Quem é a ex-enfermeira de Hugo Chávez condenada nos EUA a 15 anos de prisão

Claudia Díaz Guillén

Crédito, BBC News Mundo

Legenda da foto, Claudia Díaz Guillén foi enfermeira de Hugo Chávez e depois assumiu importantes cargos na ��rea econômica
  • Author, Redação
  • Role, BBC News Mundo

Claudia Patricia Díaz Guillén, ex-enfermeira do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, e o marido foram condenados na quarta-feira (19/04) a 15 anos de prisão e três anos de liberdade condicional por um tribunal da Flórida, nos Estados Unidos.

A sentença estabelece que o casal deve devolver US$ 136 milhões em bens e dinheiro efetivo, equivalentes ao montante que obtiveram ao participar de um esquema de corrupção de lavagem de dinheiro que fez um rombo nos cofres do Estado venezuelano.

Além disso, cada um deve pagar uma multa de US$ 75 mil.

Em dezembro de 2022, Díaz Guillén havia sido considerada culpada de duas das três acusações de lavagem de dinheiro contra ela em um tribunal da Flórida.

O marido dela, Adrián José Velásquez Figueroa, que foi chefe do Departamento de Segurança do palácio presidencial de Miraflores durante o governo de Chávez, foi considerado culpado das três acusações que pesavam contra ele.

A promotoria havia solicitado uma pena de 23 anos e 5 meses para ela, e de 19 anos e 5 meses para ele.

Da comitiva de Chávez para uma prisão nos EUA

Díaz Guillén foi membro da Guarda de Honra, órgão responsável pela segurança dos presidentes venezuelanos, e fez parte da equipe de médicos e enfermeiras que atendeu o falecido presidente, que acabou nomeando-a como tesoureira nacional, cargo no qual — de acordo com a promotoria dos EUA — conseguiu enriquecer por meio de um esquema de corrupção de lavagem de dinheiro.

O julgamento dela foi a conclusão de um processo judicial que veio à tona em 2018, quando o casal foi detido em Madri, na Espanha, onde morava, devido a um pedido de extradição das autoridades venezuelanas que os acusava de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.

Hugo Chávez

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Díaz Guillén foi enfermeira de Chávez e, posteriormente, tesoureira nacional
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O pedido de Caracas não foi bem-sucedido, mas em 2022 as autoridades espanholas deram sinal verde a um pedido de extradição apresentado pelos Estados Unidos.

Em entrevista à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, em dezembro de 2018, Díaz Guillén defendeu ter assumido esses cargos públicos por mérito próprio.

Ela explicou que, paralelamente à sua carreira militar, estudou para se formar em enfermagem e direito na Universidade Central da Venezuela.

Isso teria permitido a ela, depois de entrar para a Guarda de Honra em 2001, integrar a equipe de médicos e enfermeiros que cuidou de Chávez a partir de 2003.

Embora tenha ressaltado que seu relacionamento com o então presidente era "puramente profissional", ela enfatizou na entrevista que "durante os oito anos em que trabalhou diretamente com ele nas funções de enfermagem, foi criada uma relação de respeito e amizade".

Em 2011, ano em que Chávez foi diagnosticado com câncer, o presidente venezuelano nomeou Díaz Guillén como chefe do Tesouro Nacional e secretária-executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento (Fonden).

Ela permaneceu no cargo até março de 2013, quando foi afastada por Nicolás Maduro.

De acordo com a promotoria dos EUA, entre 2011 e 2013, Díaz Guillén recebeu pelo menos US$ 65 milhões em propina do empresário venezuelano Raúl Gorrín, dono do canal de notícias Globovisión, atualmente procurado pela Justiça americana.

Supostamente, o pagamento desses recursos teria o objetivo de permitir que Gorrín realizasse operações de câmbio dentro do estrito sistema de controle cambial estabelecido por Chávez na Venezuela.

Naquela época, dada a enorme diferença entre o preço oficial do dólar e a taxa não oficial, adquirir divisas ao preço preferencial fixado pelo governo e vendê-las no mercado paralelo era uma operação que podia gerar lucros substanciais.

Díaz Guillén enfrentava acusações de conspiração para lavagem de dinheiro e de lavagem de dinheiro. As autoridades americanas veem o marido dela como uma peça fundamental para essas operações, já que parte da propina teria sido paga por meio de transferências em seu nome ou de empresas de sua propriedade.

Diferentemente de muitos outros ex-funcionários do governo de Hugo Chávez que foram julgados nos Estados Unidos — como Alejandro Andrade, o tesoureiro nacional anterior —, Díaz Guillén não admitiu ser culpada dos crimes pelos quais foi acusada.

Os advogados do casal dizem que eles pretendem recorrer da sentença.