Covid: por que ômicron tem tantas subvariantes e como isso afeta evolução da pandemia

  • S. Duchene e A. Porter
  • The Conversation*
SARS-CoV-2

Crédito, Getty Images

A esta altura da pandemia, muitos de nós já estamos familiarizados com a variante ômicron do SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid. Essa variante de preocupação mudou o curso da pandemia, levando a um aumento dramático de casos em todo o mundo.

Também ouvimos falar cada vez mais sobre novas subvariantes da ômicron com nomes como BA.2, BA.4 e agora BA.5. A preocupação é que essas subvariantes possam fazer com que as pessoas sejam reinfectadas, levando a outro aumento nos casos.

Por que estamos vendo mais dessas novas variantes? O vírus está passando mais rápido por mutações? E quais são as implicações para o futuro da covid?

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Por que existem tantos tipos de ômicron?

Todos os vírus, incluindo o SARS-CoV-2, passam constantemente por mutações. A grande maioria das mutações tem pouco ou nenhum efeito sobre a capacidade do vírus de se espalhar de pessoa para pessoa ou causar doenças graves.

Quando um vírus acumula um número substancial de mutações, considera-se que ele faz parte de uma linhagem diferente (como um ramo diferente em uma árvore genealógica). Mas uma linhagem viral não é classificada como variante até que ela tenha acumulado várias mutações únicas conhecidas por aumentar a capacidade do vírus de transmitir e/ou causar doenças mais graves.

Este foi o caso da linhagem BA (às vezes conhecida como B.1.1.529) que a Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou ômicron. A ômicron se espalhou rapidamente, respondendo por quase todos os casos atuais com genomas sequenciados globalmente.

Como a ômicron se expandiu e teve muitas oportunidades de mutação, ela também adquiriu mutações específicas próprias. Estas mutações deram origem a várias sublinhagens ou subvariantes.

SARS-CoV-2

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Vírus passam constantemente por mutações

As duas primeiras foram chamadas de BA.1 e BA.2. A lista atual agora também inclui BA.1.1, BA.3, BA.4 e BA.5.

Nós já vimos subvariantes de versões anteriores do vírus, como a delta. No entanto, a ômicron as superou, possivelmente devido à sua maior transmissibilidade. Por isso, as subvariantes das variantes anteriores são muito menos comuns hoje e há menos ênfase em rastreá-las.

Por que as subvariantes são tão importantes?

Há evidências de que essas subvariantes de ômicron, especificamente a BA.4 e a BA.5, são particularmente eficazes em reinfectar pessoas com infecções anteriores de BA.1 ou de outras linhagens. Há também a preocupação de que essas subvariantes possam infectar pessoas que foram vacinadas.

Por isso, esperamos ver um rápido aumento de casos de covid nas próximas semanas e meses devido a reinfecções, como na África do Sul.

No entanto, pesquisas recentes sugerem que uma terceira dose da vacina contra a covid é a maneira mais eficaz de retardar a propagação da ômicron (incluindo subvariantes) e prevenir internações hospitalares associadas à doença.

Prueba de covid

Crédito, Getty Images

Recentemente, a BA.2.12.1 também chamou a atenção porque vem se espalhando rapidamente nos Estados Unidos e foi detectada no esgoto na Austrália.

De forma preocupante, mesmo que alguém tenha sido infectado com a subvariante BA.1 de ômicron, a reinfecção com as sublinhagens BA.2, BA.4 e BA.5 ainda é possível, devido à sua capacidade de evadir a imunidade.

O vírus está passando mais rápido por mutações?

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Alguém poderia pensar que o SARS-CoV-2 é um corredor super-rápido quando se trata de mutações. Mas, na verdade, o vírus sofre mutações de forma relativamente lenta. Os vírus da gripe, por exemplo, sofrem mutações pelo menos quatro vezes mais rápido.

No entanto, o SARS-CoV-2 faz "corridas de alta velocidade mutacionais" por curtos períodos de tempo, revelou a nossa pesquisa. Durante uma dessas corridas, o vírus pode sofrer mutações quatro vezes mais rápido que o normal em poucas semanas.

Depois dessas corridas, a linhagem tem mais mutações, algumas das quais podem proporcionar uma vantagem sobre outras linhagens. Exemplos incluem mutações que podem ajudar o vírus a se tornar mais transmissível, causar doenças mais graves ou evitar nossa imunidade e assim surgem as novas variantes.

Não está claro por que o vírus sofre essas corridas mutacionais que levam ao surgimento de variantes. Mas existem duas teorias principais sobre as origens da ômicron e como ela acumulou tantas mutações.

Paciente con covid

Crédito, Getty Images

Primeiro, o vírus pode ter evoluído em infecções crônicas (de longo prazo) em pessoas imunossuprimidas (com o sistema imunológico enfraquecido).

Em segundo lugar, o vírus poderia ter "pulado" para outra espécie, antes de reinfectar os humanos.

Quais outros truques esse vírus tem?

A mutação não é a única maneira pela qual as variantes podem surgir. A variante ômicron XE parece ter surgido a partir de um evento de recombinação. Ele teria sido em um único paciente que foi infectado com BA.1 e BA.2 ao mesmo tempo. Esta coinfecção levou a um "intercâmbio de genoma" e uma variante híbrida.

Outros casos de recombinação SARS-CoV-2 entre delta e ômicron foram relatados, resultando no que foi chamado de deltacron.

Até agora, essas recombinações não parecem ter maior transmissibilidade ou causar efeitos mais graves. Mas isso pode mudar rapidamente com novas essas recombinações. Os cientistas estão monitorando tudo de perto.

O que poderemos vir a ter no futuro?

Enquanto o vírus estiver circulando, continuaremos a ver novas linhagens e variantes do vírus. Como a ômicron é a variante mais comum hoje, é provável que veremos mais subvariantes de ômicron e talvez até mesmo linhagens recombinantes.

Os cientistas continuarão rastreando novas mutações e eventos de recombinação (particularmente com subvariantes). Eles também usarão tecnologias genômicas para prever como esses eventos podem ocorrer e o efeito que possam vir a ter no comportamento do vírus.

Esse conhecimento nos ajudará a limitar a disseminação e o impacto de variantes e subvariantes. E também orientará o desenvolvimento de vacinas eficazes contra variantes múltiplas ou específicas.

*Sebastian Duchene é membro do ARC DECRA, da Universidade de Melbourne (Austrália) e Ash Porter é pesquisadora do Instituto Peter Doherty de Infecção e Imunidade (Austrália).

*Este artigo foi originalmente publicado no The Conversation e foi reproduzido aqui sob uma licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original.

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