartamentos de um prédio residencial — o fogo levou mais de quatro horas para ser controlado. Pelo menos quatro pessoas morreram.

Mulheres e crianças embarcam em um trem para deixar o país na estação ferroviária da cidade ucraniana ocidental de Lviv em 7 de março de 2022

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Mulheres e crianças embarcam em um trem para deixar o país em estação ferroviária em março de 2022

Dezenas de milhares de pessoas estão sem energia no país. Na cidade de Mariupol, falta água e comida.

O Ministério da Defesa da Ucrânia diz que um alto comandante do exército russo foi morto em combate perto de Kharkiv, a segunda maior cidade do país. A BBC não conseguiu confirmar a informação; e as autoridades russas não comentaram.

Nesta terça-feira, deve ocorrer uma quarta rodada de negociações de paz entre representantes da Rússia e da Ucrânia, depois que a terceira rodada terminou sem grandes avanços na véspera.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse em seu pronunciamento mais recente que vai ficar em Kiev "o quanto for necessário para vencer a guerra".

Veja a seguir mais detalhes e outros desdobramentos do conflito.

Rússia ameaça cortar fornecimento de gás à Europa

O vice-primeiro-ministro, Alexander Novak, afirmou que tal medida levaria a "consequências catastróficas" para a oferta global e dobraria o preço do petróleo para US$ 300 o barril.

Os EUA estão analisando uma possível proibição com aliados como forma de punir a Rússia pela invasão da Ucrânia. Mas a Alemanha e a Holanda rejeitaram o plano na segunda-feira.

A União Europeia obtém cerca de 40% de seu gás e 30% de seu petróleo da Rússia — e não tem substitutos fáceis se o abastecimento for interrompido neste momento.

Novak disse que a Rússia tem todo o direito de retaliar e citou a decisão da Alemanha no mês passado de suspender a autorização para o segundo gasoduto Nord Stream entre os dois países.

Pouco avanço na terceira rodada de negociação

A terceira rodada de negociação entre representantes da Rússia e da Ucrânia terminou sem grandes avanços na segunda-feira.

Segundo um assessor do presidente da Ucrânia, houve um "pequeno progresso positivo" envolvendo a logística de corredores humanitários — para a saída de civis.

Já o Kremlin considerou que a tentativa de negociação "não atendeu" às suas "expectativas", como disse um assessor do governo russo em uma transmissão feita na TV do país.

A conversa aconteceu no território de Belarus, país aliado da Rússia. Ambos os lados dizem que as conversas vão continuar.

Vladimir Putin

Crédito, EPA

Legenda da foto, Rússia alertou que poderia fechar seu principal gasoduto para a Alemanha se EUA e aliados europeus fossem em frente e proibissem o petróleo russo

Corredores humanitários com destino à Rússia

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Na segunda-feira, a Rússia sugeriu abrir novos corredores humanitários de cessar-fogo na capital Kiev e em outras cidades ucranianas para permitir que civis escapem do conflito. Mas as rotas propostas para a população fugir das cidades ucranianas bombardeadas terminavam na Rússia ou em Belarus, aliado russo.

O anúncio foi feito após duas tentativas semelhantes terem fracassado em Mariupol no fim de semana, diante de bombardeios contínuos de forças russas durante as horas acordadas de cessar-fogo, segundo autoridades ucranianas.

A Ucrânia classificou a proposta de corredores humanitários que levam refugiados para Belarus ou para a própria Rússia como "completamente imoral". De acordo com um porta-voz do presidente Volodymyr Zelensky, os cidadãos da Ucrânia devem ser autorizados a deixar suas casas por meio do território ucraniano.

"Esta é uma história completamente imoral. O sofrimento das pessoas é usado para criar a imagem televisiva desejada", disse o porta-voz em uma mensagem por escrito citada pela agência de notícias Reuters.

No domingo, Zelensky acusou a Rússia de assassinar civis, depois que um ataque russo matou uma família que tentava fugir de Irpin, que fica a 20km de Kiev.

O registro feito por um fotógrafo para o jornal americano The New York Times mostra três membros de uma família de quatro pessoas — uma mãe e dois filhos — mortos na calçada, enquanto soldados ucranianos tentam salvar a vida do pai ferido.

Não publicamos a imagem aqui porque ela é chocante.

Fuga de Irpin

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Ucrânia classificou a proposta de corredores humanitários que levam refugiados para Belarus ou para a própria Rússia como "completamente imoral"

Petróleo tem maior alta em 13 anos

O preço do petróleo subiu para o nível mais alto desde 2008, depois que os EUA disseram que estavam discutindo um possível embargo ao petróleo russo com seus aliados.

O petróleo Brent - a referência global do petróleo — subiu acima de US$ 139 o barril nas transações na Ásia para depois cair para menos de US$ 130.

Os mercados de energia foram abalados nos últimos dias devido a temores de oferta.

Os consumidores já estão sentindo o impacto dos custos de energia mais altos à medida que os preços dos combustíveis e as contas domésticas aumentam.

Um ataque iminente a Odessa?

Voluntários em Odessa encheram sacos de areia para uso em barricadas

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Voluntários em Odessa encheram sacos de areia para uso em barricadas

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou que as forças russas estariam se preparando para bombardear Odesa, que fica perto da fronteira da Moldávia e da região separatista da Transnístria, apoiada pela Rússia.

Um alto funcionário da defesa disse, no entanto, que os EUA não acreditam que uma operação anfíbia russa destinada a tomar a cidade de Odessa, no Mar Negro, seja iminente.

A autoridade americana disse que foram observadas apenas mudanças "limitadas" na campanha russa na Ucrânia no último dia, com os esforços russos para assumir o controle de Kiev, Kharkiv e Chernihiv enfrentando uma forte resistência da Ucrânia.

Um comboio russo de 65 km perto de Kiev permanece parado, e o espaço aéreo sobre a Ucrânia permanece sendo disputado, com perdas de aeronaves de ambos os lados.

Os EUA estimam que 600 lançamentos de mísseis russos de vários tipos ocorreram desde o início da invasão da Rússia em 24 de fevereiro.

O Pentágono acredita que aproximadamente 95% das forças russas reunidas perto da fronteira com a Ucrânia estão participando da ofensiva dentro da Ucrânia.

Rússia estaria recrutando sírios para lutar na Ucrânia

A Rússia está recrutando sírios habilidosos em combate urbano para lutar na Ucrânia enquanto Moscou se prepara para intensos conflitos nas ruas em seu esforço para tomar as principais cidades ucranianas, disseram autoridades dos EUA ao jornal Wall Street Journal.

Autoridades de inteligência se recusaram a dizer à publicação quantos combatentes concordaram em se juntar à guerra, mas afirmaram que alguns já viajaram para a Rússia e estão se preparando para serem enviados para a Ucrânia.

De acordo com uma publicação em Deir Ezzor, na Síria, a Rússia ofereceu aos voluntários do país salários entre US$ 200 e US$ 300 "para ir à Ucrânia e trabalhar como guardas" por seis meses de cada vez.

Autoridades em Moscou dizem acreditar que o envio de combatentes com experiênica de mais de uma década de guerra urbana na guerra civil da Síria poderia ajudar a tomar as principais cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev.

'Não haverá lugar tranquilo para vocês a não ser o túmulo'

Zelensky discursando

Crédito, Governo da Ucrânia

Legenda da foto, Zelensky também pediu medidas mais firmes contra Moscou

O presidente da Ucrânia alertou as tropas russas que suas forças perseguirão até o "túmulo" qualquer soldado que cometa crimes de guerra no território do país.

"Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Vamos punir todos que cometeram atrocidades nesta guerra. Em nossa terra", disse Zelensky.

"Não haverá lugar tranquilo nesta terra para vocês, exceto o túmulo", acrescentou.

"Parece que tudo o que os militares russos já fizeram ainda não é suficiente para eles. Não são suficientes os destinos arruinados. As vidas mutiladas. Eles querem matar ainda mais."

Zelensky também pediu aos líderes ocidentais que tomem medidas mais firmes contra Moscou, dizendo que "a audácia do agressor é um sinal claro de que as sanções contra a Rússia não são suficientes".

Evacuação de Mariupol é suspensa após novo fracasso de cessar-fogo

Um edifício em chamas após uma greve perto do centro de Mariupol

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Um edifício em chamas após uma ataque perto do centro de Mariupol

A evacuação de civis da cidade de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, foi interrompida pela segunda vez após um fracasso de cessar-fogo no domingo.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (IRIC) disse que suas equipes começaram a abrir a rota de evacuação de Mariupol para Zaporizhzhia antes que "as hostilidades fossem retomadas".

Rússia e Ucrânia concordaram em princípio em tirar os civis da cidade sitiada, mas não chegaram a um acordo sobre os detalhes de como isso ocorreria, segundo a Cruz Vermelha.

Em particular, os dois lados não concordaram nos seguintes pontos:

  • Horário específico, locais e rotas de evacuação;
  • Quem pode ser voluntariamente evacuado;
  • Se ajuda pode ser trazida.

A Cruz Vermelha esperava começar a retirar 200 mil pessoas da cidade portuária, que tinha cerca de 400 mil habitantes até o início do conflito e está sitiada por forças russas neste momento.

Um edifício residencial danificado na cidade portuária ucraniana de Mariupol

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Um edifício residencial danificado na cidade portuária ucraniana de Mariupol

Mariupol é um alvo estratégico fundamental para a Rússia, porque tomá-la permitiria que as forças separatistas apoiadas pela Rússia no leste da Ucrânia se unissem às tropas na Crimeia, península do sul anexada pela Rússia em 2014.

Um plano semelhante anunciado no sábado (5/3) para a evacuação de Mariupol e também de Volnovakha desmoronou rapidamente.

A Rússia acusou "nacionalistas" ucranianos de quebrar o acordo. Já a Ucrânia culpou Moscou de seguir com a ofensiva em uma "violação grosseira dos acordos sobre a abertura de corredores humanitários".

Veja a seguir os principais acontecimentos mais recentes da guerra.

ONU: guerra já tem mais de 1,5 milhão de refugiados

O número de refugiados que fogem da guerra na Ucrânia ultrapassou 1,5 milhão, segundo a agência da ONU para refugiados (Acnur).

A agência considera esta a crise de refugiados mais acelerada da Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Polônia, Romênia e Hungria tem sido o destino da maioria, mas, em muitos casos, os países que fazem fronteira com a Ucrânia são a primeira parada rumo a países europeus mais distantes.

Militares ucranianos se casam no meio da guerra

Em meio ao horror sangrento da guerra, um casal das forças de defesa da Ucrânia se casou. A cerimônia ocorreu não muito longe de um posto de controle nos arredores de Kiev, a capital do país.

Valery e Lesya, ambos vestidos com uniforme camuflado, realizaram uma pequena cerimônia

Crédito, Getty Images

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'Putin diz que vai conseguir o que quer com guerra ou negociação'

O presidente russo, Vladimir Putin, e presidente francês, Emmanuel Macron, conversaram por telefone por quase duas horas.

O governo francês disse que Macron pediu a Putin para encerrar o ataque russo e garantir a segurança das instalações nucleares da Ucrânia depois que o bombardeio causou um incêndio em Zaporizhzhia, a maior da Europa.

Putin disse a Macron que a Rússia não tentou atacar usinas nucleares e que a Rússia alcançaria seus objetivos por meio de "negociação ou guerra", segundo a Presidência francesa.

O Kremlin culpou os ucranianos pelo incidente da usina nuclear. Putin disse a Macron que foi uma "provocação" encenada por "radicais ucranianos". A Ucrânia culpou as forças russas.

Putin também disse que as tentativas de sábado de evacuar civis das cidades do sul de Mariupol e Volnovakha falharam porque "nacionalistas ucranianos" se recusaram a deixar as pessoas saírem e usaram o cessar-fogo temporário apenas para se reforçar e se entrincheirar.

Manifestantes presos na Rússia

Na Rússia, no domingo, 4.631 pessoas foram detidas em 64 cidades, de acordo com a ONG russa OVD-Info, que monitora as prisões.

A OVD diz que, no total, 13.028 manifestantes já foram presos na Rússia desde que Moscou invadiu a Ucrânia.

Um homem é detido em Yekaterinburg

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Um homem é detido em Yekaterinburg

TikTok e Netflix suspendem transmissões na Rússia

O aplicativo de vídeo TikTok diz que está suspendendo a transmissão ao vivo e novos conteúdos na Rússia enquanto analisa as implicações de segurança de uma nova lei que ameaça prender qualquer pessoa que as autoridades considerem ter espalhado notícias "falsas" sobre as forças armadas.

A plataforma diz que seu serviço de mensagens no aplicativo não será afetado.

"Continuaremos a avaliar as circunstâncias em evolução na Rússia para determinar quando poderemos retomar totalmente nossos serviços com a segurança como nossa principal prioridade", diz a empresa.

Estima-se que existam 70 milhões de usuários mensais do TikTok na Rússia.

Várias organizações internacionais de mídia - entre elas, a BBC - suspenderam seu trabalho na Rússia, citando preocupações com a segurança de seus funcionários com a nova lei.

Por sua vez, a Netflix - que já havia anunciado que estava suspendendo futuros projetos e aquisições no país - disse que interromperia seu serviço de streaming lá também, "dadas as circunstâncias" no país.

Línea

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