Moda
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Por Paula Mello (@paulamello_)


A partir da esquerda, as versões da bolsa Capucines criadas por Nicholas Hlobo, Alex Israel e Jonas Wood, todas parte do novo projeto ArtyCap da Louis Vuitton (Foto: Paul Wetherell) — Foto: Vogue

Desde que Marc Jacobs (então diretor criativo da Louis Vuitton) convocou Stephen Sprouse para grafitar bolsas como a Keepall e a Speedy, em 2001, a grife francesa nunca mais deixou de flertar com o mundo das artes – de Takashi Murakami a Jeff Koons (que, há dois anos, customizou acessórios a partir de obras-primas de mestres como Leonardo da Vinci e Van Gogh), foram diversas e inesquecíveis as colaborações assinadas por artistas renomados, que deram perfume cool às it-bags icônicas da maison. As peças statement se tornaram históricas na moda e continuam atuais – Kendall Jenner foi clicada recentemente com o modelo Pochette de Sprouse, enquanto Bella Hadid resgatou a Keepall de cerejas de Murakami, lançada em 2005.

Este mês, a marca apresenta mais uma coleção que promete causar furor mundo afora (no Brasil, estará disponível sob encomenda). No novo projeto, batizado de ArtyCap, seis artistas contemporâneos foram convocados a fazer da bolsa Capucines sua própria tela em branco. Lançado em 2013, o modelo foi batizado em homenagem à rua de mesmo nome em Paris, onde a Vuitton inaugurou a sua primeira loja, em 1854.

Entre os eleitos está o americano Alex Israel, que desenvolveu as embalagens do recém-lançado trio de colônias da casa. Fascinado por Los Angeles, sua cidade natal, é lá que ele busca inspiração, da indústria do entretenimento às paisagens para os trabalhos com mood pop. Com a sua versão da Capucines não foi diferente: Alex imprimiu o clima californiano por meio de uma onda colorida que remete a uma das obras de sua série New Waves (2018). A referência foi transferida para o couro com técnicas de impressão digital de alta definição. “O mais emocionante para mim em fazer um projeto assim é que você consegue alcançar um novo público para o seu trabalho”, diz.

Bolsas desenvolvidas por Sam Falls e Urs Fischer. (Foto: Paul Wetherell) — Foto: Vogue

Completando o trio que vive em Los Angeles estão Jonas Wood e Sam Falls. Enquanto o primeiro escolheu uma das suas pinturas lúdicas e vibrantes de paisagens como protagonista de sua Capucines, Falls criou uma nova obra especialmente para o ArtyCap. Tendo como tema central a natureza, a técnica dele consiste em cobrir uma tela com materiais como flores e plantas sobre os quais são aplicados pigmentos. Após descansar ao ar livre, os elementos orgânicos do suporte são removidos, resultando em um desenho replicado em uma Capucines de jacquard.

Se Falls usou plantas, Urs Fischer optou por frutas e vegetais. O suíço baseado em Nova York já é velho conhecido da marca: algumas de suas criações foram a fonte de inspiração de Ghesquierè para as estampas da coleção de cruise 2016, desf ilada em Palm Springs. Para o projeto, Fischer desenvolveu pingentes hiper-realistas e divertidos, de bananas a cenouras e até um ovo (elementos recorrentes em suas telas e esculturas), que decoram uma bolsa minimalista, toda branca. “São apenas coisas bonitas da natureza. Elas são em si mesmas formas perfeitas, então não havia mais nada a acrescentar”, explica.

O modelo assinado por Tschabalala Self (Foto: Paul Wetherell) — Foto: Vogue

Única mulher a integrar o projeto, a americana Tschabalala Self levou para a bolsa as colagens e patchworks característicos de sua obra, que reflete sobre o significado iconográfico do corpo feminino negro na cultura contemporânea americana. Tschabalala desconstruiu a flor-símbolo da Vuitton em diversos formatos, desenvolvidos com sobras de couro dos ateliês da maison. O monograma foi também a inspiração do sul-africano Nicholas Hlobo, que discute a relação com o país natal, sua etnia e identidade de gênero por meio da arte. “Minhas esculturas são criadas comcouro, pneu e tubos de cobre – e quis espelhar na bolsa a maneira que uso essas diferentes matérias-primas”, conta. Hlobo fez uma reinterpretação das f lores em patches de couro azul, costurados artesanalmente em uma Capucines preta para dar a ideia de que “cresceram” de dentro do acessório. Através do savoir-faire inovador da maison, Hlobo conseguiu criar exatamente o que queria, assimcomo os cinco outros artistas, que transformaram a Capucines numa verdadeira obra de arte para ser carregada por aí.

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