Moda
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Por Chantal Sordi


Looks da coleção de inverno 2019 da Studio 189 (Foto: Getty Images) — Foto: Vogue

Desde que levou o grande prêmio da última edição do CFDA + Lexus Fashion Initiative – programa de mentoria com duração de nove meses voltado aos novos talentos com propostas sustentáveis na moda –, a Studio 189 está a todo vapor. Fundada em 2016 pelas sócias (e melhores amigas) Abrima Erwiah e Rosario Dawson, a marca acabou de lançar uma coleção-cápsula de bolsas, camisetas e moletons para o pavilhão de Gana na Bienal de Veneza, assinado pelo arquiteto David Adjaye e pela cineasta Nana Oforiatta Ayim. “Esta é a primeira vez que o país foi convidado para a Bienal, então foi uma experiência emocionante”, diz Abrima, em entrevista à Vogue. Há ainda uma coleção especial para a Bloomingdale’s, com lançamento previsto para o próximo mês, assim como o desfile de verão 2020 da etiqueta, que será apresentado em setembro, em Nova York.

A ideia de lançar a Studio 189 (uma referência ao primeiro endereço de Abrima em Nova York) surgiu em meados de 2011, quando a jovem afro-americana ainda trabalhava como executiva de marketing na Bottega Veneta. “O que mais amava no mercado de luxo era o compromisso com o artesanato, a herança, a inovação, a qualidade e as técnicas transmitidas de geração para geração. Por outro lado, quando viajava a Gana, encontrava tantos artesãos com habilidades incríveis, mas que tinham dificuldade em acessar o mercado, se viam obrigados a vender suas criações por menos do que valiam e não eram tratados com dignidade. Parecia injusto, mas não sabia o que fazer.”

Após inúmeras visitas como voluntária a países africanos, entre eles Quênia, Ruanda e Congo, Abrima descobriu nesses locais uma forte relação entre moda e superação. “Vimos tantos exemplos de mulheres que conseguiram se reerguer das piores situações através de seus trabalhos artesanais”, diz. “Meninas que foram esposas de crianças-soldados, estupradas, passaram por tanta dificuldade... Queríamos honrar essas pessoas que encontraram sua força através da criatividade e da moda. Chamamos esse movimento de Fashion Rising.”

Abrima Erwiah (à esquerda) e Rosario Dawson. (Foto: Getty Images) — Foto: Vogue

Hoje Abrima divide seu tempo entre Gana (onde a marca tem duas lojas) e Nova York, e trabalha com diferentes artesãos africanos para desenvolver suas coleções, inspiradas na obra de artistas como Malick Sidibé, Jojo Abot, Yaa Pono, entre outros. “Cada comunidade se especializa em uma técnica, tais como tingimentos naturais, batik, tie-dye, ourivesaria, cestaria, tecelagem kente e de tear, contas de vidro reciclado, etc.” A Studio 189 também tem uma fábrica onde realiza treinamentos diversos – como alfaiataria, por exemplo – e produz seu próprio índigo, em parceria com uma fazenda local. “Nosso objetivo é construir uma grife de luxo que honre as tradições e seja inovadora, inclusa e diversificada, conectando pontos ao longo da cadeia para que possamos saber quem faz nossas roupas”, define Abrima. “Queremos ver os produtores e consumidores valorizados de forma justa e igual e trabalhar juntos para dar voz àqueles que são muitas vezes silenciados.”

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