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Por Estúdio de Criação EGCN / Por Olga Penteado


Alimentos ricos em açúcar podem causar desordens na pele como rugas precoces (Foto: Getty Images/iStockphoto) — Foto: Vogue

A exposição solar e os produtos avançados de glicação, também chamamos de AGEs, são dois dos principais fatores que aceleram o envelhecimento cutâneo. Enquanto o primeiro é bastante conhecido, o segundo, relacionado à alimentação, ainda suscita dúvidas. “O carboidrato – ou açúcar – em excesso pode interagir com as proteínas e as gorduras dando origem aos AGEs, agentes que alteram as estruturas e funções do colágeno e da elastina, provocando desordens na pele como rugas precoces, flacidez e manchas”, explica a dermatologista Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista. “Somados aos radicais livres produzidos por também pela má alimentação, além de excesso de sol sem proteção, tabagismo e privação do sono, os AGEs levam ao estresse oxidativo, danificam os DNA das células e provocam menor atividade celular”, acrescenta Beatriz Lassance, cirurgiã plástica e membro do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.

Para proteger sua pele, os bons hábitos são a melhor aposta, entre eles, a alimentação natural, variada e equilibrada -- as proteínas, antioxidantes e agentes anti-inflamatórios são importantes na defesa contra os AGEs e os radicais livres. E não é só a beleza da pele que está em jogo, mas a saúde em geral. “Além de acelerar o envelhecimento cutâneo, o consumo exagerado de açúcar, frituras e alimentos ultraprocessados aumenta o risco de doenças metabólicas, como obesidade e diabetes, e cardiovasculares”, alerta Marcella Garcez Duarte, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia. Conheça, abaixo, os alimentos que podem provocar a glicação e os que nos protegem contra ela.

1. Açúcar

O excesso de açúcar em doces, bolos e biscoitos contribui para a formação de AGEs, prejudiciais ao colágeno, mas também está envolvido em processos inflamatórios, como a acne. “O ideal educar o paladar para consumir menos doces”, recomenda Marcella Garcez Duarte. Mesmos substitutos considerados mais saudáveis -- mel, açúcar de coco, mascavo, estévia --, devem ser consumidos com parcimônia. Para substituir os doces, as frutas frescas ou secas, adocicadas naturalmente, continuam sendo a melhor aposta.

2. Batata frita

Ninguém discute o sabor, mas as frituras causam a reação de glicação, com a formação de AGEs e aumentam a produção de radicais livres. “Além disso, as batatas fritas são servidas com muito sal, que desidrata a pele”, diz Beatriz Lassance. Uma dica é substituir a batata frita pela batata doce assada com um fio de azeite e uma pitada de sal marinho. Mandioca, mandioquinha, batata-baroa, cará e inhame também rendem chips assados mais saudáveis.

3. Pão branco

As farinhas, particularmente as refinadas, são açúcares e se comportam no organismo como tal. “Os pães feitos com farinha branca -- francês, de forma, croissant, entre outros -- também estão envolvidos no processo de glicação”, esclarece Beatriz Lassance. A recomendação é apostar nas versões integrais, com grãos que são fontes de fibras, e os de fermentação natural -- sempre em quantidade controlada.

4. Refeição rápida de micro-ondas

Com a popularização dos aplicativos para pedir comida, este tipo de prato pronto já não reina sozinho quando não há tempo para cozinhar, mas o alerta vale para todos os alimentos ultraprocessados, seja o hambúrguer de caixinha ou o do fast-food entregue em casa. “Além de aditivos químicos, pode haver alta concentração de sódio e carboidratos nesses produtos”, infroma Marcella Garcez Duarte. Algumas opções práticas e saudáveis: omelete com tomate e legumes; saladas com grãos, legumes, atum e tofu; sopas de verduras e peito de frango -- com ingredientes orgânicos, se possível.

5. Margarina

“Ela é uma gordura modificada que contém aditivos químicos que podem danificar o colágeno e a elastina, as proteínas de sustentação da pele, além de torná-la mais vulnerável à radiação ultravioleta”, informa Beatriz Lassance, que indica as melhores opções para substituir a margarina: pastas de abacate, de amendoim e de grão de bico, azeite de oliva, queijos magros e ricota. Segundo Marcella Garcez Duarte, até mesmo a manteiga é uma alternativa mais saudável.

6. Carne processada

Salsicha, calabresa, bacon e linguiça são exemplos de carnes processadas. “Ricas em sódio e gorduras saturadas, que desidratam a pele e enfraquecem o colágeno, causam também inflamação”, explica Beatriz Lassance. Elas podem ser substituídas por produtos feitos com proteínas vegetais (feijão, grão-de-bico, ervilha, soja) ou pelas versões artesanais com menos conservantes e sódio.

7. Suco industrializado

Em geral, traz açúcar, sódio e conservantes, uma combinação perigosa para acentuar os danos à pele. Mesmo o consumo de sucos de frutas in natura não é o melhor dos hábitos, segundo Marcella Garcez Duarte. “O ideal matar a sede com água e comer as frutas na sua integralidade, para se beneficiar das fibras”, recomenda a médica. Além disso, a concentração de açúcar é menor: in natura, consumimos uma laranja, contra três ou quatro espremidas num copo de suco.

8. Refrigerante

Não é exatamente um alimento, mas está presente nas refeições. Um artigo publicado recentemente no periódico JAMA (Journal of the American Medical Association), feito com mais de 450.000 indivíduos em 10 países, acompanhados por mais de 16 anos, descobriu que o consumo de refrigerantes adoçados com açúcar ou adoçantes artificiais pode estar associado às causas de envelhecimento acelerado, segundo Marcella Garcez Duarte. Vá de água mineral, natural ou gaseificada, com limão ou outra fruta cítrica, ricas em antioxidantes.

9. Álcool

Não são poucos os danos que causa à pele: vermelhidão, inchaço, perda de colágeno e rugas. “O álcool esgota a hidratação e os nutrientes, principalmente a vitamina A, especialmente importante para a produção de células cutâneas e de colágeno”, fala Beatriz Lassance. Mesmo o vinho tinto, que contém resveratrol, um poderoso antioxidante, inspira cuidados. “O consumo deve ser em pequena quantidade e por pessoas capazes de metabolizar o álcool, ou seja, o benefício do vinho tinto não é para todos”, alerta Marcella Garcez Duarte. Outras bebidas como destilados e cervejas não demonstraram os mesmos benefícios. Acompanhar o drink com água ajuda, pelo menos, a reidratar o organismo.