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Por Duda Leite


Yalitza Aparicio na capa da Vogue México de janeiro deste ano (Foto: Santiago & Mauricio ) — Foto: Vogue

Talvez o nome de Yalitza Aparicio ainda não signifique muito para você. Mas ela é, sem dúvida, a grande surpresa do cinema. Estrela do cult Roma, de Alfonso Cuarón (produção da Netflix), é uma das cinco indicadas ao Oscar de melhor atriz, ao lado de Glenn Close, Lady Gaga, Olivia Colman e Melissa McCarthy. “É maravilhoso estar lado a lado com atrizes tão talentosas”, diz Yalitza, em entrevista à Vogue Brasil. Ela é a segunda atriz mexicana a concorrer nessa categoria – a pioneira foi Salma Hayek, em 2003, por Frida – e a primeira de origem indígena.

A história de como Yalitza foi descoberta já daria um filme: ela estudava para ser professora na pequena cidade de Tlaxiaco, no estado de Oaxaca, quando sua irmã Edith lhe falou sobre um teste de casting para um projeto secreto. Como estava grávida, pediu que Yalitza fosse no seu lugar.

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Cuarón, que já havia visto mais de 3.000 candidatas após meses de buscas, deparou-se com Yalitza e a chamou para uma entrevista presencial. Ela foi então escolhida para viver a doméstica Cleo, inspirada em Libo, a empregada do diretor quando criança, no filme autobiográfico.

Yalitza não fazia ideia de quem era Cuarón – um dos diretores mais famosos do México, que em 2013 enviou Sandra Bullock para o espaço em Gravidade e ganhou um Oscar pelo trabalho. “Jamais havia ouvido falar dele”, diz.

Por não ser atriz, também não estranhou a falta de roteiro – as cenas eram entregues no dia da filmagem. “Nunca sabia o que ia acontecer, mas Cuarón dizia exatamente o que eu precisava ouvir para trazer as emoções que eu tinha que expressar.” Afinal, segundo a própria “a vida também não tem um roteiro”. E, qual foi a cena mais difícil? “O momento final na praia. Fiquei com muito medo de me afogar ou que uma das crianças se afogasse”, confessa.

Em janeiro, ao estampar a capa da Vogue mexicana, Yalitza se tornou a primeira indígena a ocupar este posto. “Espero que essa exposição ajude a mostrar a diversidade étnica do México e é justamente isso o que torna este país incrível.” E acrescenta: “Somos muito talentosos e não cumprimos apenas os papéis que nos foram designados. Podemos fazer belos trabalhos em qualquer área”.

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Yalitza Aparicio na capa da Vogue México de janeiro deste ano (Foto: Santiago & Mauricio ) — Foto: Vogue

Um dos temas principais do filme é a relação entre empregadas domésticas e suas patroas, nos anos 70, no bairro de classe média de Roma, na Cidade do México, que dá título ao filme. “É importante que se fale sobre este vínculo. Sei que é algo que toca muitas pessoas.”

Inclusive ela, já que sua mãe é empregada doméstica e costumava levar a pequena Yalitza ao serviço durante boa parte de sua infância. “A experiência da minha mãe me ajudou muito a criar a personagem de Cleo”, diz a atriz, que pretende usar o dinheiro que ganhou como filme para ajudar a mãe a sair dessa profissão. “Trabalhar como empregada doméstica é muito exaustivo.” Não à toa, ela cita Histórias Cruzadas, que possui temática similar, como seu filme favorito.

Fã assumida de Glenn Close, Yalitza tem uma relação low profile com a moda. “Não entendo muito. Minha stylist seleciona os looks. Gosto mesmo de usar o básico”, conta ela, que tem aparecido nos red carpets a bordo de looks Miu Miu, Prada e Dior.

Enquanto aguarda novos convites para o cinema, cumpre a agenda de divulgação de Roma e ainda espera realizar o sonho de dar aulas. “Tinha acabado de me formar quando fui escolhida para o filme”, diz a jovem estrela de 25 anos. Uma coisa é certa: seja na sala de aula ou nas telas, Yalitza nasceu para brilhar.

Edição de moda: Pamela Ocampo
Produção Executiva: Regina Montemayor

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